Aparentemente ninguém deu muita bola para a proposta, feita pela comissão de juristas que revê o Código Penal, de descriminalizar certos tipos de eutanásia. Esse, entretanto, é um assunto importantíssimo e que tende a ficar cada vez mais premente, à medida que a população envelhece e a medicina amplia seu arsenal terapêutico.
Desligar as máquinas que mantêm um paciente vivo pode ser descrito como um caso de homicídio, ainda que com o objetivo nobre de evitar sofrimento, ou como uma recusa em prosseguir com tratamento fútil, o que é perfeitamente legal.
Como sempre, acho que cabe a cada qual fazer suas próprias escolhas. Mas, já que nem sempre sabemos o que é melhor, convém dar uma espiadela em como pensam aqueles que, de fato, entendem do assunto.
Num artigo que está movimentando a blogosfera sanitária e já foi reproduzido no “Wall Street Journal” e no “Guardian”, o doutor Ken Murray sustenta que, embora os médicos apliquem todo tipo de manobra heroica para prolongar a vida de seus pacientes, quando se trata de suas próprias vidas e das de seus entes queridos, eles
são bem mais comedidos.
Como estão familiarizados com o sofrimento e os desfechos das medidas extremas, querem estar seguros de que, quando a sua hora vier, ninguém vai tentar reanimá-los nem levá-los a uma UTI para entubá-los e espetá-los com cateteres. Murray diz que um de seus colegas chegou a tatuar o termo “no code” (sem ressuscitação) no próprio corpo.
A pergunta que fica, então, é: se não são sádicos, por que os médicos fazem aos outros o que não desejam para si mesmos? E a resposta de Murray é que ocorre uma perversa combinação de variáveis emocionais, econômicas, mal-entendidos linguísticos, além, é claro, da própria lógica do sistema. Em geral, para o médico é muito mais fácil e seguro apostar no tratamento, mesmo que ele se estenda para muito além do razoável.
(Hélio Schwartsman - Folha de São Paulo, 18/03/2012)
O título "A boa morte" sugere opinião acerca da descriminalização de certos casos de eutanásia.
Um dos argumentos apresentados pelo autor considera que esse debate trata de:
a)
tema da atualidade, indicado pelo aumento de casos de homicídio em hospitais brasileiros. |
b)
polêmica linguística, provocada por leituras equivocadas da proposta de revisão da legislação. |
c)
impasse ético, advindo do conhecimento da ineficácia de medidas extremas em tratamento intensivo. |
d)
omissão da lei, confrontada com o envelhecimento gradual da população brasileira. |
e)
questão particular, decorrente da insegurança de alguns médicos participantes da pesquisa. |
No quarto parágrafo, a citação de um artigo amplamente divulgado tem o seguinte objetivo:
a)
apresentar um relato pessoal do pesquisador |
b)
reforçar proposta de alteração da comissão de juristas |
c)
contestar crítica à atuação profissional dos médicos |
d)
verificar a coerência da discussão proposta pelo autor |
e)
demonstrar impossibilidade de mudança do Código Penal |
O texto lido é um artigo de opinião. A argumentação desenvolvida pelo autor sustenta-se fundamentalmente em:
a)
preferência dos profissionais de saúde ao atendimento a familiares |
b)
comentários depreciativos acerca da atuação dos médicos |
c)
dependência econômica dos médicos em relação ao sistema de saúde |
d)
contradição no tratamento conferido a pacientes e a médicos e seus familiares |
e)
vontade dos médicos de receber o mesmo tratamento dispensado a pacientes |
"(...) um assunto importantíssimo e que tende a ficar cada vez mais premente, à medida que a população envelhece e a medicina amplia seu arsenal terapêutico."
A locução "à medida que", no fragmento acima, assume o seguinte valor semântico:
a)
temporalidade |
b)
causalidade |
c)
proporcionalidade |
d)
finalidade |
e)
adversidade |
Os pronomes podem retomar palavras e expressões ou ainda ideias inteiras, já enunciadas no texto.
A alternativa em que o pronome destacado retoma toda uma ideia apresentada anteriormente é:
a)
"Esse, entretanto, é um assunto importantíssimo" (1.º parágrafo) |
b)
"a medicina amplia seu arsenal terapêutico" (1.º parágrafo) |
c)
"cabe a cada qual fazer suas próprias escolhas" (3.º parágrafo) |
d)
"dar uma espiadela em como pensam aqueles" (3.º parágrafo) |
e)
"eles são bem mais comedidos" (4.º parágrafo) |
A alternativa em que a vírgula separa uma sequência de elementos coordenados é:
a)
"Esse, entretanto, é um assunto importantíssimo e que tende a ficar cada vez mais premente" |
b)
"dar uma espiadela em como pensam aqueles que, de fato, entendem do assunto" |
c)
"foi reproduzido no 'Wall Street Journal' e no 'Guardian', o doutor Ken Murray sustenta" |
d)
"querem estar seguros de que, quando a sua hora vier, ninguém vai tentar reanimá-los" |
e)
"perversa combinação de variáveis emocionais, econômicas, mal-entendidos linguísticos" |
No trecho "Aparentemente ninguém deu muita bola para a proposta, feita pela comissão de juristas que revê o Código Penal", observa-se o uso de um pronome relativo, que se refere a um termo antecedente.
A alternativa na qual palavra "que" não pode ser classificada como pronome relativo é:
a)
"Desligar as máquinas que mantêm um paciente vivo" |
b)
"Num artigo que está movimentando a blogosfera sanitária" |
c)
"recusa em prosseguir com tratamento fútil, o que é perfeitamente legal" |
d)
"Murray diz que um de seus colegas chegou a tatuar o termo 'no code'" |
e)
"como pensam aqueles que, de fato, entendem do assunto" |
A palavra "descriminalizar" (1.º parágrafo) é formada pelo mesmo tipo de derivação observado na palavra da seguinte alternativa:
a)
espetar |
b)
familiarizar |
c)
tatuar |
d)
recusar |
e)
reanimar |
A palavra "variáveis" recebe acento gráfico por atender exatamente aos mesmos critérios que a seguinte palavra:
a)
vírus |
b)
fútil |
c)
homicídio |
d)
caráter |
e)
razoável |
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