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Informações da Prova Questões por Disciplina TRT - 2.ª Região - Analista Judiciário - Administrativa - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2014 - Prova Objetiva

Compreensão e Interpretação de Textos

Diante do futuro

Atenção: A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.

Que me importa o presente? No futuro é que está a existência dos verdadeiros homens. Guyau*, a quem não me canso de citar, disse em uma de suas obras estas palavras:

“Porventura sei eu se viverei amanhã, se viverei mais uma hora, se a minha mão poderá terminar esta linha que começo? A vida está por todos os lados cercada pelo Desconhecido. Todavia executo, trabalho, empreendo; e em todos os meus atos, em todos os meus pensamentos, eu pressuponho esse futuro com o qual nada me autoriza a contar. A minha atividade excede em cada minuto o instante presente, estendese ao futuro. Eu consumo a minha energia sem recear que esse consumo seja uma perda estéril, imponho-me privações, contando que o futuro as resgatará − e sigo o meu caminho. Essa incerteza que me comprime de todos os lados equivale para mim a uma certeza e torna possível a minha liberdade − é o fundamento da moral especulativa com todos os riscos. O meu pensamento vai adiante dela, com a minha atividade; ele prepara o mundo, dispõe do futuro. Parece-me que sou senhor do infinito, porque o meu poder não é equivalente a nenhuma quantidade determinada; quanto mais trabalho, mais espero.”

* Jean-Marie Guyau (1854-1888), filósofo e poeta francês.

(PRADO, Antonio Arnoni (org.). Lima Barreto: uma autobiografia literária. São Paulo: Editora 34, 2012. p. 164)

1 -

Lima Barreto vale-se do texto de Guyau para defender a tese de que

a)

as ações do presente ganham sentido quando projetadas e executadas com vistas ao futuro.

b)

o futuro só é do nosso domínio quando nossas ações no tempo presente logram antevê-lo e iluminá-lo.

c)

as projeções do futuro só importam quando estiverem visceralmente ligadas às experiências do presente.

d)

o futuro ganha plena importância quando temos a convicção de que todas as nossas ações são duradouras.

e)

as ações do presente têm sua importância determinada pelo valor intrínseco de que se revestem.

2 -

O fato de nossa vida estar cercada pelo Desconhecido não deve implicar uma restrição aos empreendimentos humanos, já que, para Guyau,

a)

o fundamento da moral especulativa está em planejar o futuro sem atentar para as circunstâncias presentes.

b)

o trabalho estéril executado no presente acumula energias que serão desfrutadas no futuro.

c)

a incerteza do futuro não elimina a possibilidade de tomá-lo como parâmetro dos nossos empreendimentos.

d)

os nossos atos tendem a se tornar estéreis quando pautados por uma visão otimista do futuro.

e)

a brevidade do tempo que temos para viver autoriza- nos a viver o presente com o máximo de intensidade.

Flexão Nominal e Verbal
3 -

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se concordando com o elemento sublinhado na frase:

a)

trabalhos que a gente (executar) sem imaginar o sentido que ganharão no futuro.

b)

Os minutos de que se (necessitar) viver plenamente devem trazer consigo uma expectativa de futuro.

c)

As privações que me (competir) enfrentar não devem desestimular meus empreendimentos.

d)

As incertezas quanto ao meu próprio futuro não (dever) eximir-me de ser responsável por minhas decisões.

e)

 Os desafios que cada um de nós hoje se (obrigar) a enfrentar fortalecem-nos diante do futuro.

Reescritura de texto
4 -

A construção da frase eu pressuponho esse futuro com o qual nada me autoriza a contar permanecerá correta caso se substitua o elemento sublinhado por

a)

perante o qual não sei avaliar.

b)

em cujo nada posso desconfiar.

c)

de cujo pouco posso prever.

d)

por quem nada posso antecipar.

e)

do qual nada me é dado esperar.

Interpretação de Textos
5 -

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

a)

o futuro as resgatará (2.º parágrafo) = o amanhã as imputará

b)

incerteza que me comprime (2.º parágrafo) = dúvida que me constringe.

c)

Todavia executo (2.º parágrafo) = por conseguinte ajo.

d)

uma perda estéril (2.º parágrafo) = um ônus impróprio.

e)

imponho-me privações (2.º parágrafo) = faculto-me restrições.

Correção Gramatical
6 -

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

a)

Está no futuro o sentido mesmo de tudo o que nos dispormos a fazer nos limites naturais do tempo presente.

b)

Mesmo sem assenhorearmos qualquer certeza diante do futuro, nossas ações presentes ressalvam toda liberdade.

c)

Pelo simples fato de ignorarmos o futuro, Guyau não desiste de valorizar no presente às ações que poderão projetar-se nele.

d)

O desconhecimento do futuro não nos exime de sermos responsáveis por tudo aquilo que empreendemos.

e)

Sendo certo que o Desconhecido cercea nossa vida, nem por isso deixaremos de investir sobre o nosso futuro.

Compreensão e Interpretação de Textos

Questão de gosto

Atenção: A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto seguinte.

 A expressão parece ter sido criada para encerrar uma discussão. Quando alguém apela para a tal da “questão de gosto”, é como se dissesse: “chega de conversa, inútil discutir”. A partir daí nenhuma polêmica parece necessária, ou mesmo possível. “Você gosta de Beethoven? Eu prefiro ouvir fanfarra de colégio.” Questão de gosto.

Levada a sério, radicalizada, a “questão de gosto” dispensa razões e argumentos, estanca o discurso crítico, desiste da reflexão, afirmando despoticamente a instância definitiva da mais rasa subjetividade. Gosto disso, e pronto, estamos conversados. Ao interlocutor, para sempre desarmado, resta engolir em seco o gosto próprio, impedido de argumentar. Afinal, gosto não se discute.

Mas se tudo é questão de gosto, a vida vale a morte, o silêncio vale a palavra, a ausência vale a presença − tudo se relativiza ao infinito. Num mundo sem valores a definir, em que tudo dependa do gosto, não há lugar para uma razão ética, uma definição de princípios, uma preocupação moral, um empenho numa análise estética. O autoritarismo do gosto, tomado em sentido absoluto, apaga as diferenças reais e proclama a servidão ao capricho. Mas há quem goste das fórmulas ditatoriais, em vez de enfrentar o desafio de ponderar as nossas contradições.

(Emiliano Barreira, inédito)

7 -

Definida como instância definitiva da mais rasa subjetividade, a questão de gosto opõe-se, terminantemente,

a)

ao subterfúgio de que nos valemos para evitar um princípio de discussão.

b)

ao princípio da recusa a qualquer fundamentação racional numa discussão.

c)

à atribuição de mérito à naturalidade de uma primeira impressão.

d)

ao primado do capricho pessoal, ao qual tantas vezes se apela.

e)

à dinâmica de argumentos criteriosos na condução de uma polêmica.

8 -

Atente para as seguintes afirmações:

I. No 1.º parágrafo, a menção a Beethoven e a fanfarra de colégio ilustra bem a disposição do autor em colocar lado a lado manifestações artísticas de valor equivalente.

II. No 2.º parágrafo, o termo despoticamente qualifica o modo pelo qual alguns interlocutores dispõem-se a desenvolver uma polêmica.

III. No 3.º parágrafo, a expressão servidão ao capricho realça a acomodação de quem não se dispõe a enfrentar a argumentação crítica.

Em relação ao texto está correto o que se afirma APENAS em

a)

II e III.

b)

III.

c)

I.

d)

I e II.

e)

II.

Interpretação de Textos
9 -

Muita gente não enfrenta uma argumentação, prefere substituir uma argumentação pela alegação do gosto, atribuindo ao gosto o valor de um princípio inteiramente defensável, em vez de tomar o gosto como uma instância caprichosa.

Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados por, respectivamente,

a)

substituir a ela - atribuindo a ele - lhe tomar

b)

substituir-lhe - atribuindo-lhe - tomar-lhe

c)

substituir-lhe - atribuindo-o - tomá-lo

d)

substituí-la - atribuindo-lhe - tomá-lo

e)

substituí-la - lhe atribuindo - tomar-lhe

Vozes do Verbo
10 -

Na passagem da voz ativa para a passiva, NÃO houve a devida correspondência quanto ao tempo verbal na seguinte construção:

a)

Será que ele apreciará tais formas ditatoriais? = Será que tais fórmulas ditatoriais serão apreciadas por ele?

b)

Haveremos de enfrentar esse e outros desafios = Esse e outros desafios haverão de ser enfrentados por nós.

c)

A questão de gosto dispensaria as razões = As razões teriam sido dispensadas pela questão de gosto.

d)

O autoritarismo apagava as diferenças reais = As diferenças reais eram apagadas pelo autoritarismo.

e)

Os acomodados têm proclamado a servidão ao capricho = A servidão ao capricho tem sido proclamada pelos acomodados.

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