ACESSE GRATUITAMENTE + DE 450.000 QUESTÕES DE CONCURSOS!

Informações da Prova Questões por Disciplina Polícia Civil - Espírito Santo - Delegado de Polícia - FUNCAB - 2013 - Prova Objetiva

Língua Portuguesa

Tortura e Eficácia

            Afinal, a tortura funciona ou não funciona? O existencialista Jean-Paul Sartre disse – e, nisso, estava certo – que a tortura era o mal do século XX. Morto em 1980, Sartre não viveu para testemunhar as tentativas às vezes pouco sutis de promover a tortura ao de mal menor do século XXI. [Nos Estados Unidos] a questão acabou ganhando o enfoque da eficácia em decorrência da disputa política. A maioria dos republicanos defende o combate ao terror deflagrado pelo presidente George W. Bush, cujo governo legalizou as chamadas “técnicas aprimoradas” de interrogatório. Entre elas, inclui-se a “simulação de afogamento”, tortura antiga, documentada pela primeira vez no século XIV, e  aplicada com requintes de profissionalismo na Inquisição espanhola. Em geral, os republicanos consideram que as “técnicas aprimoradas” foram úteis para selar a vitória americana sobre a Al Qaeda e descobrir o esconderijo de Bin Laden.

            A maioria dos democratas, que hoje se opõem às políticas antiterror de Bush, mas nem sempre o fizeram no calor da hora, acha que as “técnicas aprimoradas” não passam de eufemismo para a tortura – no que estão cobertos de razão. E alegam que a vitória sobre a Al Qaeda e a morte de Bin Laden não têm nada a ver com a tortura de suspeitos, e sim com anos de trabalho minucioso de inteligência. [...]

            As democracias ocidentais – e os Estados Unidos entre elas, é claro – são moralmente superiores aos terroristas da Al Qaeda e seus protetores. Elas atuam sob o império da lei, sob a égide de uma Constituição, dão satisfação à opinião pública e, flagradas no erro, abrem investigações, punem os infratores e tentam corrigir o rumo. Soldados americanos torturaram guerrilheiros vietcongues. Foram processados e punidos.AFrança pagou um alto preço pelo uso da tortura na guerra da Argélia. Nada disso, como se sabe, acontece no universo do terrorismo. É exatamente por esse motivo que é relevante para o mundo analisar o tratamento moral e jurídico que as democracias – e os Estados Unidos entre elas, é claro – dão à tortura. Infelizmente, a discussão sobre sua eficácia contém uma armadilha. Lembra a célebre “parábola da bomba-relógio”: o terrorista preso sabe onde está a bomba que, em pouco tempo, vai explodir e matar milhares de inocentes. É moralmente aceitável torturá-lo para que revele onde está a bomba e assim salvar vidas inocentes?

            "Isso é uma fábula”, diz o filósofo francês Michel Terestchenko, autor de , em que discute a prática dos suplícios da atualidade. Fábula porque a parábola não existe na vida real. Primeiro, é preciso ter certeza de que há uma bomba. Segundo, ter certeza de que o terrorista sabe onde ela está. Terceiro, ter certeza de que, uma vez torturado, o terrorista dará a informação correta. No mundo insondável do terror, a certeza tríplice é uma quimera. Por trás da charada – assim como por trás da eficácia dos suplícios –, esconde-se uma tentativa de legitimar a tortura. Escreveu o jornalista Elio Gaspari em A Ditadura Escancarada, livro em que disseca a tortura sob o regime militar no Brasil: “É um truque de lógica. Finge demonstrar a necessidade da tortura quando, na realidade, o que busca é a sua inimputabilidade”. É claro que a tortura, às vezes, é eficaz. Em outras, é ineficaz. Mas em qualquer situação é crime.

 

(PETRI, Andre. Rev. Veja: 19/12/2012, p. 130-132.)
1 -

Altera-se profundamente o sentido do enunciado no texto com a substituição do nome substantivo em destaque por qualquer dos nomes propostos em:

a)

a questão acabou ganhando o ENFOQUE da eficácia (§ 1) / ângulo, perspectiva

b)

e aplicada com REQUINTES de profissionalismo (§ 1) / primores, refinamentos

c)

atuam […] sob a ÉGIDE de uma Constituição (§ 3) / amparo, respaldo

d)

“Isso é uma FÁBULA”, diz o filósofo francês Michel Terestchenko (§ 4) / invenção, mentira

e)

a certeza tríplice é uma QUIMERA (§ 4) / tolice, estupidez

2 -

Para persuadir o leitor a concluir como ele, o autor recorre a todas as estratégias argumentativas a seguir, COM EXCEÇÃO apenas da seguinte:

a)

dar exemplo destinado a comprovar ponto de vista pessoal.

b)

valer-se de ironia para desvalorizar ou desqualificar o leitor.

c)

apoiar-seemfato de conhecimento público.

d)

aludir a narrativa alegórica para ilustrar orientação argumentativa.

e)

valer-se de argumento de autoridade na matéria.

3 -

A alternativa em que se lê argumento destinado a justificar ponto de vista emitido em período imediatamente anterior é:

a)

“Morto em 1980, Sartre não viveu para testemunhar as tentativas às vezes pouco sutis de promover a tortura ao status de mal menor do século XXI.” (§ 1)

b)

“A maioria dos republicanos defende o combate ao terror deflagrado pelo presidente George W. Bush, cujo governo legalizou as chamadas ‘ técnicas aprimoradas’ de interrogatório.” (§ 1)

c)

“Elas atuam sob o império da lei, sob a égide de uma Constituição, dão satisfação à opinião pública e, flagradas no erro, abrem investigações, punem os infratores e tentam corrigir o rumo.” (§ 3)

d)

“No mundo insondável do terror, a certeza tríplice é uma quimera.” (§ 4)

e)

"‘Isso é uma fábula’, diz o filósofo francês Michel Terestchenko, autor de O Bom Uso da Tortura, em que discute a prática dos suplícios da atualidade.” (§ 4)"

4 -

A passagem em que há palavra que sinaliza a atitude ou estado psicológico do autor em face do que ele enuncia é a seguinte:

a)

“[Nos Estados Unidos] a questão acabou ganhando o enfoque da eficácia em decorrência da disputa política.” (§ 1)

b)

“Entre elas, inclui-se a ‘simulação de afogamento’, tortura antiga” (§ 1)

c)

“Infelizmente, a discussão sobre sua eficácia contém uma armadilha.” (§ 3)

d)

“A França pagou um alto preço pelo uso da tortura na guerra daArgélia.” (§ 3)

e)

“Soldados americanos torturaram guerrilheiros vietcongues.” (§ 3)

5 -

Entre os pronomes em destaque, aquele que faz referência, não ao que se disse anteriormente no texto, mas ao que vai ser dito em seguida, é:

a)

e, nISSO, estava certo (§ 1)

b)

CUJO governo legalizou as chamadas “técnicas aprimoradas” de interrogatório (§ 1)

c)

mas nem sempre O  fizeram no calor da hora (§ 2)

d)

e os Estados Unidos entre ELAS, é claro (§ 3)

e)

a discussão sobre SUA eficácia contém uma armadilha (§ 3)

6 -

Em: “Morto em 1980, Sartre não viveu para testemunhar as tentativas às vezes pouco sutis de promover a tortura ao status de mal menor do século XXI.”, o adjunto adverbial “Morto em 1980” expressa a seguinte circunstância:

a)

tempo.

b)

consequência.

c)

condição.

d)

causa.

e)

fim.

7 -

Altera fundamentalmente o sentido do enunciado a seguinte mudança proposta para o segundo parágrafo do texto.

a)

Reescrever “se opõem” como “vão ao encontro de”, combinado com o artigo “as”.

b)

Substituir, simultaneamente, “mas” por “não obstante” e “fizeram” por “tenham feito”.

c)

Empregar a forma verbal “acham” em vez da terceira pessoa do singular, “acha”.

d)

Reescrever a expressão metafórica “calor da hora” como “no auge do embate”.

e)

Substituir, após a última vírgula, a locução adversativa “e sim” por “senão”.

8 -

Em: “Terceiro, ter certeza de que, uma vez torturado, o terrorista dará a informação correta.” (§ 4), haverá ERRO de regência verbal caso se substitua a expressão TER CERTEZA DE QUE por:

a)

persuadir-se de que.

b)

admitir de que.

c)

concederem que.

d)

anuir em que.

e)

concordar em que.

9 -

Em: “dão satisfação À OPINIÃO PÚBLICA” (§ 3), mantém-se o acento grave no “a” caso se faça a substituição do termo em destaque por:

a)

a toda e qualquer opinião.

b)

a uma opinião pública por vezes desorientada.

c)

a ela, opinião pública internacional.

d)

as opiniões públicas mais variadas.

e)

a opiniões muitas vezes forjadas pela mídia.

10 -

Segundo as normas em vigor, há ERRO na troca de sinal de pontuação proposta em:

a)

O existencialista Jean-Paul Sartre disse – e, nisso, estava certo – que a tortura era o mal do século XX (§ 1) / parênteses em lugar de travessões

b)

que as “técnicas aprimoradas” não passam de eufemismo para a tortura – no que estão cobertos de razão (§ 2) / vírgula em lugar de travessão

c)

Soldados americanos torturaram guerrilheiros vietcongues. Foram processados e punidos (§ 3) / dois-pontos, seguindo-se minúscula, em lugar de ponto

d)

“Isso é uma fábula”, diz o filósofo francês Michel Terestchenko (§ 4) / travessão em lugar de vírgula

e)

É claro que a tortura, às vezes, é eficaz. Em outras, é ineficaz (§ 4) / vírgula, seguida de minúscula, em lugar de ponto

« anterior 1 2 3 4 5 6 7 8 próxima »

Marcadores

Marcador Verde Favorita
Marcador Azul Dúvida
Marcador Amarelo Acompanhar
Marcador Vermelho Polêmica
Marcador Laranja  Adicionar

Meus Marcadores

Fechar
⇑ TOPO

 

 

 

Salvar Texto Selecionado


CONECTE-SE

Facebook
Twitter
E-mail

 

 

Copyright © Tecnolegis - 2010 - 2024 - Todos os direitos reservados.