Leia o texto a seguir e responda à questão.
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.
Claro que eu não disse tudo isso para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas – isso eu disse – vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenha também o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão . Não merecem o mínimo respeito.
VERISSIMO, L. F. O gigolô das palavras. In: VERISSIMO, L. F . Para gostar de ler; Luis Fernando Verissimo: o nariz e outras crônicas. 10a . ed. v. 14. São Paulo: Ática, 2002. p. 77 e 78. (Com adaptações)
Segundo o autor, “dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo?” Identifique a regra gramatical que explica o erro em “escrever claro”.
a) Adjetivo não modifica verbo.
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b) Advérbio modifica outro advérbio.
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c) Verbo acompanha substantivo.
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d) Só pronome modifica verbo.
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e) Substantivo exige sempre um verbo.
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O texto busca convencer o interlocutor de que é desnecessário conhecer todas as regras gramaticais para escrever com clareza. Uma das estratégias de convencimento é o uso de
a) intertextualidade explícita.
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b) imperativo
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c) comparação
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d) paráfrase
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e) injunção
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Leia o texto a seguir e responda à questão.
15 de novembro
Deodoro todo nos trinques
Bate na porta de Dão Pedro Segundo.
“- Seu imperadô, dê o fora
que nós queremos tomar conta desta bugiganga.
Mande vir os músicos.”
O imperador bocejando responde:
“Pois não meus filhos não se vexem
me deixem calçar as chinelas
podem entrar à vontade:
só peço que não me bulam nas obras completas de Victor Hugo”.
Disponível em http://culturafm.cmais.com.br/radiometropolis/lavra/murilo-mendes-quinze-de-novembro. Acesso em 10/03/2019.
O poema ironiza a Proclamação da República, evidenciando o (a)
a) desvalorização da cultura francesa revelada no último verso.
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b) segregação social presente na sociedade brasileira de 1889.
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c) apego dos governantes aos respectivos regimes de governo.
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d) semelhança entre o modo de vestir do marechal e o do imperador.
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e) diferença entre a linguagem de Deodoro e a de Dão Pedro Segundo.
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A mesma função sintática de “Seu imperadô” (verso 3) é verificada em
a) Deodoro (verso 1)
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b) Dão Pedro Segundo (verso 2)
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c) s músicos (verso 5)
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d) meus filhos (verso 7)
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e) as chinelas (verso 8)
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Posição de pobre
Proprietários e mendigos: duas categorias que se opõem a qualquer mudança, a qualquer desordem renovadora. Colocados nos dois extremos da escala social, temem toda modificação para bem ou para mal: estão igualmente estabelecidos, uns na opulência, os outros na miséria. Entre eles situam-se - suor anônimo, fundamento da sociedade - os que se agitam, penam, perseveram e cultivam o absurdo de esperar. O Estado nutre-se de sua anemia; a ideia de cidadão não teria nem conteúdo nem realidade sem eles, tampouco o luxo e a esmola: os ricos e os mendigos são os parasitas do pobre.
CIORAN, E.M. Breviário de decomposição. Trad. José Thomaz Brum. Rio de Janeiro, Rocco, 1989. P.113-114. (fragmento)
As orações “...penam, perseveram e cultivam o absurdo de esperar.” imprimem um efeito de gradação alcançado sintaticamente por meio de
a) hipotetização.
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b) coordenação.
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c) disjunção.
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d) concessão.
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e) modalização.
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Leia o texto a seguir e responda à questão.
E estando Afonso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, foi, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meter-se logo no esquife a sondar o porto dentro. E tomou dois daqueles homens da terra que estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete setas. E na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas não os aproveitou. Logo, já de noite, levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. (...) O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém.
A Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000283.pdf Acesso em 10/03/2019. (Fragmento com adaptações)
Neste fragmento, podem-se observar semelhanças entre a organização sintática das orações do português do século XXI com a do século XVI, em relação aos sujeitos ocultos/desinenciais. Das orações a seguir destacadas do texto, a única que não apresenta esse tipo de estrutura é
a) “Logo, já de noite, levou-os à Capitaina,”
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b) “Andam nus,”
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c) “Acerca disso são de grande inocência.”
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d) “Acenderam-se tochas.”
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e) “Mas nem sinal de cortesia fizeram.”
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Leia o texto a seguir e responda à questão.
E estando Afonso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, foi, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meter-se logo no esquife a sondar o porto dentro. E tomou dois daqueles homens da terra que estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete setas. E na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas não os aproveitou. Logo, já de noite, levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. (...) O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém.
A Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000283.pdf Acesso em 10/03/2019. (Fragmento com adaptações)
Em “E tomou dois daqueles homens da terra que estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete setas. E na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas não os aproveitou. Logo, já de noite, levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa.”, os pronomes sublinhados funcionam como
a) adjunto adnominal.
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b) agente da passiva.
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c) complemento nominal
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d) objeto direto.
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e) objeto indireto.
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a) narração.
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b) argumentação.
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c) descrição.
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d) injunção
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e) dissertação.
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Um argumento cínico
Certamente nunca terá faltado aos sonegadores de todos os tempos e lugares o confortável pretexto de que o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de administradores incompetentes e desonestos. Como pretexto, as invocação é insuperável e tem mesmo a cor e os traços do mais acendrado civismo. Como argumento, no entanto, é cínica e improcedente. Cínica porque a sonegação, que nesse caso se pratica não é compensada por qualquer sacrifício ou contribuição que atenda à necessidade de recursos imanente a todos os erários, sejam eles bem ou mal administrados. Ora, sem recursos obtidos da comunidade não há policiamento, não há transportes, não há escolas ou hospitais. E sem serviços públicos essenciais, não há Estado e não pode haver sociedade política. Improcedente porque a sonegação, longe de fazer melhores os maus governos, estimula-os à prepotência e ao arbítrio, além de agravar a carga tributária dos que não querem e dos que, mesmo querendo, não têm como dela fugir - os que vivem de salário, por exemplo. Antes, é preciso pagar, até mesmo para que não faltem legitimidade e força moral às denúncias de malversação. É muito cômodo, mas não deixa de ser, no fundo, uma hipocrisia, reclamar contra o mau uso dos dinheiros públicos para cuja formação não tenhamos colaborado. Ou não tenhamos colaborado na proporção da nossa renda.
VILLELA, João Baptista. Veja, 25 set. 1985.
Levando em consideração os dois primeiros períodos do texto, estabelece-se para “acendrado” (linha 3) o sentido de
a) purificado.
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b) centralizado.
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c) concretizado.
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d) reconhecido.
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e) recompensado.
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Quanto aos mecanismos de coesão do texto, em “Ora, sem recursos obtidos da comunidade não há policiamento, não há transportes, não há escolas ou hospitais.”, o conectivo “ora” introduz uma
a) comparação no tocante aos argumentos contra a sonegação de impostos.
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b) reiteração para justificar a necessidade de as pessoas sonegarem impostos.
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c) continuidade com o propósito de enfatizar a desonestidade dos sonegadores.
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d) causa como argumento indiscutível para a dispensabilidade de pagamento de impostos.
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e) argumentação contrária a da sobrevivência do Estado sem arrecadação de impostos.
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