Não foram os americanos que inventaram o shopping center. Seus antecedentes diretos são as galerias de comércio de Leeds, na Inglaterra, e as passagens de Paris pelas quais flanava, encantado, o Walter Benjamin. Ou, se você quiser ir mais longe, os bazares do Oriente. Mas foram os americanos que aperfeiçoaram a ideia de cidades fechadas e controladas, à prova de poluição, pedintes, automóveis, variações climáticas e todos os outros inconvenientes da rua. Cidades só de calçadas, onde nunca chove, neva ou venta, dedicadas exclusivamente às compras e ao lazer – enfim, pequenos (ou enormes) templos de consumo e conforto. Os xópis são civilizações à parte, cuja existência e o sucesso dependem, acima de tudo, de não serem invadidas pelos males da rua.
Dentro dos xópis você pode lamentar a padronização de lojas e grifes, que são as mesmas em todos, e a sensação de estar num ambiente artificial, longe do mundo real, mas não pode deixar de reconhecer que, se a americanização do planeta teve seu lado bom, foi a criação desses bazares modernos, estes centros de conveniência com que o Primeiro Mundo – ou pelo menos uma ilusão de Primeiro Mundo – se espraia pelo mundo todo. Os xópis não são exclusivos, qualquer um pode entrar num xópi nem que seja só para fugir do calor ou flanar entre as suas vitrines, mas a apreensão causada por essas manifestações de massa nas suas calçadas protegidas, os rolezinhos, soa como privilégio ameaçado. De um jeito ou de outro, a invasão planejada de xópis tem algo de dessacralização. É a rua se infiltrando no falso Primeiro Mundo. A perigosa rua, que vai acabar estragando a ilusão.
As invasões podem ser passageiras ou podem descambar para violência e saques. Você pode considerar que elas são contra tudo que os templos de consumo representam ou pode vê-las como o ataque de outra civilização à parte, a da irmandade da internet, à civilização dos xópis. No caso seria o choque de duas potências parecidas, na medida em que as duas pertencem a um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a nossa realidade. O difícil seria escolher para qual das duas torcer. Eu ficaria com a mentira dos xópis.
(Veríssimo, O Globo, 26-01-2014.)
Não foram os americanos que inventaram o shopping center. Essa frase inicial do texto.
a)
mostra uma preocupação com a origem do termo shopping center. |
b)
recebe um desmentido na progressão textual. |
c)
tem explicação nas frases seguintes. |
d)
anuncia o tema central do texto. |
e)
antecipa algo cuja discussão será feita no último parágrafo. |
Não foram os americanos que inventaram o shopping center. A forma de reescrever-se essa frase do texto que corresponde à estrutura significativa da frase original é
a)
Os americanos não foram os que inventaram o shopping center. |
b)
Os americanos não foram os inventores do shopping center. |
c)
O shopping center não tinha sido inventado pelos americanos. |
d)
Não foram os americanos quem inventaram o shopping center. |
e)
O shopping center, quem o inventou não foram os americanos. |
"Seus antecedentes diretos são as galerias de comércio de Leeds, na Inglaterra, e as passagens de Paris pelas quais flanava, encantado, o Walter Benjamin. Ou, se você quiser ir mais longe, os bazares do Oriente."
Esse segmento do primeiro parágrafo mostra que o autor do texto.
a)
pretende dar uma informação precisa aos leitores. |
b)
tenta mostrar, em sequência cronológica, os antecedentes do shopping. |
c)
valoriza os shoppings, ao relacioná-los a intelectuais de peso. |
d)
situa a criação do shopping na Europa e na Ásia,simultaneamente. |
e)
procura falar, de forma pouco científica, sobre a origem doshopping. |
"Seus antecedentes diretos são as galerias de comércio de Leeds, (1) na Inglaterra, e as passagens de Paris pelas quais flanava,(2) encantado, o Walter Benjamin. Ou, (3) se você quiser ir mais onge, os bazares do Oriente."
Nesse segmento do texto há três ocorrências de uso da vírgula devidamente numeradas; a afirmativa correta sobre o seu emprego é.
a)
as ocorrências se justificam por três razões diferentes. |
b)
as duas primeiras ocorrências se justificam pelo mesmo motivo. |
c)
as três ocorrências se justificam pela mesma regra de pontuação. |
d)
as ocorrências (1) e (3) se justificam pelo mesmo princípio. |
e)
as ocorrências (2) e (3) se justificam pelo mesmo motivo. |
"se você quiser ir mais longe"; a única forma dessa frase que NÃO apresenta um equivalente semântico corretamente expresso é
a)
caso você queira ir mais longe. |
b)
na hipótese de você querer ir mais longe. |
c)
no caso de você querer ir mais longe. |
d)
desde que você queira ir mais longe. |
e)
conquanto você queira ir mais longe. |
Na frase "se você quiser ir mais longe", a forma verbal empregada tem sua forma corretamente conjugada. A frase abaixo em que a forma verbal está ERRADA é:
a)
se você se opuser a esse desejo. |
b)
se você requerer este documento. |
c)
se você ver esse quadro. |
d)
se você provier da China. |
e)
se você se entretiver com o jogo. |
A frase abaixo em que a palavra sublinhada apresenta dupla possibilidade de sentido é
a)
"...e as passagens de Paris pelas quais flanava..." |
b)
"se você quiser ir mais longe,..." |
c)
"foram os americanos que aperfeiçoaram a ideia de cidades fechadas". |
d)
"Cidades só de calçadas..." |
e)
"dedicadas às compras e ao lazer". |
A forma "xópi" representa
a)
a forma gráfica autorizada equivalente a shopping. |
b)
a tradução literal do inglês shopping. |
c)
uma tentativa de grafar a pronúncia de shopping. |
d)
uma pronúncia popular do inglês shopping. |
e)
uma adaptação culta do inglês shopping. |
Ao dizer que os shoppings são "cidades", o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem figurada denominada.
a)
metonímia. |
b)
eufemismo. |
c)
hipérbole. |
d)
metáfora. |
e)
catacrese. |
Ao dizer que os shoppings são cidades só "de calçadas", o auto do texto quer expressar a ideia de que nos shoppings
a)
só há tráfego de veículos leves. |
b)
os espaços entre as lojas são bastante amplos. |
c)
o público pode andar em todos os espaços. |
d)
os caminhos são sempre muito bem cuidados. |
e)
todos os cidadãos podem entrar. |
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