Atenção: Para responder à(s) questão(ões) a seguir, considere o texto abaixo.
Texto I
O canto das sereias é uma imagem que remonta às mais luminosas fontes da mitologia e da literatura gregas. As versões da fábula variam, mas o sentido geral da trama é comum.
As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de extraordinária beleza, viviam sozinhas numa ilha do Mediterrâneo, mas tinham o dom de chamar a si os navegantes, graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraídos por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes submersos da beira-mar e naufragavam. As sereias então devoravam impiedosamente os tripulantes.
Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com vida do canto das sereias? A literatura grega registra duas soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída encontrada por Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.
Quando a embarcação na qual ele navegava entrou inadvertidamente no raio de ação das sereias, ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça tocando uma música ainda mais sublime do que aquela que vinha da ilha. O navio atravessou incólume a zona de perigo.
A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma para vencer as sereias foi o reconhecimento franco e corajoso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a aceitação dos seus inescapáveis limites humanos.
Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza para resistir ao apelo das sereias. Por isso, no momento em que a embarcação se aproximou da ilha, mandou que todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e ordenou que o amarrassem ao mastro central do navio. O surpreendente é que Ulisses não tapou com cera os próprios ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora, Ulisses foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os tripulantes a deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus subordinados, contudo, cumpriram fielmente a ordem de não soltá-lo até que estivessem longe da zona de perigo.
Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, como mortal. Ao se aproximar das sereias, a escolha diante do herói era clara: a falsa promessa de gratificação imediata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de vida − prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar Penélope −, do outro. A verdadeira vitória de Ulisses foi contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o oportunismo suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em sua própria alma.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Auto-engano. São Paulo, Cia. das Letras, 1997. Formato eBOOK)
Há no texto.
a)
rivalidade entre o mortal Ulisses e o divino Orfeu, cujo talento musical causava inveja ao primeiro. |
b)
juízo de valor a respeito das atitudes das sereias em relação aos navegantes e elogio à astúcia de Orfeu. |
c)
crítica à forma pouco original com que Orfeu decide enganar as sereias e elogio à astúcia de Ulisses. |
d)
censura à atitude arriscada de Ulisses, cuja ousadia quase lhe custou seu projeto de vida. |
e)
comparação entre os meios que Orfeu e Ulisses usam para enfrentar o desafio que se apresenta a eles. |
Depreende-se do texto que as sereias atingiam seus objetivos por meio de:
a)
dissimulação. |
b)
lisura. |
c)
observação. |
d)
condescendência. |
e)
intolerância. |
O navio atravessou incólume a zona de perigo. (4.º parágrafo).
Mantém-se o sentido original do texto substituindo-se o elemento grifado por
a)
inatingível. |
b)
intacto. |
c)
inativo. |
d)
impalpável. |
e)
insolente. |
Doce o caminho, amargo o fim. (3.º parágrafo).
A frase acima.
a)
contrapõe a natureza singela das sereias à violência do mar. |
b)
assinala a vitória de Ulisses sobre o poder mágico das sereias. |
c)
descreve a principal consequência do confronto entre Ulisses e as sereias. |
d)
introduz a razão pela qual Orfeu venceu o embate contra as sereias. |
e)
sintetiza o percurso dos navegantes quando eram seduzidos pelas sereias. |
O desfecho positivo para a situação enfrentada por Orfeu adveio.
a)
de seu talento musical. |
b)
do reconhecimento de suas inabilidades. |
c)
da ajuda que recebeu de seus tripulantes. |
d)
do fato de sua embarcação ser bastante resistente. |
e)
do acordo a que ele e as sereias chegaram. |
Estão flexionados nos mesmos tempo e modo os verbos que se encontram em:
a)
... os navios batiam nos recifes submersos da beira-mar... / ... a escolha diante do herói era clara... |
b)
Quando chegou a hora... / As versões da fábula variam... |
c)
... que ele e seus homens não teriam firmeza... / ... que todos os tripulantes tapassem os ouvidos... |
d)
... e fez de tudo para... / ... até que estivessem longe da zona de perigo. |
e)
Ulisses sabia que ele e seus homens... / O navio atravessou incólume a zona de perigo. |
Seus subordinados, contudo, cumpriram fielmente a ordem de não soltá-lo até que estivessem longe da zona de perigo. (6.º parágrafo)
Sem prejuízo para o sentido original e a correção gramatical, o elemento grifado acima pode ser substituído por:
a)
embora. |
b)
entretanto. |
c)
portanto. |
d)
onde. |
e)
por isso. |
As sereias então devoravam impiedosamente os tripulantes
.... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça...
... e fez de tudo para convencer os tripulantes ...
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados acima foram corretamente substituídos por um pronome, na ordem dada, em:
a)
devoravam-lhe - impedi-las - convencer-lhes |
b)
devoravam-no - impedi-las - convencer-lhes |
c)
devoravam-nos - impedir-lhe - convencê-los |
d)
devoravam-lhes - impedi-la - convencê-los |
e)
devoravam-nos - impedi-la - convencê-los |
Uma redação alternativa para um segmento do texto, mantendo-se a correção gramatical e a lógica, está em:
a)
Remontam às mais luminosas fontes da mitologia e da literatura gregas a imagem do canto das sereias. |
b)
As sereias, ninfas de beleza extraordinária, que viviam sozinhas em uma ilha do Mediterrâneo. Tinham o dom de chamar a si os navegantes graças a irresistível melodia do seu canto. |
c)
Existem diferentes versões para a fábula das sereias. Porém, o sentido geral da trama é comum a todas elas. |
d)
Os navios nos quais se deixavam atrair por aquela melodia divina, naufragavam. Na medida que batiam nos recifes, eram submersos a beira-mar. |
e)
Após os navios que batiam nos recifes submersos da beira-mar, os tripulantes impiedosos, os quais naufragavam, eram devorados pelas sereias. |
Copyright © Tecnolegis - 2010 - 2024 - Todos os direitos reservados.