Polícia Civil - Maranhão - Auxiliar de Perícia Médica Legal - FGV - Fundação Getúlio Vargas - 2012 - Prova Objetiva
violência urbana
As causas da violência urbana
Se a violência é urbana, pode-se concluir que uma de suas causas é o próprio espaço urbano? Os especialistas na questão afirmam que sim: nas periferias das cidades, sejam grandes, médias ou pequenas, nas quais a presença do Poder Público é fraca, o crime consegue instalar-se mais facilmente. São os chamados espaços segregados, áreas urbanas em que a infraestrutura urbana de equipamentos e serviços (saneamento básico, sistema viário, energia elétrica e iluminação pública, transporte, lazer, equipamentos culturais, segurança pública e acesso à justiça) é precária ou insuficiente, e há baixa oferta de postos de trabalho.
Esse e os demais fatores apontados pelos especialistas não são exclusivos do Brasil, mas ocorrem em toda a América Latina, em intensidades diferentes. Não é a pobreza que causa a violência. Se assim fosse, áreas extremamente pobres do Nordeste não apresentariam, como apresentam, índices de violência muito menores do que aqueles verificados em áreas como São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes cidades. E o país estaria completamente desestruturado, caso toda a população de baixa renda ou que está abaixo da linha de pobreza começasse a cometer crimes.
Outros dois fatores para o crescimento do crime são a impessoalidade das relações nas grandes metrópoles e a desestruturação familiar. Esta última é causa e também efeito. É causa porque sem laços familiares fortes, a probabilidade de uma criança vir a cometer um crime na adolescência é maior. Mas a desestruturação de sua família pode ter sido iniciada pelo assassinato do pai ou da mãe, ou de ambos.
No entanto, alguns especialistas afirmam que essa causa deve ser vista com cautela. Desestrutura familiar, por exemplo, não quer dizer, necessariamente, ausência de pai ou de mãe; ou modelo familiar alternativo. A desestrutura tem a ver com as condições mínimas de afeto e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em qualquer modelo familiar.
Também não é o desemprego. Mas o desemprego de ingresso – quando o jovem procura o primeiro emprego, objetivando sua inserção no mercado formal de trabalho, e não obtém sucesso – tem relação direta com o aumento da violência, porque torna o jovem mais vulnerável ao ingresso na criminalidade. Na verdade, o desemprego, ou o subemprego, mexe com a auto-estima do jovem e o faz pensar em outras formas de conseguir espaço na sociedade, de ser, enfim, reconhecido.
Sem conseguir entrar no mercado de trabalho, recebendo um estímulo forte para o consumo, sem modelos próximos que se contraponham ao que o crime organizado oferece (o apoio, o sentimento de pertencer a um grupo, o poder que uma arma representa, o prestígio) um indivíduo em formação torna-se mais vulnerável.
O crescimento do tráfico de drogas, por si só, é também fator relevante no aumento de crimes violentos. As taxas de homicídio, por exemplo, são elevadas pelos “acertos de conta”, chacinas e outras disputas entre traficantes rivais.
E, ainda, outro fator que infla o número de homicídios no Brasil é a disseminação das armas de fogo, principalmente das armas leves. Discussões banais, como brigas familiares, de bar e de trânsito, terminam em assassinato porque há uma arma de fogo envolvida.
(Luís Antonio Francisco de Souza – sociólogo)
O autor do texto cita uma série de possíveis causas para a violência urbana. Assinale a alternativa que mostra uma causa cuja consequência aparece de forma inadequada.
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a)
A estrutura do espaço urbano – a criação de espaços segregados sem a presença marcante do Poder Público. |
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b)
A disseminação das armas de fogo – o aparecimento de discussões, brigas familiares, desavenças em bares e no trânsito. |
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c)
Desestrutura familiar – aparecimento de desajustes na ausência de condições mínimas de afeto e convivência dentro da família. |
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d)
Desemprego de ingresso – possibilidade de maior vulnerabilidade do jovem e a sua procura de conseguir espaço na sociedade de outras formas. |
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e)
Estímulo forte para o consumo – condução do jovem ainda em formação ao crime organizado, que lhe traz vida em grupo e prestígio. |
Assinale a alternativa que é aceita, sem ressalvas, pelo autor do texto como uma causa clara da violência urbana.
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a)
A estruturação do espaço urbano. |
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b)
A pobreza de grande parte da população. |
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c)
A desestruturação familiar. |
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d)
O desemprego nas grandes metrópoles. |
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e)
A impessoalidade nas relações humanas. |
O emprego dos parênteses no primeiro parágrafo do texto serve para
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a)
completar uma informação que não foi fornecida anteriormente. |
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b)
enumerar quais são os serviços anteriormente referidos. |
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c)
acrescentar uma informação indispensável à continuidade do texto. |
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d)
criticar a ausência do Poder Público nas áreas conflagradas. |
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e)
chamar a atenção do Poder Público para a tarefa a ser feita nas comunidades. |
“Esse e os demais fatores apontados pelos especialistas não são exclusivos do Brasil, mas ocorrem em toda a América Latina, em intensidades diferentes”. Pode-se inferir desse segmento inicial do segundo parágrafo que
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a)
o Brasil é o país que apresenta maior grau de violência urbana em áreas segregadas. |
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b)
o pronome demonstrativo “esse” se refere à estruturação do espaço urbano na América Latina. |
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c)
os “demais fatores” citados já foram indicados no primeiro parágrafo do texto. |
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d)
a adversativa “mas” opõe Brasil X América Latina. |
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e)
todos os países da América Latina passam por problemas semelhantes na área da violência urbana. |
“Não é a pobreza que causa a violência”; para argumentar a favor de sua tese, o autor do texto apela para
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a)
o depoimento de uma autoridade na área. |
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b)
as estatísticas de violência em toda a América latina. |
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c)
a referência às classes pobres do Nordeste. |
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d)
a reduzida violência no Rio de Janeiro e em São Paulo. |
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e)
a maior importância de outros fatores causadores de violência urbana. |
“E o País estaria completamente desestruturado, / caso toda a população de baixa renda ou que está abaixo da linha de pobreza começasse a cometer crimes”. A relação lógica mostrada entre os dois segmentos que compõem esse trecho é, respectivamente, a de
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a)
causa / consequência. |
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b)
fato / explicação. |
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c)
afirmativa / conclusão. |
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d)
consequência / condição. |
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e)
conclusão / fato. |
“Desestrutura familiar, por exemplo, não quer dizer, necessariamente, ausência de pai ou de mãe; ou modelo familiar alternativo. A desestrutura tem a ver com as condições mínimas de afeto e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em qualquer modelo familiar”.
As alternativas a seguir apresentam justificativas de criminosos para seus atos. Assinale a que está mais de acordo com o que é expresso no segmento destacado do texto.
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a)
“É difícil ver todos os jovens de minha idade saírem bem vestidos e acompanhados de garotas bonitas enquanto eu não tenho condições de nem mesmo ir ao cinema”. |
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b)
“Meus pais morreram cedo, na guerra do tráfico, e eu fui criado por meus avós que, por serem muito idosos, não tinham condições de me controlar”. |
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c)
“É complicado você resistir a essa riqueza fácil que o pessoal do tráfico promete a você!” |
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d)
“Desde cedo, meus pais me davam toda a liberdade, na verdade não se importavam muito com o que fazia e eu fui criado ao deus-dará”. |
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e)
“Quando você possui uma arma, as pessoas passam a respeitar você, você passa a ter prestígio, que é o que todo mundo quer”. |
“Também não é o desemprego. Mas o desemprego de ingresso”; entre esses dois elementos sublinhados e em oposição, há uma relação de
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a)
presente / passado. |
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b)
positivo / negativo. |
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c)
geral / particular. |
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d)
nacional / regional. |
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e)
causa / consequência. |
“Discussões banais, como brigas familiares, de bar e de trânsito, terminam em assassinato porque há uma arma de fogo envolvida”; nesse segmento do texto, o autor atribui a ocorrência de assassinatos à
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a)
existência de uma arma de fogo à disposição do assassino. |
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b)
presença de muitas pessoas fora de seus ambientes familiares. |
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c)
gravidade de algumas discussões familiares. |
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d)
falta de educação da grande maioria dos motoristas. |
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e)
diversidade crescente de situações de conflito nas grandes cidades. |
O texto lido pode ser definido, de forma mais adequada, como um texto de
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a)
crítica às autoridades pela falta de combate à violência urbana. |
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b)
análise de espaços urbanos em que ocorre prioritariamente a violência. |
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c)
discussão sobre alguns motivos de assassinatos. |
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d)
alerta contra possível aumento da violência nas grandes metrópoles. |
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e)
apreciação de alguns fatores citados como causas da violência urbana. |