Nada superará a beleza, nem todos os ângulos retos da razão. Assim pensava o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil. Morto em 5 de dezembro de insuficiência respiratória, a dez dias de completar com uma festa, no Rio de Janeiro onde morava, 105 anos de idade, Oscar Niemeyer propusera sua própria revolução arquitetônica baseado em uma interpretação do corpo da mulher.
Filho de fazendeiros, fora o único ateu e comunista da família, tendo ingressado no partido por inspiração de Luiz Carlos Prestes, em 1945. Como a agremiação partidária não correspondera a seu sonho, descolara-se dela, na companhia de seu líder, em 1990. “O comunismo resolve o problema da vida”, acreditou até o fim. “Ele faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.”
E desprotegido talvez pudesse se sentir um observador diante da monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília a partir do plano-piloto de Lucio Costa. Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais não tivessem mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? Ele acreditava incutir o ardor em quem experimentava suas construções.
Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos”, aquelas que um observador pode vislumbrar a partir do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, um entre cerca de 500 projetos seus. Brasília, em que pese o sonho necessário, resultara em alguma decepção. Niemeyer vira a possibilidade de construir ali a imagem moderna do País. E como dizer que a cidade, ao fim, deixara de corresponder à modernidade empenhada? Houve um sonho monumental, e ele foi devidamente traduzido por Niemeyer. No Planalto Central, construíra a identidade escultural do Brasil.
(Adaptado de Rosane Pavam. CartaCapital, 07/12/2012, www.cartacapital.com.br/sociedade/a-visao-monumental-2/)
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
O texto sugere que,
a)
ainda que a construção de Brasília, projetada por Niemeyer, possa não ter concretizado a modernidade sonhada pelo arquiteto, a cidade teria se tornado genuína representação desse sonho grandioso. |
b)
considerados os seus mais importantes projetos, a revolução empreendida por Oscar Niemeyer na arquitetura estaria evidentemente ligada a sua filiação ao partido comunista. |
c)
mesmo que não se possa estender esse sentimento para o conjunto da obra de Niemeyer, Brasília provocaria certo mal-estar no observador, o que teria origem no projeto monumental de Lucio Costa. |
d)
na biografia de Niemeyer, ressaltaria uma contradição insolúvel entre sua origem e suas convicções políticas, o que acabaria se resolvendo em suas obras monumentais, que misturam sonho e realidade. |
e)
embora Brasília seja considerada a principal criação de Oscar Niemeyer, o próprio arquiteto não teria ficado satisfeito com a cidade, pois não corresponderia ao que havia sonhado. |
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais não tivessem mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? (3.º parágrafo)
De acordo com o contexto, o sentido do elemento grifado acima pode ser adequadamente reproduzido por:
a)
descompasso. |
b)
problemática. |
c)
melancolia. |
d)
estupefação. |
e)
animosidade. |
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
Assim pensava o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil.
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o verbo grifado acima está em:
a)
Houve um sonho monumental... |
b)
... descolara-se dela, na companhia de seu líder, em 1990. |
c)
... com que a vida seja mais justa. |
d)
... Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos”... |
e)
... este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino... |
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada de modo INCORRETO em:
a)
acreditava incutir o ardor = acreditava incuti-lo |
b)
Nada superará a beleza = Nada lhe superará |
c)
não correspondera a seu sonho = não lhe correspondera |
d)
resolve o problema da vida = resolve-o |
e)
para ilustrar essa perplexidade = para ilustrá-la |
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
... aquelas que um observador pode vislumbrar a partir do Museu de Arte Contemporânea de Niterói...
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:
a)
pode ser vislumbrado. |
b)
vislumbra-se. |
c)
podem ser vislumbradas. |
d)
pode-se vislumbrar. |
e)
podem vislumbrar. |
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
Como a agremiação partidária não correspondera a seu sonho, descolara-se dela, na companhia de seu líder, em 1990.
Sem prejuízo para a correção e o sentido, a frase acima pode ser reescrita do seguinte modo: Descolara-se da agremiação partidária, na companhia de seu líder, em 1990,
a)
contanto que ela não correspondera a seu sonho. |
b)
conquanto ela não correspondera a seu sonho. |
c)
por conseguinte ela não correspondera a seu sonho. |
d)
se bem que ela não correspondera a seu sonho. |
e)
visto que ela não correspondera a seu sonho. |
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
Substituindo-se o segmento em destaque pelo colocado entre parênteses ao final da frase, o verbo que deverá manter-se no singular está em:
a)
Houve um sonho monumental... (sonhos monumentais) |
b)
Bem disse Le Corbusier que Niemeyer... (os que mais conheciam a sua obra) |
c)
Assim pensava o maior arquiteto... (grandes arquitetos como Niemeyer) |
d)
O comunismo resolve o problema da vida... (As revoluções vitoriosas da esquerda) |
e)
Niemeyer vira a possibilidade... (Os arquitetos da geração de Niemeyer) |
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
Sobre a pontuação empregada no texto, afirma-se corretamente:
a)
Em Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos” (último parágrafo), a justificativa para o emprego de aspas é o realce irônico que se quer dar à expressão que elas isolam. |
b)
Em Mas o ser humano, este continua desprotegido... (2.º parágrafo), a vírgula poderia ser retirada sem prejuízo para o sentido e a lógica. |
c)
Em Brasília, em que pese o sonho necessário, resultara em alguma decepção (último parágrafo), as vírgulas poderiam ser substituídas por travessões sem prejuízo para a clareza e a lógica. |
d)
Em um observador diante da monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília... (3.º parágrafo), uma vírgula poderia ser colocada imediatamente depois de monumentalidade, sem prejuízo para o sentido. |
e)
Em No Planalto Central, construíra a identidade escultural do Brasil (último parágrafo), a retirada da vírgula implicaria prejuízo para a clareza e a lógica. |
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
E como dizer que a cidade, ao fim, deixara de corresponder à modernidade empenhada?
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o verbo grifado acima está empregado em:
a)
Houve um sonho monumental... |
b)
Nada superará a beleza... |
c)
Filho de fazendeiros, fora o único ateu e comunista da família... |
d)
No Planalto Central, construíra a identidade escultural do Brasil. |
e)
Brasília [...] resultara em alguma decepção. |
A questão a seguir refere-se ao texto acima.
A frase redigida com correção e clareza é:
a)
A longevidade de Oscar Niemeyer permitiu, à todos os que eventualmente criticavam as suas obras, que as revalorizasse enquanto ele ainda vivia e não apenas depois da sua morte. |
b)
Talvez ninguém tenha feito mais pela divulgação do país no exterior do que Oscar Niemeyer, cujos projetos inconfundíveis, espalhados pelo mundo, nunca deixarão de aludir à paisagem brasileira. |
c)
Até mesmo o governo dos Estados Unidos, que pensamos estarem muitas vezes alheios as coisas que se passam no Brasil, lamentaram a morte de Oscar Niemeyer, cuja nota dizia que ele inspirará gerações. |
d)
Quando se começar à refletir no fato de que tão grande número de templos religiosos, tenham sido realmente construídos ou não, foram projetados por um arquiteto que abertamente se declarava ateu. |
e)
Grandes arquitetos do mundo todo manifestaram sua admiração pela genialidade de Oscar Niemeyer, onde muitos chegaram mesmo a declarar a inspiração de suas obras em seu trabalho. |
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