As atividades informais têm sido tradicionalmente identificadas no Brasil como as práticas de trabalho mais relacionadas à luta pela sobrevivência. Na maior parte das vezes, trata-se de um conjunto expressivo da população que se encontra excluída das regras formais de proteção social e trabalhista. Salvo períodos conjunturais determinados de desaceleração econômica, quando o segmento informal funcionava como uma espécie de colchão amortecedor da temporária situação de desemprego aberto, percebia-se que a informalidade era uma das poucas possibilidades de os segmentos vulneráveis se inserirem no mercado de trabalho. Por não impor praticamente nenhuma barreira à entrada, o trabalho informal representaria uma atividade laboral que também poderia compreender a transição para o emprego assalariado formal.
O trabalho informal submete-se à baixa remuneração e à vulnerabilidade de quem não conta com a aposentadoria na velhice, a pensão para o acidente de trabalho, o seguro para o desemprego, o piso oficial para a menor remuneração, a representação sindical, entre outras regras de proteção. Pelo menos durante o ciclo da industrialização nacional (1930-80), a informalidade foi sendo drasticamente reduzida. A força do assalariamento com carteira assinada, decorrente de taxas de crescimento econômico com média anual de 7%, foi a principal responsável pela queda do trabalho informal.
Apesar disso, o Brasil ingressou na década de 1980 com cerca de 1/3 do total dos ocupados ainda submetidos às atividades informais. Com o abandono da condição de rápido e sustentado crescimento econômico, o mercado de trabalho sofreu uma importante inflexão. O desemprego aberto vem crescendo, e com ele a ocupação informal. Em vinte anos, o Brasil gerou um contingente adicional de 13,1 milhões de postos de trabalho não assalariados (40% do total de novos postos de trabalho). No mesmo período de tempo, a informalidade cresceu mais no meio urbano, uma vez que o setor rural continuou a expulsar mão de obra.
(Adaptado de Marcio Pochmann, revista Forum)
Em seu conjunto, o texto constitui uma:
a)
minuciosa exposição das causas que levaram ao crescimento do trabalho informal no Brasil, nas últimas duas décadas. |
b)
constatação objetiva da retração da informalidade no mercado de trabalho, a partir da década de 1980. |
c)
verificação da crescente instabilidade do setor industrial e seus efeitos no campo do trabalho assalariado. |
d)
exposição de fatos e dados estatísticos que identificam tendências do mercado de trabalho no Brasil. |
e)
análise mercadológica pela qual se revelam as causas de exclusão do trabalhador do mercado informal de trabalho. |
Atente para as seguintes afirmações:
I. No 1.º parágrafo, considera-se que a informalidade é uma atividade laboral que compensa a falta de proteção social e trabalhista, garantida no trabalho formal.
II. No 2.º parágrafo, admite-se que a industrialização nacional permitiu o acesso de mais trabalhadores às garantias e aos direitos do trabalho assalariado.
III. No 3.º parágrafo, adverte-se que a ocupação informal crescerá ainda mais, caso se altere a tendência de expulsão da mão de obra do setor rural.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:
a)
I e II, apenas. |
b)
I, II e III. |
c)
I e III, apenas. |
d)
II e III, apenas. |
e)
II, apenas. |
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:
a)
excluída das regras formais (1.º parágrafo) = à revelia de parâmetros mais estáveis. |
b)
Salvo períodos conjunturais (1.º parágrafo) = afora momentos circunstanciais. |
c)
foi sendo drasticamente reduzida (2.º parágrafo) = foi sofrendo quedas incipientes. |
d)
sofreu uma importante inflexão (3.º parágrafo) = absorveu significativa influência. |
e)
gerou um contingente adicional (3.º parágrafo) = ensejou um aumento circunstancial. |
A partir de 1980, o mercado de trabalho informal, no Brasil,
a)
vem registrando os efeitos de altas taxas de um sustentado crescimento econômico. |
b)
vem confirmando o acerto de políticas que buscaram assalariar o trabalhador rural. |
c)
cresceu bastante, em razão do desemprego gerado pelo declínio do crescimento econômico. |
d)
refluiu muito, apesar da migração de 1/3 do total dos empregados para o setor urbano. |
e)
aumentou razoavelmente, atingindo 40% dos 13,1 milhões de postos de trabalho criados nos últimos anos. |
A específica vulnerabilidade de que trata o 2.º parágrafo do texto:
a)
diz respeito à condição de quem está à margem das leis trabalhistas. |
b)
refere-se à baixa remuneração de certos trabalhadores assalariados. |
c)
deriva da situação de pouca representatividade dos atuais sindicatos. |
d)
reflete a conjuntura de um mercado de trabalho em que decresce a informalidade. |
e)
faz ver a precariedade sistêmica de nossas instituições previdenciárias. |
As normas de concordância verbal encontram-se plenamente observadas na frase:
a)
Apenas se submetem às condições de baixa remuneração e falta de garantias trabalhistas quem não tem acesso às vantagens de um emprego formal. |
b)
Incluem-se entre as tantas vantagens que proporcionam o trabalho assalariado a pensão para os que se acidentam e o seguro para os que perdem o emprego. |
c)
Não deveria causar espanto a ninguém, com um crescimento econômico anual em torno de 7%, os índices de redução da informalidade, no ciclo da industrialização nacional. |
d)
Acredita-se serem possíveis que as atividades laborais do mercado informal possam, num certo momento, propiciar a transição para o emprego assalariado formal. |
e)
Caso não os afetasse a redução do desenvolvimento econômico, nos últimos anos, seriam outros os índices de ocupação de postos do trabalho formal no Brasil. |
NÃO admite transposição para a voz passiva a seguinte construção:
a)
Já identificaram as atividades informais como práticas de trabalho relacionadas à luta pela sobrevivência. |
b)
O trabalho informal leva o trabalhador à baixa remuneração e à privação de quaisquer garantias trabalhistas. |
c)
o Brasil contava, no início da década de 1980, com 1/3 do total dos trabalhadores submetidos às atividades informais. |
d)
A ocupação informal expõe o trabalhador às inseguranças de uma ocupação inteiramente desprotegida. |
e)
A retomada do desenvolvimento econômico poderá propiciar o ingresso de muita gente no trabalho formal. |
Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:
a)
Mesmo com as vantagens de um trabalho assalariado e registrado em carteira, ainda assim há quem prefira mais o trabalho informal do que vir a regularizá- lo. |
b)
Não seria nada mal se o Brasil atravessasse um ciclo de desenvolvimento econômico análogo daquele que vivemos no período de 1930 a 1980. |
c)
Tantos são os benefícios trabalhistas que acarretam uma carteira assinada que chega a ser surpreendente porque as pessoas não fazem de tudo para virem a obtê-la. |
d)
Não deixam de ser preocupantes os recentes dados do trabalho informal no Brasil, mas a retomada do crescimento econômico faz crer numa superação desse quadro. |
e)
Embora não seja impossível, espera-se que o Brasil retome as altas taxas de crescimento econômico e o emprego formal se estabiliza, oferecendo-se maiores garantias trabalhistas. |
Sem prejuízo para a correção e o sentido do contexto, o que está sublinhado pode ser substituído pelo que está em negrito em:
a)
Na maior parte das vezes, trata-se de um conjunto expressivo da população (1.º parágrafo) = tratam-se de muitas pessoas significativas. |
b)
atividade laboral que também poderia compreender a transição (1.º parágrafo) = igualmente poderia abarcar. |
c)
Por não impor praticamente nenhuma barreira à entrada (1.º parágrafo) = Dado que não inflinge. |
d)
O trabalho informal submete-se à baixa remuneração (2.º parágrafo) = é submisso pela. |
e)
Com o abandono da condição de rápido e sustentado crescimento (3.º parágrafo) = mediante a renúncia pela. |
A informalidade é instável, mas como muitos consideram a informalidade o único meio de sobreviver, tendem a atribuir à informalidade um caráter permanente, receando substituir a informalidade pelo risco de uma outra situação desconhecida.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo- se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
a)
a consideram - atribuir-lhe - substituí-la |
b)
a consideram - atribuí-la - a substituir |
c)
lhe consideram - atribuir-lhe - substituir-lhe |
d)
consideram-na - atribuir a ela - lhe substituir |
e)
consideram-lhe - atribuí-la - substituí-la |
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