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Informações da Prova Questões por Disciplina Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Espírito Santo - Advogado - CESPE - UnB - 2010 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

Sobre Tempo e História

1 É evidente que vivemos em um momento prodigioso

2 da técnica, com transformações profundas das noções de espaço

3 e tempo; mas a política do espírito não acompanha esse

4 alargamento do mundo: pelo contrário, vemos dominar no

5 homem o encolhimento das fronteiras éticas e o esquecimento

6 de algumas ideias essenciais que fundam o humanismo. Nada

7 vemos de semelhante ao que aconteceu, no plano das ideias, em

8 outro momento de grandes transformações da técnica e também

9 de grandes descobertas — o século XVI —, com o

10 renascimento de um mundo esquecido e das doutrinas dos

11 velhos filósofos da Grécia e do Oriente, e, com elas, a crítica e

12 a dissolução de antigas crenças que davam ao homem

13 “a  certeza do saber e a segurança da ação”. Na época dos

14 descobrimentos, dos Renascimentos, das incertezas, o espaço

15 tornou-se uma pluralidade de espaços; o tempo, uma

16 pluralidade de tempos. Hoje, quando predominam as

17 estatísticas como definidoras e reguladoras da vida social e

18 política, as verdades matemáticas são inquestionáveis, até

19 mesmo nos sonhos. Espaço e tempo tornam-se unidades

20 sistematizadas. Portanto, esta concepção engendra e é, ao

21 mesmo tempo, engendrada pela ideia de sistema, que é a plena

22 realização da racionalidade contemporânea. 

Adauto Novaes.  Sobre tempo e história.

In: Adauto

Novaes (Org.). Tempo e história. São Paulo: Companhia

das Letras,p.14-5(com adaptações)  

1 -

Assinale a opção correta a respeito do uso das expressões na organização dos argumentos no texto:

a)

No desenvolvimento da argumentação, a expressão “esse alargamento” (l.3-4) representa uma visão positiva de mundo, em oposição a “encolhimento das fronteiras” (l.5), que remete à visão negativa de “um mundo esquecido” (l.10).

b)

A argumentação do texto ressalta como a falta de atenção ao “plano das ideias” (l.7), no século XVI, resultou em uma lacuna tecnológica que o século XXI não deve repetir.

c)

A expressão “outro momento” (l.8) associa a “época dos descobrimentos, dos Renascimentos” (l.13-14) ao atual “momento prodigioso da técnica” (l.1-2) pela ideia de grandes e profundas transformações.

d)

Por meio da expressão “esta concepção” (l.20), resume-se, no texto, a ideia de espaços e tempos pluralizados, diversificados, multiplicados e regulados pela técnica.

e)

Infere-se que a ideia de “sistema” (l.21) que sustenta a argumentação do texto representa uma herança clássica dos “velhos filósofos da Grécia e do Oriente” (l.11).

Pontuação
2 -

Assinale a opção correta a respeito do uso dos sinais de pontuação no texto:

a)

A oposição de ideias introduzida pela conjunção “mas” (l.3) impede que, em lugar do ponto e vírgula (l.3), seja utilizado o sinal de ponto; por outro lado, o uso da vírgula depois de “técnica” (l.2) também impede que, no lugar de ponto e vírgula (l.3), seja usada outra vírgula.

b)

Na linha 4, sinal de dois-pontos depois de “mundo” introduz uma ideia que explica a afirmação da oração anterior, mas sua substituição pelo sinal de ponto preservaria a coerência e a correção gramatical do texto, desde que fossem feitos os ajustes na letra inicial de “pelo”.

c)

A inserção da informação marcada pelos dois travessões, na linha 9, também poderia ser marcada por sinais de parênteses, sem prejudicar a coerência e a correção do texto; nesse caso, seria obrigatória a retirada da vírgula que segue o segundo travessão.

d)

O uso das aspas, na linha 13, assinala uma das citações de um dos “velhos filósofos” (l.11) que orienta a argumentação do texto na retomada de conceitos históricos.

e)

A retirada da vírgula que se segue a “Hoje” (l.16) preservaria a coerência e a correção gramatical do texto, pois seu uso não é obrigatório.

Reescritura de texto
3 -

Assinale a opção correta a respeito das alterações propostas para as estruturas linguísticas do texto:

a)

O deslocamento de “dominar no homem” (l.4-5) para o final do período sintático em que ocorre, depois de “humanismo” (l.6), preserva as relações de significação entre os termos e a correção gramatical do texto, desde que seja usada uma vírgula depois de “humanismo”.

b)

Na linha 7, as relações de regência entre "“semelhante"” e “"aconteceu”" permitem que o trecho "“ao que"” seja substituído por àquilo que, sem prejudicar a coerência nem a correção gramatical do texto.

c)

A preposição na expressão “com o renascimento” (l.9-10) introduz uma ideia de causa para as "“grandes transformações"” (l.8); por isso, a reescrita como devido o renascimento preservaria a coerência e a correção gramatical do texto.

d)

Em “"o espaço tornou-se uma pluralidade de espaços"” (l.14-15), o deslocamento do pronome para antes da forma verbal violaria as regras gramaticais.

e)

No desenvolvimento do texto, a retirada da conjunção "“quando"” (l.16) provocaria erro na estrutura gramatical do período sintático, mas preservaria as relações significativas e a coerência entre os argumentos.

Coesão e Coerência

Um Planeta Febril

1 O padrão de desenvolvimento em vigor é danoso ao

2 meio ambiente e insustentável. E esse problema só pode ser

3 resolvido por meio da mudança de comportamento, que, por

4 sua vez, só pode ser obtida quando há uma confluência de

5 fatores concatenados. É preciso articular uma ampla estratégia

6 que prevê ações em vários níveis que não enfocam apenas a

7 sensibilização do cidadão. Mudar comportamentos é algo

8 penoso e difícil, que encontra resistência por envolver fatores

9 e hábitos culturais. Se realmente queremos mudar as práticas

10 vigentes e identificar um novo modelo de civilização, temos de

11 promover ações contundentes nas esferas do mercado e do

12 Estado, com investimentos, políticas públicas, responsabilidade

13 socioambiental corporativa, capacitação e alternativas que

viabilizem a mudança de atitude.

Russell A. Mittermeyer.  Um planeta febril.  In:

Istoé, 23/12/2009, p. 117 (com adaptações)

4 -

De acordo com as relações de coesão e coerência do texto:

a)

a expressão “danoso ao meio ambiente” (l.1-2) e o vocábulo “insustentável” (l.2) estão em relação de sinonímia.

b)

a ideia de “mudança de comportamento” (l.3) é causa da “confluência de fatores concatenados” (l.4-5).

c)

as duas ocorrências do termo “fatores” (l.5 e 8) remetem à mesma ideia: de fator “danoso ao meio ambiente” (l.1-2).

d)

a “sensibilização do cidadão” (l.7) não faz parte das ações estratégicas de mudança de comportamento.

e)

a promoção de “ações contundentes” (l.11) constitui uma condição para a mudança das “práticas vigentes” (l.9-10).

Pronomes: Emprego, Formas de Tratamento e Colocação
5 -

Nas relações de coesão construídas na progressão textual, o pronome que:

a)

na linha 3, refere-se a “esse problema” (l.2).

b)

em “que prevê” (l.6), refere-se a “mudança de comportamento” (l.3).

c)

na linha 6, segunda ocorrência, refere-se a “ampla estratégia” (l.5).

d)

na linha 8, refere-se tanto a “algo” (l.7) quanto a “Mudar comportamentos” (l.7).

e)

na linha 13, refere-se tanto a “ações contundentes” (l.11) quanto a “políticas públicas” (l.12).

Interpretação de Textos

A Tecnologia

1 A tecnologia passou a dominar não apenas o

2 comércio, as cidades, a vida cotidiana e a intimidade do

3 homem, mas foi além: transformou-se na linguagem do mundo

4 contemporâneo, nossa mediação universal. Como sistema

5 universal, a História — da mesma maneira que as ciências, as

6 artes e a política — é vista da mesma perspectiva, isto é, por

7 meio de um conjunto de regras de conhecimentos, geralmente

8 quantificados, que valem de forma diferenciada para todas as

9 dimensões do real. 

10 É impossível despojar o mundo das suas

11 ambiguidades, paradoxos e enigmas, e dominá-lo plenamente

12 por meio da racionalidade técnica e de forma sistemática. Em

13 vez de habitar o mundo, acolhê-lo, viver no meio dos

14 acontecimentos, o homem moderno tem a pretensão de

15 dominá-lo pela técnica. Mas ele não se dá conta de que essa

16 pretensão é o que o transforma no escravo moderno: dominado

17 por causas exteriores, o homem perde a prudência e age como

18 qualquer ser passional, isto é, tudo o que ele faz só faz porque

19 é levado pelos acontecimentos.

Idem, ibidem (com adaptações)

6 -

Assinale a opção que expressa a tese, a ideia central do texto:

a)

Ao se transformar “na linguagem do mundo contemporâneo” (l.3-4), a tecnologia pode fazer do homem um “escravo moderno” (l.16).

b)

A História é considerada um sistema, “da mesma maneira que as ciências, as artes e a política” (l.5-6), quando usa “um conjunto de regras de conhecimentos” (l.7) para interpretar o real.

c)

Apenas a racionalidade técnica e o conhecimento sistematizado constituem uma perspectiva científica capaz de interpretar as “ambiguidades, paradoxos e enigmas” (l.11) do mundo.

d)

Com o objetivo de viver os acontecimentos, o homem estabelece “um conjunto de regras de conhecimentos, geralmente quantificados” (l.7-8) para criar tecnologia.

e)

Os acontecimentos é que direcionam o comportamento humano, seja pela racionalidade técnica, seja pela ação passional, pois o homem é “dominado por causas exteriores” (l.16-17).

7 -

Considerando o uso das estruturas linguísticas no texto, assinale a opção correta:

a)

A expressão “da mesma maneira” (l.5) estabelece uma comparação entre o “sistema universal” (l.4-5) e o “conjunto de regras de conhecimentos” (l.7).

b)

A expressão “por meio de” (l.6-7) e o vocábulo “pela” (l.15) atribuem a ideia de instrumento, respectivamente, a “um conjunto de regras” (l.7) e a “técnica” (l.15).

c)

Os pronomes em “dominá-lo” (l.11) e em “o transforma” (l.16) referem-se a “mundo”, respectivamente, nas linhas 10 e 13.

d)

Na linha 12, a repetição da preposição de, que precede “racionalidade técnica” e “forma sistemática”, indica que se trata de dois complementos para a expressão “por meio”.

e)

A preposição de, em “dos acontecimentos” (l.13-14), corresponde à preposição a e por ela pode ser substituída, sem prejudicar a correção e a coerência do texto.

Tecnologia e Sociedade

1 Afirma-se que a inovação e, particularmente, seus

2 produtos tecnológicos estimulam a competitividade e, dessa

3 forma, contribuem para o crescimento econômico do país.

4 Consequentemente, a competitividade é erigida em valor

5 supremo da vida social, como se fosse uma lei da natureza

6 imanente à espécie humana. Omite-se, propositadamente,

7 que o mais longo período da história da vida humana foi

8 orientado pela cooperação e solidariedade, valores

9 fundamentais para a sobrevivência da espécie. A ideologia

10 da competição e produtividade faz parte de uma visão de

11 mundo dominada pela corrida atrás da acumulação de

12 capitais e do enriquecimento ilimitado, nem sempre por

13 meios civilizados e legítimos. Para a sociedade,

14 coletivamente, só haverá vantagens na busca de maior

15 produtividade quando seus resultados forem distribuídos

16 para elevar o nível de bem-estar coletivo. Isso pode ser

17 atingido mediante a elevação proporcional dos salários, a

18 redução dos preços de bens e serviços ou o aumento de

19 investimentos dos lucros gerados, na expansão do sistema

20 produtivo. Deixemos bem claro: não se discute aqui a

21 necessidade de tecnologia nas sociedades contemporâneas,

22 mas a condição de que esta seja ambientalmente segura,

23 socialmente benéfica (para todos) e eticamente aceitável.

Henrique Rattner.  Tecnologia e sociedade.  In: Internet:

<www.espacoacademico.com.br> (com adaptações)

8 -

Assinale a opção correspondente à estrutura linguística que, no desenvolvimento do texto, inclui o posicionamento do autor na argumentação:

a)

“Afirma-se” (l.1)

b)

“é erigida” (l.4)

c)

“como se fosse” (l.5)

d)

“Omite-se” (l.6)

e)

“não se discute” (l.20)

Coesão e Coerência
9 -

A coerência e a correção gramatical do texto seriam mantidas ao se substituir:

a)

“erigida em valor supremo” (l.4-5) por erigida valor supremo.

b)

“fundamentais para a sobrevivência” (l.9) por fundamentais a sobrevivência.

c)

“só haverᔠ(l.14) por só existirá.

d)

“atingido mediante a elevação” (l.17) por atingido pela elevação.

e)

“condição de que esta seja” (l.22) por condição que esta seja.

Regência Nominal e Verbal
10 -

Julgue os itens abaixo, relativos ao emprego das estruturas linguísticas do texto.

I A vírgula logo depois de "solidariedade" (l.8) é obrigatória porque a oração que a segue tem valor explicativo e corresponde a que são valores (...).

II Na linha 10, preserva-se a coerência textual ao se inserir da antes de "produtividade"; mas, para se preservar a correção gramatical, será necessário mudar "faz" para fazem.

III Para a coerência dos argumentos no texto, é indiferente o uso de "quando" (l.15) ou de se, em seu lugar, pois o período sintático preserva a ideia de condição.

IV Seriam mantidas as relações entre os argumentos se, em lugar de "ou" (l.18), antes do último termo da enumeração, fosse usado e; mas a desvantagem seria a repetição do mesmo conectivo.

V O valor explicativo da oração que se segue aos dois-pontos, na linha 20, seria preservado se, em lugar da pontuação, fosse usado o conectivo que.

Estão certos apenas os itens:

a)

I, II e IV.

b)

I, II e V.

c)

I, III e V.

d)

II, III e IV.

e)

III, IV e V.

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