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Informações da Prova Questões por Disciplina TRE - Amapá - Técnico Judiciário - Apoio Técnico-Especializado - Programação de Sistemas - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2011 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

Folha de S.Paulo

1     A França, berço da tríade de valores modernos de liberdade,
2     igualdade e fraternidade, deu passo temerário ao
3     proibir o uso, em espaços públicos, de véus que cubram
4     totalmente o rosto. Trata-se de uma manifestação de intolerância
5     difícil de reconciliar com os valores que a nação
6     francesa veio a representar no mundo.
7     Na prática, a proibição criminaliza o porte de indumentárias
8     tradicionais em alguns grupos muçulmanos, como o
9     niqab (que deixa só os olhos à mostra) e a burca (que os
10    mantém cobertos por uma tela). A legislação adotada em
11    2010 entrou em vigor nesta semana e já motivou a aplicação
12    de uma multa de cerca de R$ 340.
13    A lei interdita o uso de vestimentas que impeçam a
14    identificação da pessoa, sob o pretexto de que essa dissimulação
15    pode favorecer comportamentos suscetíveis de
16    perturbar a ordem pública. Vale para ruas, parques, escolas,
17    repartições, bibliotecas, hospitais, delegacias e ginásios
18    de esporte. Domicílios, veículos particulares e locais
19    de culto ficam excetuados.
20    Nesse grau de generalidade, a lei se aplicaria a qualquer
21    acessório - como máscaras ou capacetes - que oculte
22    o rosto. A intenção de discriminar muçulmanas transparece
23    quando se considera a exceção feita na lei: máscaras
24    usadas no contexto de festas, manifestações artísticas ou
25    procissões religiosas, "desde que se revistam de caráter
26    tradicional".
27    Cristãos, portanto, podem cobrir o rosto no Carnaval,
28    no Halloween ou em procissões. Muçulmanas, no dia a
29    dia, não - ainda que a peça seja de uso tradicional. O argumento
30    da obrigatoriedade de identificação é ponderável.
31    A própria legislação admite que a identidade seja confirmada
32    em recinto policial. A imposição de multa, porém, parece
33    abusiva.
34    A roupa e o uso de adereços - como crucifixos ou outros
35    símbolos religiosos - deveriam ser considerados parte integrante
36    do direito à expressão da personalidade, o que inclui
37    a fé. Decerto que em muitos casos o uso do véu é imposto
38    pela família e pode ser um símbolo de sujeição da
39    mulher, mas basta uma que o faça por vontade própria
40    para que a lei resulte em violação de seus direitos.
41    A medida extrema só encontra explicação no sentimento
42    xenófobo que se dissemina pela França. Vem a calhar
43    para o presidente Nicolas Sarkozy, que parece disposto
44    a tudo para melhorar seus índices de popularidade.

(Folha de S.Paulo. Opinião. 13 de abril de 2011)

1 -

O título que dá conta do assunto tratado com prioridade no texto é:

a)

Privilégios dos cristãos.

b)

Intolerância à francesa.

c)

Datas religiosas e pagãs.

d)

Índices de popularidade de Nicolas Sarkozy.

e)

Lugares públicos e privados.

2 -

O autor do editorial, ao:

a)

referir-se a berço (linha 1), reconhece a França como origem de valores fundamentais, mas, ao mencionar modernos (linha 1), critica o anacronismo da tríade (linha 1)

b)

falar em intolerância (linhas 4 e 5), toma como ponto de referência a cultura europeia contemporânea, que ele considera nada dever à tradição francesa.

c)

caracterizar passo (linha 2), manifesta uma avaliação pessoal sobre a lei francesa, passando a fundamentar sua apreciação ao longo do texto.

d)

mencionar niqab e burca (linha 9), defende que, na realidade, essas indumentárias são símbolos dos crimes praticados por certos grupos muçulmanos.

e)

citar a legislação adotada em 2010 (linhas 10 e 11), inicia a argumentação que desabonará totalmente a lei que trata do uso de véus, visto que essa lei não preceitua nada que mereça séria consideração.

3 -

No aproveitamento que o autor fez da ideia, o grau de generalidade citado (linha 20) remete mais especificamente à não:

a)

citação do número da lei (linha 13).

b)

identificação da pessoa (linha 14).

c)

caracterização da forma como a lei interdita (linha 13).

d)

definição do pretexto (linha 14).

e)

especificação de vestimentas (linha 13).

4 -

A expressão do texto que está corretamente entendida é:

a)

(linhas 4 e 5) manifestação de intolerância difícil de reconciliar / forma de repressão que se manifesta pela dificuldade de conciliação com as pessoas.

b)

(linhas 5 e 6) valores que a nação francesa veio a representar no mundo / qualidades francesas que poderiam se tornar símbolos mundiais.

c)

(linhas 7 e 8) a proibição criminaliza o porte de indumentárias tradicionais / a interdição acaba produzindo o crime de porte ilegal de indumentárias tradicionais.

d)

(linhas 14 e 15) sob o pretexto de que essa dissimuação / com a alegação de que essa ocultação.

e)

(linhas 15 e 16) pode favorecer comportamentos suscetíveis de perturbar a ordem pública / favoreceria comportamentos passíveis de atentar contra regimes democráticos.

5 -

A própria legislação admite que a identidade seja confirmada em recinto policial. A imposição de multa, porém, parece abusiva.

Propõe-se a organização das frases acima num só bloco, iniciado por "A imposição de multa parece abusiva". Para que o sentido original se mantenha, as frases terão de ser conectadas por meio de:

a)

ainda que.

b)

mas.

c)

dado que.

d)

contanto que.

e)

visto que.

Pontuação
6 -

É correto afirmar:

a)

Os parênteses (linhas 9 e 10), nos dois casos, acolhem retificação do significado comumente atribuído às palavras niqab e burca.

b)

Os termos separados por vírgulas e unidos pelo e (linhas 16 a 18) - Vale para ruas [...] e ginásios de esporte - formam sequência que vai do ambiente menor para o maior.

c)

As aspas (linhas 25 e 26) indicam que o autor do segmento não é o editorialista.

d)

O travessão depois da palavra não (linha 29) é exigência, pois ele sinaliza que a expressão podem cobrir foi suprimida.

e)

Os travessões (linhas 34 e 35) isolam uma comparação, alojando os termos considerados superiores aos demais.

Interpretação de Textos
7 -

O segmento que expressa ponto de vista normativo por parte do editorialista é:

a)

A França, berço da tríade de valores modernos de liberdade, igualdade e fraternidade, deu passo temerário...

b)

Na prática, a proibição criminaliza o porte de indumentárias tradicionais em alguns grupos muçulmanos...

c)

A legislação adotada em 2010 entrou em vigor nesta semana...

d)

A imposição de multa, porém, parece abusiva.

e)

A roupa e o uso de adereços - como crucifixos ou outros símbolos religiosos - deveriam ser considerados parte integrante do direito à expressão da personalidade...

8 -

Decerto que em muitos casos o uso do véu é imposto pela família e pode ser um símbolo de sujeição da mulher, mas basta uma que o faça por vontade própria para que a lei resulte em violação de seus direitos.

Considerado o trecho acima, em seu contexto, é legítimo afirmar:

a)

O emprego de “"Certamente”", no lugar de Decerto, expressaria a ideia de certeza, não encontrada no trecho.

b)

Transpondo o uso do véu é imposto pela família para a voz ativa, a forma verbal obtida é “impõe”.

c)

A ausência de vírgula após muitos casos constitui deslize do autor, pois, nesse específico contexto, ela é obrigatória.

d)

Se, em vez de uma, fossem consideradas "“duas mulheres”", o segmento estaria correto assim “"mas basta duas que os faça...”."

e)

A expressão para que introduz a finalidade de uma ação, finalidade que o autor considera desejável.

Emprego dos tempos e modos verbais
9 -

O modo verbal que faz referência a um evento incerto está presente em:

a)

(linhas 22 e 23) transparece.

b)

(linha 23) considera.

c)

(linha 25) revistam.

d)

(linhas 36 e 37) inclui.

e)

(linha 39) basta.

Compreensão e Interpretação de Textos
10 -

A medida extrema só encontra explicação no sentimento xenófobo que se dissemina pela França. Vem a calhar para o presidente Nicolas Sarkozy, que parece disposto a tudo para melhorar seus índices de popularidade.

No que se refere ao trecho acima, em seu contexto, é correto afirmar:

(Questão anulada)
a)

Substituindo só encontra explicação no sentimento xenófobo por “"só se explica pelo sentimento xenófobo"”, o sentido e a correção originais são preservados.

b)

A palavra xenófobo está grafada corretamente, assim como ocorre com "xecar"”.

c)

O segmento que se dissemina pela França corresponde à formulação “"que a França dissemina"”.

d)

O pronome seus remete à França.

e)

Se em vez de para melhorar fosse usada a forma “"para que melhore”", a correção da frase estaria garantida.

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