Quando algumas pessoas que só acompanham meu trabalho como jornalista cultural sabem que admiro, pratico e comento futebol, isso sem falar de quando declaro o time para o qual torço, soltam frases como “Isso não é importante”, “Que perda de tempo” ou “Todo mundo tem seu lado irracional”. São frases engraçadamente preconceituosas. Sugerem que os livros e as artes são sempre importantes, nunca desperdiçam nosso tempo e agem como veículos da nossa razão. E está claro que não é assim... E sugerem, por outro lado, que do futebol nada se aprende. Bem, muitos intelectuais aprenderam dele, como de outros esportes, e eu digo sempre que o futebol me ensinou mais sobre o Brasil do que muitos livros de história. Também me ensinou sobre a natureza humana.
Concordo que o futebol não é “importante”; mais ainda, que as pessoas lhe dão muita importância, desde o torcedor que briga com a mulher ou com o vizinho porque o time perdeu até o professor que decide defender a tese de que um time de 11 marmanjos de calções serve como modelo para o que uma nação deve fazer com sua economia, educação, etc. Mas o futebol tem importância por mexer com outras dimensões da nossa natureza, como o instinto de competição física e a inclinação para o ritual simbólico. Como ao ler as lendas da mitologia ou os romances de aventura, projetamos no futebol um gosto pela façanha, uma curiosidade sobre o limite. Viver é mover.
Se 2 bilhões de pessoas param para ver uma final de Copa do Mundo, um observador cultural não pode ficar indiferente a isso. Logo, ver algo que me dá prazer como simulação de nossas possibilidades motoras e lúdicas, não precisa ser perda de tempo. (...)
Sobre o lado irracional, uma das coisas que o futebol mostra é que racionalidade e irracionalidade não são duas instâncias lado a lado, mas que se mesclam e muitas vezes com resultados positivos. O que Pelé fazia em campo podia partir de uma memória corporal vinda desde as brincadeiras de infância – e quantos prazeres da vida não têm a mesma relação com o jogo? – e, no entanto, era produto de um trabalho mental, consciente, forjado em tentativa e erro, repetidas vezes. O craque não é o que pensa mais rápido e, assim, aplica o que faz com a bola dentro da narrativa da partida. Como nas artes, na política ou na paquera, o grande segredo mora no “timing”. É preciso ensaiar para não fazer em campo apenas as jogadas ensaiadas.
(Daniel Piza, O Estado de S.Paulo, 13.06.2010. Adaptado)
A oração … isso sem falar de quando declaro o time para o qual torço…, no contexto do primeiro parágrafo:
a)
indica redundância de ideias e torna o trecho ininteligível. |
b)
apresenta pontuação inadequada, por estar entre vírgulas. |
c)
contém estrutura sintática sem nexo lógico. |
d)
deveria estar no final do período para garantir-lhe a coesão. |
e)
poderia vir entre travessões, pois trata-se de oração intercalada. |
Assinale a alternativa em que a colocação dos termos na frase foge da usual, tal como se observa em ... do futebol de conchavos nada se aprende:
a)
A mídia usa os ídolos para comover a população com emoções fortes. |
b)
A nação embarca num patriotismo desproporcional às vésperas de cada Copa. |
c)
O futebol se amarrou à autoimagem do país para sempre. |
d)
Dos técnicos de futebol muito se fala. |
e)
O surgimento consagrador de Pelé compensou o trauma de 1950. |
O período construído com duas das frases seguintes – “Isso não é importante.”/ “Que perda de tempo.”/ “Todo mundo tem seu lado irracional.” – está correto, quanto à correlação de tempo verbal, em:
a)
Se isso fosse importante, não era perda de tempo. |
b)
Por mais que fosse irracional, não será perda de tempo. |
c)
Embora se perca muito tempo com isso, não é uma irracionalidade. |
d)
Talvez se perde muito com isso e seja assim uma irracionalidade. |
e)
Contanto que isso era perda de tempo, é, pois, uma irracionalidade. |
A nova versão da frase – ... eu digo sempre que o futebol me ensinou mais sobre o Brasil do que muitos livros de história. – está correta, quanto à regência, de acordo com a norma culta, em:
a)
O autor disse: recorro sempre sobre o futebol onde me ensina mais sobre o Brasil que muitos livros de história. |
b)
O futebol franqueou-me mais conhecimentos sobre o Brasil que os livros de história. |
c)
Ele referiu-se com o fato que aprendeu mais sobre o Brasil com o futebol que com os livros de história. |
d)
Supõe-se de que o futebol ensine mais sobre o Brasil que os livros de história. |
e)
Os livros de história não são propensos de ensinamentos sobre o Brasil quanto o futebol. |
As frases do trecho – Concordo que o futebol não é importante, que as pessoas lhe dão muita importância, que um time de 11 marmanjos serve como modelo para uma nação. – estão corretamente reescritas em:
a)
Atenho-me à ideia de que o futebol não é importante, de que as pessoas supervalorizam-no, de que um time de 11 marmanjos presta-se a modelo para uma nação. |
b)
Atenho-me a ideia de que o futebol não é importante, de que as pessoas supervalorizam-lo, de que um time de 11 marmanjos presta-se a modelo para uma nação. |
c)
Atenho-me à ideia de que o futebol não é importante, de que as pessoas supervalorizam-lhe, de que um time de 11 marmanjos presta-se à modelo para uma nação. |
d)
Atenho-me a ideia de que o futebol não é importante, de que as pessoas supervalorizam-no, de que um time de 11 marmanjos presta-se a modelo para uma nação. |
e)
Atenho-me a ideia de que o futebol não é importante, de que as pessoas supervalorizam ele, de que um time de 11 marmanjos presta-se à modelo para uma nação. |
Mas o futebol tem importância por mexer com outras dimensões da nossa natureza, como o instinto de competição física e a inclinação para o ritual simbólico. Como ao ler as lendas da mitologia ou os romances de aventura, projetamos no futebol um gosto pela façanha, uma curiosidade sobre o limite.
Assinale a alternativa correta quanto à grafia da palavra porque:
a)
Mas o futebol tem importância por quê? Você sabe o motivo por que o brasileiro ama futebol? Porque ele mexe com outras dimensões de nossa natureza. |
b)
Mas o futebol tem importância porque? Você sabe o motivo porque o brasileiro ama futebol? Porque ele mexe com outras dimensões de nossa natureza. |
c)
Mas o futebol tem importância por quê? Você sabe o motivo porque o brasileiro ama futebol? Por que ele mexe com outras dimensões de nossa natureza. |
d)
Mas o futebol tem importância por quê? Você sabe o motivo por que o brasileiro ama futebol? Por que ele mexe com outras dimensões de nossa natureza. |
e)
Mas o futebol tem importância por que? Você sabe o motivo porque o brasileiro ama futebol? Por que ele mexe com outras dimensões de nossa natureza. |
Assinale a alternativa que reescreve, sem alteração de sentido, a frase – Mas o futebol tem importância por mexer com outras dimensões da nossa natureza,...:
a)
Pois o futebol tem importância por mexer com outras dimensões da nossa natureza,... |
b)
Porém o futebol tem importância por mexer com outras dimensões da nossa natureza,... |
c)
Logo, o futebol tem importância por mexer com outras dimensões da nossa natureza,... |
d)
Assim, o futebol tem importância por mexer com outras dimensões da nossa natureza,... |
e)
E o futebol tem importância por mexer com outras dimensões da nossa natureza,... |
Na frase ... projetamos no futebol um gosto pela façanha... a expressão um gosto pela façanha está corretamente substituída, de acordo com a norma culta, por um pronome pessoal, em:
a)
projetamos-lhe no futebol... |
b)
... projetamo-lo no futebol... |
c)
... projetamos-no no futebol... |
d)
... projetamos-o no futebol... |
e)
... projetamo-lhe no futebol... |
Assinale a alternativa que completa corretamente a frase dada. Uma final de Copa do Mundo é um evento:
a)
de que um observador cultural não pode ficar indiferente. |
b)
sob o qual um observador cultural não pode ficar indiferente. |
c)
ao qual um observador cultural não pode ficar indiferente. |
d)
ao que um observador cultural não pode ficar indiferente. |
e)
do qual um observador cultural não pode ficar indiferente. |
Assinale a alternativa que reescreve, corretamente, de acordo com a norma culta, os segmentos frasais: As pessoas sabem que pratico futebol .../ O futebol tem mais importância que as artes./ ... algo que me dá prazer:
a)
As pessoas sabem que adiro o futebol .../ O futebol sobrepõem-se às artes./ ... algo que me apraz. |
b)
As pessoas sabem que adero ao futebol .../ O futebol sobrepõe-se as artes./ ... algo que apraza-me. |
c)
As pessoas sabem que adiro ao futebol .../ O futebol sobrepõe-se as artes./ ... algo que me apraz. |
d)
As pessoas sabem que vou aderir ao futebol .../ O futebol sobrepõe-se as artes./ ... algo que me aprazerá. |
e)
As pessoas sabem que adiro ao futebol .../ O futebol sobrepõe-se às artes./ ... algo que me apraz. |
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