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Informações da Prova Questões por Disciplina Tribunal de Contas do Estado - TCE - Alagoas - Analista de Sistemas - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2008 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

Propósitos e liberdade

Desde que nascemos e a nossa vida começou, não há mais nenhum ponto zero possível. Não há como começar do nada. Talvez seja isso que torna tão difícil cumprir propósitos de Ano Novo. E, a bem da verdade, o que dificulta realizar qualquer novo propósito, em qualquer tempo.

O passado é como argila que nos molda e a que estamos presos, embora chamados imperiosamente pelo futuro. Não escapamos do tempo, não escapamos da nossa história. Somos pressionados pela realidade e pelos desejos. Como pode o ser humano ser livre se ele está inexoravelmente premido por seus anseios e amarrado ao enredo de sua vida? Para muitos filósofos, é nesse conflito que está o problema da nossa liberdade.

Alguns tentam resolver esse dilema afirmando que a liberdade é a nossa capacidade de escolher, a que chamam livre-arbítrio. Liberdade se traduziria por ponderar e eleger entre o que quero e o que não quero ou entre o bem e o mal, por exemplo. Liberdade seria, portanto, sinônimo de decisão. Prefiro a interpretação de outros pensadores, que nos dizem que somos livres quando agimos. E agir é iniciar uma nova cadeia de acontecimentos, por mais atrelados que estejamos a uma ordem anterior. Liberdade é, então, começar o improvável e o impensável. É sobrepujar hábitos, crenças, determinações, medos, preconceitos. Ser livre é tomar a iniciativa de principiar novas possibilidades. Desamarrar. Abrir novos tempos.

Nossa história e nosso passado não são nem cargas indesejadas, nem determinações absolutas. Sem eles, não teríamos de onde sair, nem para onde nos projetar. Sem passado e sem história, quem seríamos? Mas não é porque não pudemos (fazer, falar, mudar, enfrentar...) que jamais poderemos. Nossa capacidade de dar um novo início para as mesmas coisas e situações é nosso poder original e está na raiz da nossa condição humana. É ela que dá à vida uma direção e um destino. Somos livres quando, ao agir, recomeçamos.

Nossos gestos e palavras, mesmo inconscientes e involuntários, sempre destinam nossas vidas para algum lugar. A função dos propósitos é transformar esse agir, que cria destinos, numa ação consciente e voluntária. Sua tarefa é a de romper com a casualidade aparente da vida e apagar a impressão de que uma mão dirige nossa existência.

Os propósitos nos devolvem a autoria da vida.

(Dulce Critelli. Folha de São Paulo, 24/01/2008)

1 -

A autora defende a tese de que afirmamos nossa liberdade quando:

a)

formulamos propósitos que nos libertam plenamente de nossas memórias e das experiências vividas.

b)

formulamos a intenção de agir para provar nossa capacidade de dominar e exercer o nosso livre-arbítrio.

c)

passamos a agir com a determinação de abrir caminhos que representem novas possibilidades.

d)

condicionamos nossas ações à personalidade que viemos constituindo e cristalizando ao longo da vida.

e)

orientamos nossa ação pela escolha de valores definidos previamente como imperativos morais.

2 -

Considere as seguintes afirmações:

I. Ao sustentar que Não há como começar do nada, a autora deixa implícito que somos fatalmente conduzidos para um destino já traçado.

II. O conflito que, para muitos filósofos, se traduz como problema da nossa liberdade é o que se estabelece entre as amarras do passado e o anseio de ser livre.

III. O fracasso em iniciativas passadas não deve impedir que as retomemos, pois é essa insistência que atesta nossa liberdade.

Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em:

a)

I.

b)

II.

c)

III.

d)

I e II.

e)

II e III.

3 -

Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma expressão do texto em:

a)

argila que nos molda = barro a que impomos forma.

b)

inexoravelmente premido = indiscutivelmente atento.

c)

na raiz da nossa condição humana = nossa radical condicionalidade.

d)

determinações absolutas = condicionantes irrevogáveis.

e)

romper com a casualidade = desconsiderar a causa.

4 -

Ao dar ênfase ao caráter consciente e voluntário dos nossos propósitos, a autora coloca-se contra:

a)

a subordinação nossa à força dos acasos.

b)

a tentação de sobrepujarmos fortes determinações.

c)

a nossa tendência para retomar antigas iniciativas.

d)

o caprichoso hábito de nunca voltarmos atrás.

e)

a possibilidade de nos valermos do livre-arbítrio.

Pronomes: Emprego, Formas de Tratamento e Colocação
5 -

Considerando-se o contexto, na frase É ela que dá à vida uma direção e um destino, o pronome sublinhado está diretamente vinculado à expressão:

a)

(...) raiz da nossa condição humana.

b)

Nossa capacidade de dar um novo início (...)

c)

(...) nossa condição humana.

d)

Nossa história (...)

e)

(...) uma nova cadeia de acontecimentos (...)

Concordância Nominal e Verbal
6 -

Estão plenamente respeitadas as normas de concordância verbal na frase:

a)

É muito difícil que se cumpra os propósitos que, invariavelmente, se formula a cada início de ano.

b)

Enredam-se nas tramas das próprias memórias todo aquele que não busca abrir, para si mesmo, novos tempos e novas experiências.

c)

A cada vez que dá impulso a uma nova cadeia de acontecimentos, os homens se tornam autores de seu próprio destino.

d)

Não deveriam caber às pessoas tomar suas próprias iniciativas, em vez de se submeterem à força do acaso?

e)

Aos que não submete a força imperiosa das experiências passadas estende-se a possibilidade de abrir novos tempos.

Interpretação de Textos
7 -

A autora poderia ter optado, corretamente, pela seguinte redação da frase em que formula sua preferência:

a)

Prefiro muito mais a interpretação destes pensadores do que àqueles.

b)

A minha preferência é mais da interpretação destes pensadores que a daqueles.

c)

À interpretação daqueles pensadores não tenho como deixar de preferir a destes.

d)

Prefiro à destes, em vez da interpretação daqueles pensadores.

e)

É para mim preferível, em vez da interpretação daqueles pensadores, à que defendem estes.

Compreensão e Interpretação de Textos
8 -

Nossos gestos e palavras, mesmo inconscientes e involuntários, sempre destinam nossas vidas para algum lugar.

A palavra sublinhada na frase acima está empregada com função e sentido diferentes em:

a)

É comum que o mesmo homem que enuncia novos propósitos logo renuncie a eles.

b)

Não me submeto ao destino, mesmo quando intimidado pelos fatos.

c)

Mesmo submetido a fortes pressões, ele não hesita em abrir caminhos.

d)

Mesmo sabendo que não serão cumpridos, vivemos formulando novos propósitos.

e)

Crê na mão que conduz o destino mesmo quem reconhece que isso leva à extrema passividade.

Emprego das Classes de Palavras
9 -

É a liberdade que dá à vida uma direção.

O termo sublinhado na frase acima exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em:

a)

Sem passado e sem história, poderíamos ser livres?

b)

Liberdade seria, a meu ver, um sinônimo de decisão.

c)

Somos livres a cada vez que, agindo, recomeçamos.

d)

Liberdade seria, pois, começar o improvável.

e)

A liberdade nos liberta, o passado é argila que nos molda.

Reescritura de texto
10 -

Numa outra redação de um segmento do 5.º parágrafo do texto, estará correta e coerente com o sentido original a seguinte construção:

Sem nossa história e nosso passado, não teríamos

a)

de onde prover, nem aonde nos inclinarmos.

b)

por onde começar, nem espaço para nos expandirmos.

c)

aonde começar, nem aonde alcançarmos projeção.

d)

por onde provermos, nem lugar aonde nos fixarmos.

e)

onde dar início, nem aonde progredirmos.

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