Eu sei que a coisa é séria. Se o Kim Jong‐Um disparar mesmo os foguetes que está ameaçando disparar contra bases americanas na Ásia, teremos uma guerra nuclear com dimensões e consequências imprevisíveis. Mas lendo sobre o perigo iminente não pude deixar de pensar na história do homem que foi atropelado por uma carrocinha de pipoca. Era um homem cauteloso, que olhava para os dois lados antes de atravessar a rua e só atravessava no sinal, e que dificilmente um carro pegaria. Mas que um dia não viu que vinha uma carrocinha de pipoca, e paft. Já no ambulatório do hospital, onde lhe deram uns pontos no braço, o homem disse que tinha sido atropelado por um motoboy. Em casa, contou que tinha sido atropelado por um carro e só por sorte escapara da morte. Naquela noite, para os amigos que souberam do acidente e foram visitá‐lo, especificou: tinha sido atropelado por um BMW. No dia seguinte disse aos colegas de trabalho que tinha sido atropelado por um caminhão e que não sofrera mais que um corte no braço, por milagre. E quando um dos colegas de trabalho comentou que tinha visto o acidente e vira o homem ser atropelado por uma carrocinha de pipoca, gritou: “Calúnia!” Por que me lembrei do homem que tinha vergonha de ter sido atropelado por uma carrocinha de pipoca? Desde o fim da Guerra Fria a possibilidade de um confronto nuclear entre duas potências, os Estados Unidos e a Rússia, diminuiu, mas os estoques de armas nucleares continuaram e sua proliferação também. Israel se segura para não usar seus foguetes para destruir as bombas nucleares que o Irã está ou não está construindo, Índia e Paquistão vivem comparando seus respectivos arsenais nucleares como guris comparam seus pipis, a França e a Inglaterra têm a bomba... Enfim, ainda se vive num frágil equilíbrio de terror possível, exigindo de todos os nucleares um cuidado extremo, um cuidado de atravessar a rua sem serem atropelados pelo imprevisto. E aí aparece o Kim Jong‐Um empurrando uma carrocinha de pipoca em alta velocidade...
(Luiz Fernando Veríssimo, O Globo, 11/04/2013)
“Eu sei que a coisa é séria”. Nessa frase inicial do texto, a palavra coisa ganha o sentido específico de
a)
acontecimentos imprevistos na história humana. |
b)
ameaça de guerra nuclear provocada pela Coreia do Norte. |
c)
atropelamento por uma carrocinha de pipoca. |
d)
confronto nuclear Estados Unidos X Rússia. |
e)
o frágil equilíbrio de terror nuclear. |
“Se o Kim Jong‐Um disparar mesmo os foguetes que está ameaçando disparar contra bases americanas na Ásia,...”.
No segmento do texto acima, a palavra mesmo tem valor de
a)
dúvida. |
b)
certeza. |
c)
opinião. |
d)
previsão. |
e)
oposição. |
“Mas lendo sobre o perigo iminente...”. A palavra sublinhada tem como parônimo eminente, com o qual não pode ser confundido.
Assinale a alternativa em que houve troca indevida entre homônimos ou parônimos.
a)
A guerra nuclear vai infringir sérios danos à espécie humana. – infligir. |
b)
Não deve faltar bom senso aos governantes. – censo. |
c)
Muitos coreanos devem emigrar do país. – imigrar. |
d)
Um pequeno incidente pode gerar uma catástrofe. – acidente. |
e)
A ameaça de uma guerra vem ratificar o perigo das armas nucleares. – retificar. |
“Se o Kim Jong‐Um disparar mesmo os foguetes que está ameaçando disparar contra bases americanas na Ásia, teremos uma guerra nuclear com dimensões e consequências imprevisíveis”.
O segmento sublinhado indica
a)
uma condição para que a oração anterior se realize. |
b)
a causa dos fatos anteriormente apontados. |
c)
uma explicação para os fatos do segmento anterior. |
d)
uma consequência que depende da condição anterior. |
e)
uma conclusão dos fatos aludidos anteriormente. |
Assinale a alternativa em que o valor semântico do conector sublinhado foi corretamente indicado.
a)
“...um cuidado de atravessar a rua sem serem atropelados pelo imprevisto” – concessão. |
b)
“...ameaçando disparar contra bases americanas na Ásia...” – lugar. |
c)
“...que olhava para os dois lados antes de atravessar a rua...” – modo. |
d)
“...o homem disse que tinha sido atropelado por um motoboy.” – causa. |
e)
“...não sofrera mais que um corte no braço...” – comparação. |
A lembrança do episódio da carrocinha de pipoca em face do perigo iminente de uma guerra nuclear surgiu em função de ocorrer, nos dois episódios,
a)
uma quebra de expectativa. |
b)
um final trágico. |
c)
uma desvalorização de um fato. |
d)
um exagero de estimativas. |
e)
uma semelhança de personagens. |
“Israel se segura para não usar seus foguetes para destruir as bombas nucleares que o Irã está ou não está construindo, Índia e Paquistão vivem comparando seus respectivos arsenais nucleares como guris comparam seus pipis, a França e a Inglaterra têm a bomba...”.
O referente do pronome destacado no fragmento de texto acima está corretamente identificado, à exceção de um. Assinale‐o.
a)
se / Israel. |
b)
seus / Israel. |
c)
que / foguetes. |
d)
seus / Índia e Paquistão. |
e)
seus / guris. |
“Era um homem cauteloso, que olhava para os dois lados antes de atravessar a rua e só atravessava no sinal, e que dificilmente um carro pegaria”.
Com relação aos componentes desse segmento do texto, assinale a observação inadequada.
a)
“...que olhava para os dois lados antes de atravessar a rua” – funciona como uma comprovação de que o homem era cauteloso. |
b)
As duas ocorrências do pronome relativo “que” têm por antecedente o substantivo “homem”. |
c)
“...dificilmente um carro pegaria” diz respeito à esperteza e agilidade do homem atropelado. |
d)
A forma verbal “pegaria” indica uma hipótese. |
e)
As formas verbais “atravessar” e “atravessava” estão relacionadas ao mesmo sujeito. |
“Por que me lembrei do homem que tinha vergonha de ter sido atropelado por uma carrocinha de pipoca?”
No fragmento acima se empregou corretamente a regência do verbo lembrar.
Assinale a alternativa que apresenta a frase correta quanto à regência
a)
Os governantes esquecem‐se dos perigos das guerras. |
b)
Onde foram os tempos tranquilos de outras épocas? |
c)
Alguns países aspiram posições mais importantes no mundo. |
d)
Os governantes não se importam que os critiquem. |
e)
Avisou‐se aos governantes dos perigos de um ataque nuclear. |
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