1 As grandes atividades arquetípicas da sociedade
humana são, desde o início, inteiramente marcadas pelo jogo.
Como, por exemplo, no caso da linguagem, esse primeiro e
4 supremo instrumento que o homem forjou a fim de poder
comunicar, ensinar e comandar. É a linguagem que lhe permite
distinguir as coisas, defini-las e constatá-las, em resumo,
7 designá-las e com essa designação elevá-las ao domínio do
espírito. Na criação da fala e da linguagem, brincando com essa
maravilhosa faculdade de designar, é como se o espírito
10 estivesse constantemente saltando entre a matéria e as coisas
pensadas. Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma
metáfora, e toda metáfora é jogo de palavras. Assim, ao dar
13 expressão à vida, o homem cria outro mundo, um mundo
poético, ao lado do da natureza. O puro e simples jogo
constitui, nesse contexto, uma das principais bases da
16 civilização.
Johan Huizinga. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 7-8 (com adaptações).
Com referência às ideias do texto acima e às estruturas nele empregadas, julgue o(s) item(ns) a seguir.
As expressões "primeiro e supremo instrumento" (l.3-4), "maravilhosa faculdade de designar" (l.9) e "toda expressão abstrata" (l.11) referem-se à linguagem.
Certa. |
Errada. |
O autor argumenta que o jogo é uma das principais bases da civilização, contrariando a ideia corrente de que a sociedade é embasada na linguagem.
Certa. |
Errada. |
Os verbos "comunicar", "ensinar" e "comandar", quando complementados pelo pronome a, acentuam-se da mesma forma que "constatá-las", "designá-las" e "elevá-las".
Certa. |
Errada. |
Infere-se do penúltimo período do texto que o homem expressa o significado da vida por meio da poesia.
Certa. |
Errada. |
1 Os filósofos do Iluminismo observavam um preceito
simples, mas obviamente muito poderoso. Quanto mais formos
capazes de compreender racionalmente o mundo, e a nós
4 mesmos, mais poderemos moldar a história para nossos
próprios propósitos. Temos de nos libertar dos hábitos e
preconceitos do passado a fim de controlar o futuro.
7 Segundo essa concepção, com o maior
desenvolvimento da ciência e da tecnologia, o mundo iria se
tornar mais estável e ordenado. O romancista George Orwell,
10 por exemplo, anteviu uma sociedade com excessiva
estabilidade e previsibilidade — em que nos tornaríamos todos
minúsculos dentes de engrenagem de uma vasta máquina social
13 e econômica.
O mundo em que nos encontramos hoje, no entanto,
não se parece muito com o que eles previram. Em vez de estar
16 cada vez mais sob nosso comando, parece um mundo em
descontrole. Além disso, algumas das influências que,
supunha-se antes, iriam tornar a vida mais segura e previsível
19 para nós, entre elas o progresso da ciência e da tecnologia,
tiveram muitas vezes o efeito totalmente oposto. A mudança do
clima global e os riscos que a acompanham, por exemplo,
22 resultam provavelmente de nossa intervenção no ambiente. Não
são fenômenos naturais. A ciência e a tecnologia estão
inevitavelmente envolvidas em nossas tentativas de fazer face
25 a esses riscos, mas também contribuíram para criá-los.
Deparamo-nos com situações de risco que ninguém
teve de enfrentar na história passada — das quais o
28 aquecimento global é apenas uma. Muitos de novos riscos e
incertezas nos afetam onde quer que vivamos, não importa
quão privilegiados ou carentes sejamos. Eles estão
31 inextricavelmente ligados à globalização. A ciência e a
tecnologia tornaram-se elas próprias globalizadas.
Anthony Giddens. Mundo em descontrole. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 13-4 (com adaptações).
Julgue o(s) item(ns) a seguir, relativos às ideias do texto acima e às estruturas nele empregadas.
O desenvolvimento proporcionado pela ciência e pela tecnologia, ao contrário do que a concepção iluminista fez supor, não resultou em "estabilidade e previsibilidade" (l.11).
Certa. |
Errada. |
O emprego da primeira pessoa do plural, no texto, revela subjetividade, característica própria dos textos argumentativos, que expressam sempre o ponto de vista do autor.
Certa. |
Errada. |
O emprego do futuro do pretérito em "iria se tornar" (l.8-9) e "nos tornaríamos" (l.11) justifica-se por terem as previsões dos filósofos iluministas se concretizado.
Certa. |
Errada. |
Em "não se parece muito com o que eles previram" (l.15), o pronome "que" tem como antecedente o pronome "o", que se refere a "mundo" (l.14).
Certa. |
Errada. |
O autor desenvolve raciocínio indutivo para defender tese acerca dos riscos que o aquecimento global representa para o mundo atualmente.
Certa. |
Errada. |
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