Acho ótimo que a Igreja Católica tenha escolhido a saúde pública como tema de sua campanha da fraternidade deste ano. Todas as burocracias – e o SUS não é uma exceção – têm a tendência de acomodar-se e, se não as sacudirmos de vez em quando, caem na abulia. É bom que a Igreja use seu poder de mobilização para cobrar melhorias. Tenho dúvidas, porém, de que o foco das ações deva ser o combate ao que dom Odilo Scherer, numa entrevista, chamou de terceirização e comercialização da saúde. É verdade que colocar um preço em procedimentos médicos nem sempre leva ao melhor dos desfechos, mas é igualmente claro que consultas, cirurgias e drogas têm custos que precisam ser gerenciados. Ignorar as leis de mercado, como parece sugerir dom Odilo, provavelmente levaria o sistema ao colapso, prejudicando ainda mais os pobres. Para o religioso, é “a dignidade do ser humano” que deve servir como critério moral na tomada de decisões relativas a vida e morte. O problema com a “dignidade” é que ela é subjetiva demais. A pluralidade de crenças e preferências do ser humano é tamanha que o termo pode significar qualquer coisa, desde noções banais, como não humilhar desnecessariamente o paciente (forçando-o, por exemplo, a usar aqueles horríveis aventais vazados atrás), até a adesão profunda a um dogma religioso (há confissões que não admitem transfusões de sangue). Numa sociedade democrática não podemos simplesmente apanhar uma dessas concepções e elevá-la a valor universal. E, se é para operar com todas as noções possíveis, então já não estamos falando de dignidade, mas, sim, de respeito à autonomia do paciente, conceito que a substitui sem perdas.
(Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, março/2012)
Ao mesmo tempo em que reconhece a importância de a Igreja Católica ter escolhido a saúde como tema da campanha da fraternidade, o autor NÃO aprova que o foco das ações deva ser, como propõe dom Odilo Scherer,
a)
o apoio às iniciativas que valorizem sobretudo os serviços terceirizados no campo da saúde. |
b)
a franca resistência às iniciativas comerciais que subordinam as questões da saúde às leis do mercado. |
c)
a transferência de responsabilidades na área da saúde, de modo a privilegiar as empresas mais habilitadas. |
d)
a estatização dos serviços essenciais, a fim de harmonizar o interesse público e as leis do livre mercado. |
e)
a clara demarcação entre o que compete ao Estado e o que compete à iniciativa privada, na área da saúde. |
Atente para as seguintes afirmações:
I. O título do texto é inteiramente irônico, pois ao longo dele o autor valoriza, exatamente, o que cos-tuma ser definido como "a dignidade do ser humano".
II. A despeito da pluralidade de crenças religiosas, o autor acredita que a base de todas elas está no que se pode definir como respeito à autonomia do paciente.
III. O conceito de dignidade é questionado pelo autor, que não o acolhe como uma concepção bem determinada e de valor universal.
Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em
a)
I. |
b)
II. |
c)
III. |
d)
I e II. |
e)
II e III. |
A frase em que se afirma uma posição inteiramente contrária às convicções do autor do texto é:
a)
Em virtude de se apoiar na subjetividade humana, o conceito de dignidade não se determina de modo claro e insofismável. |
b)
A variedade das reações e interdições que as crenças impõem a tratamentos de saúde indica a pluralidade dos valores subjetivos. |
c)
Os mais pobres seriam os mais prejudicados, caso se levasse a efeito alguma proposta baseada na posição de dom Odilo Scherer. |
d)
Ignorar todas as leis de mercado, na área da saúde, redunda na impossibilidade de funcionamento do sistema. |
e)
Numa sociedade democrática, o gerenciamento de custos na área da saúde não pode levar em conta as leis do mercado. |
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:
a)
têm a tendência de acomodar-se (1.º parágrafo) = reiteram uma conciliação |
b)
nem sempre leva ao melhor dos desfechos (2.º parágrafo) = amiúde vai ao encontro dos seus objetivos |
c)
têm custos que precisam ser gerenciados (2.º parágrafo) = há os ônus que requerem ratificação |
d)
adesão profunda a um dogma (3.º parágrafo) = plena aceitação de um rígido preceito |
e)
elevá-la a valor universal (4.º parágrafo) = reconhecê-la como plenamente aceitável |
Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto.
a)
Presume-se que o autor não defenda a ideia de que deva o Estado assumir inteira responsabilidade pela prestação de quaisquer serviços públicos de alto custo. |
b)
Não seria possível, para o autor, que os serviços mais onerosos aos cofres públicos compitam ao Estado resolver com seus próprios meios. |
c)
Uma vez que se atendam as leis do mercado, até mesmo o Estado poderia precaver as ações na área da saúde, sem desmerecer uma sociedade democrática. |
d)
Entre o que se prega nas religiões e o que implica as leis de mercado, as questões de saúde nada têm a haver com a suposta dignidade humana. |
e)
Apenas nas crenças que não operam restrições a medidas de saúde, leva-se em conta o valor universal da dignidade humana, para ser bem demonstrado. |
O verbo indicado entre parênteses deve flexionar-se no plural para preencher corretamente a lacuna da seguinte frase:
a)
Nenhuma das concepções de dignidade, postuladas por diferentes crenças, ...... (alcançar) uma validade efetivamente universal. |
b)
Não se ...... (atribuir) às burocracias, nesse texto, o mérito de tomar a iniciativa de atender aos interesses públicos. |
c)
A terceirização e a comercialização da saúde, para dom Odilo Scherer, ...... (constituir) um profundo desrespeito aos mais pobres. |
d)
Raramente se ...... (dispensar) aos mais pobres o mesmo cuidado médico das clínicas particulares. |
e)
Quantas vezes já se ...... (aplicar) aos burocratas dos serviços essenciais alguma sanção por sua negligente abulia? |
É verdade que colocar um preço em procedimentos médicos nem sempre leva ao melhor dos desfechos.
O sentido essencial e a correção da frase acima mantêm- se na seguinte construção:
a)
Nem sempre é certo que a melhor finalidade se alcança através de procedimentos médicos aos quais incorre um determinado preço. |
b)
Nada garante, de fato, que estipular um pagamento por procedimentos médicos implique a melhor solução de um caso. |
c)
Uma ótima conclusão não é simplesmente obtida em favor de se haver afixado um preço aos procedimentos médicos. |
d)
A despeito de se estipular um preço para procedimentos médicos, não é usual que cheguem a um termo satisfatório. |
e)
Pela razão de se taxar procedimentos médicos não redunda automaticamente no melhor dos benefícios. |
No contexto do 4.º parágrafo, o segmento conceito que a substitui sem perdas deve ser entendido mais explicitamente como:
a)
A dignidade é substituída, sem perdas, pelo conceito de autonomia do paciente. |
b)
A dignidade substitui, sem perdas, o conceito de autonomia do paciente. |
c)
A autonomia do paciente deve ser substituída, sem perdas, pela dignidade dele. |
d)
Substituem-se, sem perdas, tanto o conceito de dignidade como o de autonomia do paciente. |
e)
A autonomia do paciente só será substituída sem perdas no caso de haver nele dignidade. |
Atente para as seguintes frases:
I. Seria ótimo que a Igreja Católica venha a escolher, no próximo ano, um tema tão importante como o que já elegera para a campanha da fraternidade deste ano.
II. Se todas as religiões adotassem exatamente o mesmo sentido para o termo dignidade, este alcançaria o valor universal que cada uma delas postula.
III. Quando viermos a nos entender quanto ao que fosse dignidade, esse termo poderia ser utilizado sem gerar tantas controvérsias.
Ocorre adequada correlação entre os tempos e os modos verbais no que está em
a)
I, II e III. |
b)
I e II, apenas. |
c)
II e III, apenas. |
d)
I e III, apenas. |
e)
II, apenas. |
A pontuação está plenamente adequada na seguinte frase:
a)
O autor ainda que de modo respeitoso, não deixa de discordar de dom Odilo Scherer, que se pronunciou numa entrevista recente, a respeito da cobrança segundo ele inadmissível por serviços de saúde. |
b)
O autor, ainda que de modo respeitoso não deixa de discordar de dom Odilo Scherer, que se pronunciou, numa entrevista recente a respeito da cobrança, segundo ele inadmissível, por serviços de saúde. |
c)
O autor, ainda que, de modo respeitoso, não deixa de discordar de dom Odilo Scherer, que se pronunciou numa entrevista recente a respeito da cobrança, segundo ele inadmissível, por serviços de saúde. |
d)
O autor, ainda que de modo respeitoso, não deixa de discordar de dom Odilo Scherer, que se pronunciou, numa entrevista recente, a respeito da cobrança, segundo ele inadmissível, por serviços de saúde. |
e)
O autor, ainda que de modo respeitoso não deixa de discordar, de dom Odilo Scherer, que se pronunciou, numa entrevista, recente, a respeito da cobrança segundo ele, inadmissível, por serviços de saúde. |
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