TRT - 8.ª Região - Analista Judiciário - Apoio Técnico-Especializado - Engenharia Elétrica - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2010 - Prova Objetiva
Cinzas do Norte
Os filhos dos japoneses davam um duro danado, em poucos anos tinham feito muitas coisas, trabalho de um século. Na roça deles tinha tudo... Entravam na água e cortavam a juta, eram corajosos e disciplinados.
Vi vários deles, magros e tristes, na ilha das Ciganas, em Saracura, Arari, Itaboraí, e até no Paraná do Limão. Cortavam juta com um terçado, secavam as fibras num varal e depois as carregavam para a propriedade, onde eram prensadas e enfardadas; a maioria dos empregados morava em casebres espalhados em redor de Okayama Ken; quando adoeciam, eram tratados por um dos poucos médicos de Parintins, que uma vez por semana visitava os trabalhadores da propriedade.
(Cinzas do Norte. Milton Hatoum. São Paulo: Cia das Letras, 2005, p.71, com adaptações)
Está INCORRETO o que se afirma em:
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a)
Segundo o narrador, os trabalhadores da propriedade em questão tinham acesso precário à saúde. |
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b)
O narrador deixa claro que admira os filhos dos imigrantes japoneses por trabalharem com afinco e eficiência. |
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c)
A cultura da juta constitui um trabalho pesado, que envolve várias etapas de produção. |
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d)
No local descrito no texto, os trabalhadores são apresentados como pessoas de baixo poder econômico, embora com acesso aos meios de subsistência. |
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e)
A tristeza dos trabalhadores famélicos retratados no texto desperta emoções negativas com relação a eles no narrador do texto. |
Os filhos dos japoneses em poucos anos tinham feito o trabalho de um século. Entravam na água e cortavam a juta, eram corajosos e disciplinados.
O período acima está reescrito com correção, mantendo o sentido original, em:
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a)
Corajosos e disciplinados, os filhos dos japoneses entravam na água e cortavam a juta, e em poucos anos tinham feito o trabalho de um século. |
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b)
Os filhos dos japoneses corajosos e disciplinados, em poucos anos tinham feito o trabalho de um século, entravam na água e cortavam a juta. |
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c)
Entravam na água e cortavam a juta, os filhos dos japoneses corajosos e disciplinados e em poucos anos tinham feito o trabalho de um século. |
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d)
Os filhos dos japoneses, entravam na água, cortavam a juta, eram corajosos, disciplinados e tem feito o trabalho de um século em poucos anos. |
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e)
Os filhos dos japoneses corajosos e disciplinados entravam na água e cortavam a juta, tinha sido feito o trabalho de um século em poucos anos. |
...secavam as fibras num varal e (...) as carregavam para a propriedade, onde eram prensadas e enfardadas...
Invertendo-se as vozes passiva e ativa da frase acima, a frase correta resultante será:
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a)
As fibras eram secadas num varal e carregadas para a propriedade, onde a prensava e enfardava. |
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b)
As fibras secavam num varal e eram carregadas para a propriedade, onde lhes prensavam e enfardavam. |
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c)
As fibras eram secas num varal e carregadas para a propriedade, onde as prensavam e enfardavam. |
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d)
As fibras secaram num varal e foram carregadas para a propriedade, onde lhes prensavam e enfardavam. |
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e)
As fibras ficavam secando num varal e lhes carregavam para a propriedade, onde as prensavam e enfardavam. |
Terra - Caetano Veloso
Quando eu me encontrava preso Na cela de uma cadeia Foi que vi pela primeira vez As tais fotografias Em que apareces inteira Porém lá não estavas nua E sim coberta de nuvens... Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria?...
(fragmento de “Terra” – http://letras.terra.com/caetano-veloso/44780/)
Considere as afirmativas abaixo.
I. Ao transpor-se para a voz passiva o período constituído pelos versos Foi que vi pela primeira vez / As tais fotografias, a forma verbal resultante é foram vistas.
II. Caso o verbo esquecer em Quem jamais te esqueceria?... tivesse sido empregado em sua forma pronominal (esquecer-se), a regência verbal teria permanecido inalterada.
III. Na frase que constitui a segunda estrofe do fragmento transcrito, o verso Por mais distante exerce a função sintática de adjunto adverbial.
Está correto o que se afirma APENAS em:
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a)
I. |
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b)
II. |
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c)
III. |
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d)
I e III. |
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e)
II e III. |
Desconsiderada a sua organização em versos, a primeira estrofe da canção está corretamente pontuada em:
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a)
Quando eu me encontrava preso na cela de uma cadeia, foi que vi, pela primeira vez, as tais fotografias em que apareces: inteira. Porém, lá não estavas, nua e sim coberta de nuvens... |
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b)
Quando eu me encontrava preso, na cela de uma cadeia foi que vi pela primeira vez, as tais fotografias, em que apareces inteira: porém, lá não estavas nua, e sim coberta de nuvens... |
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c)
Quando eu me encontrava preso na cela de uma cadeia, foi que vi pela primeira vez as tais fotografias em que apareces inteira. Porém, lá não estavas nua e, sim, coberta de nuvens... |
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d)
Quando eu me encontrava, preso na cela de uma cadeia, foi que vi pela primeira vez as tais fotografias em que apareces inteira, porém: lá não estavas nua e sim coberta de nuvens... |
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e)
Quando eu me encontrava preso na cela, de uma cadeia, foi que vi pela primeira vez as tais fotografias em que apareces, inteira. Porém, lá, não estavas nua e sim, coberta de nuvens... |
Graciliano, Machado, Drummond & Outros
Há uma rotina de ideias a que não escapa sequer o escritor original. Os grandes temas, os temas universais, reduzem-se a uma contagem nos dedos – e quem escreve ficção vai beber sempre na mesma aguada. Um ficcionista puxa outro. Dostoievski, Faulkner, Kafka deflagraram muitos contemporâneos, graças à sua força extraordinária de gravitação. Servem de impulso à primeira largada, seus modos de dizer e maneira de ver e sentir o mundo deixam de ser propriedade privada, incorporam-se à literatura como conquista de uma época, um condomínio em que as ideias se desligam e flutuam soltas.
Fala-se comumente em influências na obra deste ou daquele autor. O termo, com o tempo, perdeu contorno pejorativo. Quem não tem influências, quem não se abeberou em alguém? Literatura é um organismo vivo que não cessa de receber subsídios. Felizes os que, contribuindo com essa coisa inquietante que é escrever, revigoram-lhe o lastro. Eles se realizam em termos de criação artística e contribuem, com sua experiência e suas descobertas, para que outros cheguem e deitem ali, também, o seu fardo.
Stendhal inventou para o amor a teoria da cristalização que se poderia aplicar à coisa literária. No fundo, as ideias são as mesmas, descrevem um círculo vicioso que o escritor preenche conscientemente, se acrescentar ao que já encontrou feito uma dimensão pessoal. Criação espontânea, inspiração, musa? Provavelmente não existem, pelo menos na proporção em que os românticos quiseram valorizar as manifestações do seu espírito. Escrever – e falo sempre em termos de criar – é um exercício meticuloso em busca do amadurecimento; quem escreve retoma uma experiência sedimentada, com o dever, que só alguns eleitos cumprem, de alargá-la dentro da perspectiva do homem e da época.
(Hélio Pólvora. Graciliano, Machado, Drummond & Outros. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975, pp. 37-38)
A ideia central do texto está corretamente reproduzida em:
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a)
Alguns temas, que são universais, tornam-se a matéria-prima de escritores, que habitualmente se influenciam uns aos outros. |
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b)
Obras que tratam de alguns temas, abordados sob influência explícita de outros autores, nem sempre apresentam verdadeiro valor literário. |
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c)
Poucos escritores conseguiram, em sua época e em seu meio, abordar em suas obras temas edificantes para o acervo cultural da humanidade. |
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d)
Os autores românticos parecem ter sido, realmente, os únicos inovadores quanto à transformação de experiências de vida em temas literários. |
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e)
Temas de domínio comum, compartilhados por autores sob influência mútua em uma mesma época, resultam em pequena valorização das obras em que são tratados. |
A afirmativa correta, de acordo com o texto, é:
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a)
A criação literária deve ser entendida como resultado de um amadurecimento pessoal, capaz de trabalhar temas universais segundo novos prismas, característicos de um tempo específico. |
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b)
A literatura se baseia, segundo alguns escritores, em grandes causas humanistas, principalmente aquelas pertencentes a uma única comunidade, ainda que em épocas distintas. |
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c)
O fato de se transformarem em conhecimento de domínio público, pela troca recíproca de influências entre os autores de uma mesma época, compromete o valor literário de certas obras. |
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d)
Os ficcionistas realmente considerados como modelo para que outros se deixem influenciar por eles são pouquíssimos, ainda que a literatura, como organismo vivo, sempre esteja se modificando. |
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e)
A ideia de transformação da literatura em um condomínio, com temas inalteráveis tanto no tempo quanto nos mais variados lugares, reduz o ato de criação a mero exercício imitativo de publicações anteriores. |
Fala-se comumente em influências na obra deste ou daquele autor. O termo, com o tempo, perdeu contorno pejorativo. (2º parágrafo)
A opinião exposta acima está corretamente reproduzida, com outras palavras, em:
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a)
Um ou outro autor recebem influências, que pode ser apontado por seu viés negativista, como a perda do sentido da própria criação. |
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b)
Mudanças positivas na maneira de se avaliar obras literárias, a partir das influências recebidas nessas mesmas obras, sempre foi bem recebido por um ou outro autor. |
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c)
A maneira pejorativa de comparar obras literárias com influência deste ou daquele autor coexistiu nas críticas elaboradas ao longo do tempo. |
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d)
Influências que, com frequência, são apontadas em obras de diferentes autores passaram a ser vistas, ao longo do tempo, sem conotação negativa. |
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e)
Quando se fala em influências na obra escrita por certo autor, é comum haver conotação pejorativa na avaliação da mesma. |
É correto afirmar que as questões colocadas nos 2º e 3º parágrafos:
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a)
estimulam a estranheza do leitor por introduzirem uma voluntária incoerência de seu autor no contexto. |
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b)
apresentam semelhança de sentido e pressupõem respostas que embasam a opinião defendida pelo autor. |
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c)
constituem recursos enfáticos adotados pelo autor para contradizer a opinião exposta no 1º parágrafo. |
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d)
assinalam uma crítica velada do autor a escritores que recebem influência de outros, pois tratam dos mesmos temas. |
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e)
permitem perceber o sentido irônico do questionamento que se coloca entre a criação artística espontânea e a imitação de terceiros. |
A respeito do 1º parágrafo, é INCORRETO o que se afirma em:
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a)
Há uma rotina de ideias a que não escapa sequer o escritor original. Uma nova redação, sem alteração do sentido original da frase acima, está em: Nem mesmo o escritor original escapa a uma rotina de ideias. |
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b)
... e quem escreve ficção vai beber sempre na mesma aguada ... O sentido da afirmativa acima é retomado na questão colocada no 2º parágrafo: quem não se abeberou em alguém? |
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c)
Dostoievski, Faulkner, Kafka deflagraram muitos contemporâneos, graças à sua força extraordinária de gravitação. Observa-se entre as orações do período acima relação sintática de consequência e sua causa imediata, respectivamente. |
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d)
Servem de impulso à primeira largada, (...) incorporam-se à literatura como conquista de uma época ... Os segmentos grifados exercem a mesma função sintática, em seus respectivos períodos. |
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e)
... um condomínio em que as ideias se desligam e flutuam soltas. Na frase acima, a noção de condomínio pressupõe um conjunto de autores que deixaram o testemunho de sua maneira de ver e de sentir o mundo, característica de determinada época. |