ACESSE GRATUITAMENTE + DE 450.000 QUESTÕES DE CONCURSOS!

Informações da Prova Questões por Disciplina TRT - 20.ª Região - Analista Judiciário - Apoio Técnico-Especializado - Tecnologia da Informação - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2010 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

A arte de não fazer nada

Dizem-me que mais da metade da humanidade se dedica à prática dessa arte; mas eu, que apenas recente e provisoriamente a estou experimentando, discordo um pouco dessa afirmativa. Não existe tal quantidade de gente completamente inativa: o que acontece é estar essa gente interessada em atividades exclusivamente pessoais, sem consequências úteis para o resto do mundo.

Aqui me encontro num excelente posto de observação: o lago, em frente à janela, está sendo percorrido pelos botes vermelhos em que mesmo a pessoa que vai remando parece não estar fazendo nada. Mas o que verdadeiramente está acontecendo, nós, espectadores, não sabemos: cada um pode estar vivendo o seu drama ou o seu romance, o que já é fazer alguma coisa, embora tais vivências em nada nos afetem.

E não posso dizer que não estejam fazendo nada aqueles que passam a cavalo, subindo e descendo ladeiras, atentos ao trote ou ao galope do animal.

Há homens longamente parados a olhar os patos na água. Esses, dir-se-ia que não fazem mesmo absolutamente nada: chapeuzinho de palha, cigarro na boca, ali se deixam ficar, como sem passado nem futuro, unicamente reduzidos àquela contemplação. Mas quem sabe a lição que estão recebendo dos patos, desse viver anfíbio, desse destino de navegar com remos próprios, dessa obediência de seguirem todos juntos, enfileirados, para a noite que conhecem, no pequeno bosque arredondado? Pode ser um grande trabalho interior, o desses homens simples, aparentemente desocupados, à beira de um lago tranquilo. De muitas experiências contemplativas se constrói a sabedoria, como a poesia. E não sabemos − nem eles mesmos sabem − se este homem não vai aplicar um dia o que neste momento aprende, calado e quieto, como se não estivesse fazendo nada, absolutamente nada.

(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende)

1 -

A autora discorda da afirmação de que boa parte da humanidade pratica a arte de não fazer nada porque julga que

a)

há muito trabalho convencional que não é reconhecido como tal.

b)

o trabalho só deve ser avaliado na medida de sua utilidade social.

c)

há muitas formas de se fazer algo que não aparecem como consequentes.

d)

a máxima produtividade costuma decorrer de um máximo de repouso.

e)

o conceito de trabalho vem sendo alterado no quadro da vida moderna.

2 -

Atente para as seguintes afirmações:

I. No 1.º parágrafo, a autora considera a distinção entre o que pode ter valor na esfera privada e o que tem valor na esfera pública.

II. No 2.º parágrafo, a autora afirma que uma cena observada pode conter elementos significativos, incompreensíveis para o observador.

III. No 4.º parágrafo, a autora vale-se de elementos típicos de uma cena de aparente ócio para valorizar o trabalho oculto da sábia contemplação.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

a)

I, II e III.

b)

I e II, somente.

c)

I e III, somente.

d)

II, somente.

e)

II e III, somente.

3 -

Considerando elementos construtivos desse texto, é correto afirmar que a autora se vale das expressões

a)

Dizem-me e discordo um pouco (1.º parágrafo) para acentuar o caráter objetivo e taxativo da argumentação em curso.

b)

Aqui me encontro e nós, espectadores (2.º parágrafo) para atribuir, com essa variação pronominal, maior largueza à perspectiva pessoal.

c)

absolutamente nada e reduzidos àquela contemplação (4.º parágrafo) para descrever uma situação de inatividade absoluta.

d)

a lição que estão recebendo e navegar com remos próprios (4.º parágrafo) para referir ações praticadas pelos mesmos agentes.

e)

experiências contemplativas e como a poesia (4.º parágrafo) para explorar o efeito de uma contradição.

4 -

O segmento como se não estivesse fazendo nada (4.º parágrafo) tem, no contexto, o sentido de:

a)

ainda que nada estivesse fazendo.

b)

muito embora não estivesse fazendo nada.

c)

apesar de que não estava fazendo nada.

d)

supostamente nada fazendo.

e)

conquanto nada fizesse.

Coesão e Coerência
5 -

De muitas experiências contemplativas se constrói a sabedoria, como a poesia. (4.º parágrafo)

Considerando-se o contexto, uma nova, correta e coerente redação do que se afirma na frase acima é:

a)

A sabedoria é, como a poesia, a contemplação de muitas experiências que se constroem.

b)

O que resulta da construção da sabedoria são experiências contemplativas, assim como a da poesia.

c)

A sabedoria e a poesia, como construções de sabedoria, acabam por levar a experiências contemplativas.

d)

São as experiências contemplativas, como a sabedoria e a poesia, com as quais se podem construir.

e)

A sabedoria, tal como a poesia, é construída a partir de várias experiências contemplativas.

Flexão Nominal e Verbal
6 -

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se obrigatoriamente numa forma do singular para preencher de modo correto a lacuna da frase:

a)

Caso não se ...... (verificar) consequências úteis de determinada atividade, ela será tida como inteiramente ociosa.

b)

A menos que ...... (haver) apanhado um peixe grande, zombaremos deles quando voltarem do lago diante do qual ficam a cismar.

c)

Aos que acham que com um pato nada ...... (poder) aprender, a escritora sugere observar seus movimentos e sua disciplina na água.

d)

Não ...... (caber) aos que costumam ficar longamente meditando à beira de um lago justificar seu estado de contemplação.

e)

É melhor que se ...... (reservar) para a contemplação as horas que costumamos gastar em esforços inúteis.

Vozes do Verbo
7 -

Transpondo-se para a voz passiva a frase Cada um pode estar vivendo os seus dramas, a forma verbal resultante será:

a)

poderá tê-los vivido.

b)

podem estar sendo vividos.

c)

podem viver-se.

d)

pode-se vivê-los.

e)

podem-se estar a vivê-los.

Compreensão e Interpretação de Textos
8 -

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

a)

Cecília Meireles, nessa crônica, considera que a arte de não fazer nada é muito enganosa, sendo frequente que aconteça o contrário.

b)

Nessa crônica, Cecília Meireles não deixa de fazer uma defesa do ócio, conquanto ele seja útil, ao menos para aquele que lhe diz respeito.

c)

Contra a ideia de que a desocupação é uma tarefa inútil, Cecília Meireles prefere defender que nem todo trabalho deixa de ter consequências.

d)

Cronista e poetisa sensível, Cecília Meireles não despreza os momentos onde ficamos absortos, aprendendo e desfrutando com a vida.

e)

Sendo também poetisa, a cronista Cecília Meireles valoriza, em seu texto, aquele tipo de aprendizado que deriva das horas de contemplação.

Pontuação
9 -

Está inteiramente adequada a pontuação da frase:

a)

Aqueles homens que ficam à beira de um lago, não costumam fazer nada mais, pois acham com razão, que já há atividade nessa contemplação.

b)

Aqueles homens, que ficam à beira de um lago não costumam fazer nada mais, pois acham, com razão: que já há atividade nessa contemplação.

c)

Aqueles homens que ficam à beira de um lago não costumam fazer nada mais, pois acham, com razão, que já há atividade nessa contemplação.

d)

Aqueles homens que ficam à beira de um lago, não costumam fazer nada mais: pois acham com razão que já há atividade nessa contemplação.

e)

Aqueles homens, que ficam à beira de um lago não costumam fazer nada mais ? pois acham, com razão, que já há atividade, nessa contemplação.

Pronomes: Emprego, Formas de Tratamento e Colocação
10 -

Está adequado o emprego do elemento sublinhado em:

a)

A prática da arte de não fazer nada, à qual muita gente se devota, é valorizada pela autora.

b)

A arte de não fazer nada, da qual muita gente se insurge, costuma ser mal compreendida.

c)

Inútil querer combater a arte de não fazer nada, de cuja muita gente é praticante e entusiasta.

d)

Não se imagine que a arte de não fazer nada, da qual a autora mostra bem compreender, deva justificar a mera preguiça ou indolência.

e)

É na arte de não fazer nada, com a qual poucos respeitam, que muito gênio acabou encontrando inspiração para suas descobertas.

« anterior 1 2 3 4 5 6 próxima »

Marcadores

Marcador Verde Favorita
Marcador Azul Dúvida
Marcador Amarelo Acompanhar
Marcador Vermelho Polêmica
Marcador Laranja  Adicionar

Meus Marcadores

Fechar
⇑ TOPO

 

 

 

Salvar Texto Selecionado


CONECTE-SE

Facebook
Twitter
E-mail

 

 

Copyright © Tecnolegis - 2010 - 2024 - Todos os direitos reservados.