ACESSE GRATUITAMENTE + DE 450.000 QUESTÕES DE CONCURSOS!

Informações da Prova Questões por Disciplina Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN - Paraíba - Analista de Sistemas - Análise de Sistemas - FUNCAB - 2013 - Prova Objetiva

Compreensão e Interpretação de Textos

Nascer no Cairo, ser fêmea de cupim

Conhece o vocábulo escardichar? Qual o feminino de cupim? Qual o antônimo de póstumo? Como se chama o natural do Cairo?

O leitor que responder “não sei” a todas estas perguntas não passará provavelmente em nenhuma prova de Português de nenhum concurso oficial. Aliás, se isso pode servir de algum consolo à sua ignorância, receberá um abraço de felicitações deste modesto cronista, seu semelhante e seu irmão.

Porque a verdade é que eu também não sei. Você dirá, meu caro professor de Português, que eu não deveria confessar isso; que é uma vergonha para mim, que vivo de escrever, não conhecer o meu instrumento de trabalho, que é a língua.

Concordo. Confesso que escrevo de palpite, como outras pessoas tocam piano de ouvido. De vez em quando um leitor culto se irrita comigo e me manda um recorte de crônica anotado, apontando erros de Português. Um deles chegou a me passar um telegrama, felicitando-me porque não encontrara, na minha crônica daquele dia, um só erro de Português; acrescentava que eu produzira uma “página de bom vernáculo, exemplar”. Tive vontade de responder: “Mera coincidência” – mas não o fiz para não entristecer o homem.

Espero que uma velhice tranquila – no hospital ou na cadeia, com seus longos ócios – me permita um dia estudar com toda calma a nossa língua, e me penitenciar dos abusos que tenho praticado contra a sua pulcritude. (Sabem qual o superlativo de pulcro? Isto eu sei por acaso: pulquérrimo! Mas não é desanimador saber uma coisa dessas? Que me aconteceria se eu dissesse a uma bela dama: a senhora é pulquérrima? Eu poderia mequeixar se o seu maridomedescesse a mão?).

[...]

Vários problemas e algumas mulheres já me tiraram o sono, mas não o feminino de cupim. Morrerei sem saber isso. E o pior é que não quero saber; nego-me terminantemente a saber, e, se o senhor é um desses cavalheiros que sabem qual é o feminino de cupim, tenha a bondade de não me cumprimentar.

Por que exigir essas coisas dos candidatos aos nossos cargos públicos? Por que fazer do estudo da língua portuguesa uma série de alçapões e adivinhas, como essas histórias que uma pessoa conta para “pegar” as outras? O habitante do Cairo pode ser cairense, cairei, caireta, cairota ou cairiri – e a única utilidade de saber qual a palavra certa será para decifrarumproblema de palavras cruzadas. [...]

No fundo o que esse tipo de gramático deseja é tornar a língua portuguesa odiosa; não alguma coisa através da qual as pessoas se entendam, mas um instrumento de suplício e de opressão que ele, gramático, aplica sobre nós, os ignaros.

Mas a mim é que não me escardicham assim, sem mais nem menos: não sou fêmea de cupim nem antônimo do póstumo nenhum; e sou cachoeirense, de Cachoeiro, honradamente – de Cachoeiro de Itapemirim! (BRAGA, Rubem. Nascer no Cairo e ser fêmea de cupim. Em Carlos Drummond deAndrade e outros.  Crônicas. São Paulo: Ática, 2003. v.3. p. 21-22. Coleção Para Gostar de Ler)

Vocabulário:

1. Pulcro: formoso, belo, gentil.

2. Escardichar: remexer, catar, enganar.

Leia o texto acima e responda à(s) questão(ões) proposta(s).

1 -

Na crônica “Nascer no Cairo, ser fêmea de cupim”, o cronista defende a ideia de que:

a)

é essencial o conhecimento enciclopédico da língua.

b)

a profissão de cronista exige conhecimento linguístico.

c)

o gramático torna acessível a língua portuguesa.

d)

há certos conhecimentos da língua que não têm serventia.

e)

a língua portuguesa se alimenta da opressão dos gramáticos.

2 -

Segundo o autor, o que, provavelmente, acontecerá com o leitor que não souber responder às perguntas feitas no primeiro parágrafo?

a)

Atrairá a simpatia de outros leitores que também não sabem as respostas.

b)

Receberá felicitações dos professores de Português.

c)

Perceberá a efemeridade de uma página do bom vernáculo.

d)

Gastará muito tempo decifrando palavras.

e)

Não passará em nenhuma prova de concurso.

3 -

Há um momento do texto em que o autor dialoga com um leitor específico. Em que parágrafo isso ocorre?

a)

primeiro.

b)

terceiro.

c)

quarto.

d)

quinto.

e)

oitavo.

Concordância Nominal e Verbal
4 -

Analise as afirmativas a respeito da flexão dos verbos destacados no fragmento a seguir:

“Um deles chegou a me passar um telegrama, felicitando-me porque não ENCONTRARA, na minha crônica daquele dia, um só erro de Português; ACRESCENTAVA que eu PRODUZIRA uma ‘página de bom vernáculo, exemplar’.”

I. A forma verbal ACRESCENTAVA refere-se a um ato inconcluso, que se prolonga por algum tempo no passado.

II. Todas as formas verbais destacadas fazem referência a um fato concluído no passado.

III. ENCONTRARA e PRODUZIRA referem-se a um fato ocorrido no passado, anterior a outro fato também passado.

A alternativa que indica a(s) afirmativa(s) correta(s) é:

a)

somente I e III estão corretas.

b)

somente II e III estão corretas.

c)

somente a III está correta.

d)

somente I e II estão corretas.

e)

somente a I está correta.

Compreensão e Interpretação de Textos
5 -

De acordo com o contexto, a expressão “descesse a mão” (parágrafo 5) e o vocábulo “pegar” (parágrafo 7) possuem sentido:

a)

denotativo.

b)

informativo.

c)

conotativo.

d)

metalinguístico.

e)

pleonástico.

6 -

Leia os trechos a seguir e assinale a alternativa em que, considerando o contexto, estão apresentados os sinônimos adequados e respectivos para as palavras destacadas.

I. “Aliás, se isso pode servir de algum CONSOLO à sua ignorância [...]”

II. “[...] receberá um abraço de felicitações deste MODESTO cronista [...]”

a)

consonância, virtuoso.

b)

alívio, simples.

c)

estabilização, despretensioso.

d)

base, moderado.

e)

ajuste, parco.

7 -

Assinale a alternativa em que o vocábulo destacado possui valor anafórico.

a)

“[...] eu NÃO deveria confessar isso [...]”

b)

“Um deles chegou a ME passar um telegrama [...]”

c)

“MAS não é desanimador saber uma coisa dessas?”

d)

“Por que exigir ESSAS coisas dos candidatos aos nossos cargos públicos?”

e)

“Isto EU sei por acaso [...]”

8 -

No fragmento “MAS não é desanimador saber uma coisa dessas?”, a relação de sentido estabelecida pela conjunção destacada é:

a)

finalidade.

b)

adversidade.

c)

temporalidade.

d)

conformidade.

e)

causalidade.

Estrutura e Formação das Palavras
9 -

As palavras estão em constante processo de evolução, o que torna a língua um fenômeno vivo que acompanha o homem. Considerando os processos de formação de palavras, pode-se afirmar que cachoeirense é formada por:

a)

regressão.

b)

justaposição.

c)

prefixação.

d)

sufixação.

e)

aglutinação.

Sintaxe da Oração e do Período
10 -

“[...] mas um instrumento de suplício e de opressão que ele, GRAMÁTICO, aplica sobre nós, os IGNAROS.”

Os vocábulos destacados no fragmento acima exercem a função sintática de:

a)

adjunto adnominal.

b)

complemento nominal.

c)

objeto indireto.

d)

vocativo.

e)

aposto.

« anterior 1 2 3 4 5 6 próxima »

Marcadores

Marcador Verde Favorita
Marcador Azul Dúvida
Marcador Amarelo Acompanhar
Marcador Vermelho Polêmica
Marcador Laranja  Adicionar

Meus Marcadores

Fechar
⇑ TOPO

 

 

 

Salvar Texto Selecionado


CONECTE-SE

Facebook
Twitter
E-mail

 

 

Copyright © Tecnolegis - 2010 - 2024 - Todos os direitos reservados.