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Informações da Prova Questões por Disciplina Ministério Público Estadual - Amapá - Analista Ministerial - Arquitetura - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2012 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

Van Gogh

                Quando, em 1890, Vincent van Gogh (1853-1890) se
dispôs a pintar uma noite estrelada e se pôs diante da tela em
branco, nada ali indicava por onde começar. Mas acordara,
naquele dia, decidido a inventar uma noite delirantemente
estrelada, como imaginava frequentemente e não se atrevia a
fazê-lo não se sabe se por temer errar a mão e pôr a perder o
sonho ou se porque preferia guardá-lo como uma possibilidade
encantadora, uma esperança que o mantinha vivo.

                Aliás, já tentara antes expressar na tela seu fascínio pelo
céu constelado. Um ano antes, pintara duas telas em que fixava
a beleza do céu noturno
uma dessas telas mostra a entrada
de um café com mesas na calçada e, ao fundo, no alto, o céu
negro ponteado de estrelas; a outra tela é uma paisagem
campestre sob as estrelas. Mas eram como ensaios, tentativas
de aproximação do tema que continuava a exigir dele a
expressão plena, ou melhor, extrema, como era próprio de sua
personalidade passional.

                Vincent van Gogh era uma personalidade difícil de
explicar, mas um pintor genial ele foi, sem dúvida. E uma de
suas obras-primas é, certamente, aquela "Noite Estrelada" de
1889.

               Imagino o momento em que se dispôs a pintá-la: tem
diante de si a tela em branco e pode ser que esteja ao ar livre
em plena noite. Mas a noite real é pouca. A noite que deseja
pintar é outra, mais bela e mais feérica que a real. Por isso, a
tela em branco é um abismo. Um abismo de possibilidades
infinitas, já que a noite que gostaria de pintar não existe, mas
deveria existir, pois o seu sonho a deseja.

                 Como começar a pintá-la, se ela não existe? Diante da
tela em branco, tudo é possível e, por isso mesmo, nada é
possível, a menos que se atreva a começá-la. E assim, num
impulso, lança a primeira pincelada que, embora imprevista,
reduz a probabilidade infinita do vazio e dá começo à obra.

                   E assim foi que a sucessão de pinceladas, de linhas e
cores, aos poucos definiu uma paisagem noturna que era mais
céu que terra: um pinheiro que liga o chão ao céu e, lá adiante,
a pequena vila sobre a qual uma avassaladora tormenta
cósmica se estende, como se assistíssemos ao nascer do
Universo.

(Adaptado de Ferreira Gullar. Folha de S. Paulo, 17/06/12)

1 -

É INCORRETO afirmar que o autor

a)

aborda o tema da dificuldade do artista em iniciar uma obra.

b)

expõe a admiração que sente pela produção artística de van Gogh.

c)

destaca a relevância da tela "Noite Estrelada" na trajetória artística de van Gogh.

d)

assinala que o artista prescinde de técnica para dar vazão à criatividade.

e)

narra, em certos momentos, o processo de criação do pintor como se o tivesse presenciado de fato.

Significação das Palavras
2 -

... mais bela e mais feérica que a real. (4º parágrafo)

Mantendo-se a correção e a lógica, o termo grifado acima pode ser substituído por:

a)

ofuscante

b)

manifesta.

c)

humilde.

d)

controversa.

e)

transparente.

Pronomes: Emprego, Formas de Tratamento e Colocação
3 -

Fazendo-se as alterações necessárias, o termo grifado foi corretamente substituído por um pronome em:

a)

decidido a inventar uma noite = decidido a inventá-la

b)

expressar [...] seu fascínio pelo céu constelado = expressar-lhe

c)

tem diante de si a tela em branco = tem-a diante de si

d)

Imagino o momento = Imagino-lhe

e)

definiu uma paisagem noturna = definiu-na

Sintaxe da Oração e do Período
4 -

... ou se porque preferia guardá-lo...

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está também grifado em:

a)

... se dispôs a pintar uma noite estrelada...

b)

... em que fixava a beleza do céu noturno...

c)

...se assistíssemos ao nascer do Universo.

d)

... acordara, naquele dia...

e)

... mas deveria existir...

Vozes do Verbo
5 -

E assim, num impulso, lança a primeira pincelada...

Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:

a)

foi lançada.

b)

é lançada.

c)

fora lançada.

d)

lançaram-se

e)

era lançada.

Conjunção
6 -

E assim, num impulso, lança a primeira pincelada que, embora imprevista....

Mantendo-se a correção e a lógica, sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase, o elemento grifado acima pode ser substituído por:

a)

contudo.

b)

entretanto.

c)

apesar de.

d)

porém.

e)

enquanto que.

Flexão Nominal e Verbal
7 -

Substituindo-se o segmento grifado pelo que está entre parênteses, o verbo que deverá flexionar-se em uma forma do plural está em:

a)

... o momento em que se dispôs a pintá-la... (os momentos)

b)

... sobre a qual uma avassaladora tormenta cósmica se estende... (avassaladoras tormentas cósmicas)

c)

... uma dessas telas mostra a entrada de um café com mesas na calçada... (cafés com mesas na calçada)

d)

... a sucessão de pinceladas, de linhas e cores, aos poucos definiu uma paisagem noturna... (as paisagens noturnas)

e)

... tem diante de si a tela em branco... (telas em branco)

Interpretação de Textos

Ocupação econômica

                     A ocupação econômica das terras americanas constitui
um episódio da expansão comercial da Europa. Não se trata de
deslocamentos de população provocados por pressão demo-
gráfica ou de grandes movimentos de povos determinados pela
ruptura de um sistema cujo equilíbrio se mantivesse pela força.
O comércio interno europeu, em intenso crescimento a partir do
século
XI, havia alcançado um elevado grau de desenvol-
vimento no século
XV, quando as invasões turcas começaram a
criar dificuldades crescentes às linhas orientais de abasteci-
mento de produtos de alta qualidade, inclusive manufaturas. O
restabelecimento dessas linhas, contornando o obstáculo oto-
mano, constitui sem dúvida alguma a maior realização dos
europeus na segunda metade desse século.

                     A descoberta das terras americanas é, basicamente, um
episódio dessa obra ingente. De início pareceu ser episódio
secundário. E na verdade o foi para os portugueses durante
todo um meio século. Aos espanhóis revertem em sua tota-
lidade os primeiros frutos, que são também os mais fáceis de
colher. O ouro acumulado pelas velhas civilizações da meseta
mexicana e do altiplano andino é a razão de ser da América,
como objetivo dos europeus, em sua primeira etapa de exis-
tência histórica. A legenda de riquezas inapreciáveis por des-
cobrir corre a Europa e suscita um enorme interesse por novas
terras. Esse interesse contrapõe Espanha e Portugal, “donos”
dessas terras, às demais nações europeias. A partir desse
momento a ocupação da América deixa de ser um problema
exclusivamente comercial: intervêm nele importantes fatores
políticos. A Espanha
a quem coubera um tesouro como até
então não se conhecera no mundo
tratará de transformar os
seus domínios numa imensa cidadela. Outros países tentarão
estabelecer-se em posições fortes.

                     O início da ocupação econômica do território brasileiro é
em boa medida uma consequência da pressão política exercida
sobre Portugal e Espanha pelas demais nações europeias.

(Fragmento adaptado de Celso Furtado. Formação Econômica do Brasil. 34. ed. S.Paulo: Cia. das Letras, 2007. p. 25)

8 -

O fato de a descoberta da América ter parecido, num primeiro momento, um episódio secundário explica-se, segundo o autor,

a)

por conta das disputas entre Portugal e Espanha, de um lado, e os demais países europeus, de outro, pela descoberta de novas terras no oriente.

b)

em função dos embates políticos entre os países europeus, mais preocupados em estabelecer posições de força na própria Europa do que com as novas terras.

c)

por estar inserida no contexto maior da expansão do comércio europeu e, particularmente, das relações comerciais da Europa com o oriente.

d)

porque inicialmente coube apenas aos espanhóis o estabelecimento de relações comerciais intensas com os povos americanos, ricos em ouro.

e)

pela maior preocupação que tinham os europeus com as invasões turcas, que ameaçavam a própria independência de países como Portugal e Espanha.

9 -

O segmento do texto corretamente expresso em outras palavras está em:

a)

provocados por pressão demográfica = demandados por movimentos civis e democráticos

b)

numa imensa cidadela = num município gigantesco

c)

legenda de riquezas inapreciáveis = descrição de tesouros inacessíveis

d)

a razão de ser da América = o maior motivo americano

e)

um episódio dessa obra ingente = um evento desse trabalho grandioso

10 -

Atente para as afirmações abaixo sobre a construção do texto.

I. Não se trata de deslocamentos de população provocados por pressão demográfica ou de grandes movimentos de povos determinados pela ruptura de um sistema cujo equilíbrio se mantivesse pela força. (1° parágrafo)
Com essa frase, o autor procura reforçar o argumento inicial sobre o caráter comercial da ocupação das terras americanas e, ao mesmo tempo, diferenciá-la de ocupações determinadas por outras razões. 
II. A descoberta das terras americanas é, basicamente, um episódio dessa obra ingente. (2º parágrafo) 
Essa frase introduz um novo tópico, a ser desenvolvido ao longo do parágrafo, com a qual o autor procura relativizar algumas das afirmações feitas no primeiro. 
III. O início da ocupação econômica do território brasileiro é em boa medida uma consequência da pressão política exercida sobre Portugal e Espanha pelas demais nações europeias. (3º parágrafo)
A frase final contrapõe-se à afirmação inicial do texto, de modo a separar claramente os fatores que levaram à ocupação das terras brasileiras daqueles que resultaram na ocupação da América espanhola. 

Está correto o que se afirma em

a)

I, apenas.

b)

III, apenas.

c)

II e III, apenas.

d)

I, II e III.

e)

I e II, apenas.

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