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Informações da Prova Questões por Disciplina DEPEN - Departamento Penitenciário Nacional - Técnico de Apoio à Assistência Penitenciária - Auxiliar de Consultório Dentário - FUNRIO - 2009

Compreensão e Interpretação de Textos

Texto I

Penas alternativas superam prisões pela primeira vez
Para o governo, ainda se prende em demasia e há 54 mil condenados que poderiam não estar no cárcere
Adriana Carranca

Pela primeira vez, o número de pessoas cumprindo penas e medidas alternativas no Brasil disparou em relação aos presos. Os dados, não consolidados oficialmente, foram obtidos pelo Estado com exclusividade e referem-se ao primeiro semestre deste ano. Até 30 de junho [2008], 498.729 pessoas cumpriam pena ou medida em liberdade (PMA), 13,4% a mais dos que os 439.737 encarcerados, segundo dados do Infopen, sistema de estatísticas do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Caso se exclua quem aguarda julgamento atrás das grades, o número dos que cumprem penas alternativas é 118,6% maior. Só o Rio Grande do Norte não informou o número de presos até junho. Nesse caso, foram usados os dados disponíveis em 31 de maio. Como se trata de um Estado com menos de 1% dos detentos, isso não interfere de forma significativa nas estatísticas.

Em dezembro de 2007, havia 422.522 pessoas cumprindo penas alternativas, menos do que os 423.373 presos. Entre dezembro de 2007 e o fim de junho de 2008, o número de pessoas cumprindo PMAs saltou 18% - ante 4,1% no número de presos. Em comparação com 2006, o salto é ainda maior: 65,5% em relação aos que cumpriam PMAs - ante 9,6% dos detentos.

LEIS

Apesar dos avanços, a coordenadora-geral do Programa de Fomento às Penas e Medidas Alternativas do Depen, Márcia de Alencar, diz que a Justiça brasileira ainda prende em demasia. Segundo ela, há pelo menos 54 mil presos condenados por crimes que já prevêem a substituição da condenação em cárcere por penas alternativas. "A prisão é, no Direito Processual, um recurso de exceção, que se tem mantido como regra", diz.

Segundo Marcia, o aumento no número de pessoas cumprindo condenação em liberdade se deu, "prioritariamente, por um incremento legal dos crimes passíveis de penas alternativas". Em 2002, apenas cinco leis tipificavam crimes com possibilidade de aplicar PMAs. "Hoje, o número de leis para aplicação de PMAs chega a 12."

Por outro lado, o endurecimento da punição para crimes de violência contra a mulher, com a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, levou muitas pessoas para a cadeia, embora as penas previstas nesse caso possam ser cumpridas em liberdade. "Aplicar mais penas alternativas não significa que os criminosos não terão a sua condenação. O que não pode é restringir as penas alternativas somente ao pagamento de cesta básica", diz Marcia. Ela defende maior controle da execução das penas alternativas. "Se o juiz percebe que não há controle, ele mantém o sujeito preso."

O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, prevê R$ 13,8 milhões para a aplicação de PMAs neste ano - é quase o valor investido no setor desde 1994. O Ministério da Justiça promete implantar Núcleos de Defesa do Preso Provisório em seis Estados e fortalecer as defensorias.

                                                                                                                                                                          (Estadão de Hoje / Metrópole, 24/07/2008. Disponível em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080724/not_imp210969,0.php)

1 -

De acordo com a leitura do texto I, as penas e medidas alternativas no Brasil

a)

não deram certo no Brasil.

b)

vêm crescendo em relação ao número de encarcerados.

c)

não foram consolidadas oficialmente.

d)

livram os criminosos da condenação.

e)

limitam-se à distribuição de cestas básicas.

2 -

Ao longo do texto I, aparecem algumas propostas e/ou preocupações acerca da aplicação das penas e medidas alternativas no Brasil. Marque a única alternativa INCORRETA a esse respeito

a)

a Justiça brasileira ainda prende em demasia.

b)

o Rio Grande do Norte não informou o número de presos até junho.

c)

a prisão é, no Direito Processual, um recurso de exceção, que se tem mantido como regra.

d)

as penas alternativas não podem se restringir ao pagamento de cesta básica.

e)

as defensorias precisam ser fortalecidas e novos Núcleos de Defesa do Preso Provisório devem ser criados em seis Estados.

3 -

O texto I utiliza os seguintes recursos, EXCETO

a)

exemplificação.

b)

comparação.

c)

polissemia.

d)

dados estatísticos.

e)

citação.

4 -

"Se o juiz percebe que não há controle, ele mantém o sujeito preso." A utilização de aspas no fragmento do texto I destacado acima se deve à(ao)

a)

deslocamento de sentido.

b)

citação de outra obra.

c)

informalidade da construção frasal.

d)

indicação de clichê.

e)

mudança de enunciador.

Acentuação Gráfica
5 -

O vocábulo cuja acentuação gráfica se justifica segundo a mesma regra observada na palavra “cárcere” é

a)

disponível.

b)

até.

c)

estatísticas.

d)

prevê.

e)

mantém.

Concordância Nominal e Verbal
6 -

Segundo as regras de concordância verbal, verbos impessoais são empregados na terceira pessoa do singular. O exemplo do texto em que o verbo se encontra no singular por ser considerado impessoal é

a)

“Em dezembro de 2007, havia 422.522 pessoas cumprindo penas alternativas...”

b)

“... o número de pessoas cumprindo penas e medidas alternativas no Brasil disparou em relação aos presos.”

c)

“... isso não interfere de forma significativa nas estatísticas.”

d)

"Hoje, o número de leis para aplicação de PMAs chega a 12.”

e)

"Aplicar mais penas alternativas não significa...”

Gramática e Semântica
7 -

“Caso se exclua quem aguarda julgamento atrás das grades, o número dos que cumprem penas alternativas é 118,6% maior.” No fragmento acima, o vocábulo “caso” apresenta valor semântico de

a)

causa.

b)

condição.

c)

concessão.

d)

finalidade.

e)

adversidade.

8 -

“Como se trata de um Estado com menos de 1% dos detentos, isso não interfere de forma significativa nas estatísticas.” O fragmento destacado pode ser reescrito, mantendo o mesmo significado que apresenta no texto I, da seguinte maneira

a)

Trata-se de um Estado com menos de 1% dos detentos, pois isso não interfere de forma significativa nas estatísticas.

b)

Embora se trate de um Estado com menos de 1% dos detentos, isso não interfere de forma significativa nas estatísticas.

c)

Porque se trata de um Estado com menos de 1% dos detentos, isso não interfere de forma significativa nas estatísticas.

d)

Trata-se de um Estado com menos de 1% dos detentos, mas isso não interfere de forma significativa nas estatísticas.

e)

Conquanto se trate de um Estado com menos de 1% dos detentos, isso não interfere de forma significativa nas estatísticas.

Compreensão e Interpretação de Textos

Texto II

Memórias do Cárcere

Graciliano Ramos

 

(...) O sujeito que me interrogou escuro e reforçado, certamente estrangeiro, exprimia-se a custo, numa prosódia de turco ou árabe. Nome. Profissão.

– Qual era o cargo que o senhor tinha lá fora?

indagou o tipo. Sapecou a resposta e acrescentou, à margem, uma cruz a lápis vermelho.

– Que significa isso?

– Quer dizer que o senhor vai para o Pavilhão dos Primários.

– Por quê? Não entendo.

– É uma prisão diferente.

Aludiu ao meu emprego, realmente bem ordinário, na administração pública:

– Os outros vão para as galerias.

Difícil calcular se a mudança me daria vantagem ou desvantagem. Religião.

– Pode inutilizar esse quesito.

– É necessário responder, engrolou, na sua língua avariada, o homem trigueiro.

– Bem. Então escreva. Nenhuma.

– Não posso fazer isso. Todos se explicam.

De fato muitos companheiros se revelavam católicos, vários se diziam espíritas.

– Isso é lá com eles. Devem ser religiosos. Eu não sou.

– Ora! Uma palavra. Que mal faz? É conveniente. Para não deixar a linha em branco.

A insistência, a ameaça velada, a malandragem, que utilizariam para conseguir estatística falsa, indignaram-me.

– O senhor não me vai convencer de que eu tenho uma religião qualquer. Faça o favor de escrever. Nenhuma.

A declaração foi redigida com lenta repugnância e concluiu-se o interrogatório. Ao levantar-me, divisei numa folha outro sinal vermelho, junto ao nome de Sebastião Hora. Cheguei-me à porta, onde se juntavam os que haviam cumprido aquela exigência, observei um pátio, o esvoaçar de pardais estrídulos em ramos de árvores, muros altos a cercar numerosos edifícios, já mergulhados em sombras. Surgiram luzes. Findo o arrolamento, levaram-nos à casa fronteira.

– É aqui o Pavilhão dos Primários? informei-me

– Não, respondeu o sujeito de fala turca. O Pavilhão dos Primários a esta hora está fechado. E amanhã, domingo, não se faz transferência O senhor fica, até segunda-feira, com os outros.

– Está bem.

Percebi que haviam pretendido conferir-me uma distinção, balda possivelmente por teimar em considerar-me ateu. Lembrei-me da advertência injuriosa: – “É conveniente.” Se me acanalhasse afirmando possuir um Deus, mandar-me-iam para lugar razoável, uma espécie de purgatório. Sebastião Hora, marcado também a lápis vermelho, estava conosco: sem dúvida se prejudicara dando resposta semelhante à minha.

 

(RAMOS, Graciliano. Memórias do Cárcere. Record, Rio de Janeiro, 1987, vol. I, p. 289-292.)

9 -

“(...) O sujeito que me interrogou escuro e reforçado, certamente estrangeiro, exprimia-se a custo, numa prosódia de turco ou árabe.” No fragmento do texto II acima destacado, “prosódia” significa

a)

vocabulário.

b)

texto.

c)

pronúncia.

d)

gestual.

e)

aparência.

Gramática e Semântica
10 -

O vocábulo “QUE” é pronome relativo em

a)

“O sujeito que me interrogou...”

b)

“Que significa isso?

c)

“Quer dizer que o senhor vai para o Pavilhão dos Primários.

d)

“O senhor não me vai convencer de que eu tenho uma religião qualquer.

e)

“Percebi que haviam pretendido conferir-me uma distinção”.

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