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Informações da Prova Questões por Disciplina Tribunal de Justiça - Pernambuco - Oficial de Justiça - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2012 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

As palavras e a violência

A grande pensadora norte-americana Susan Sontag (1933-2004) refletiu e escreveu sobre inúmeros temas culturais da
modernidade, sem jamais esquecer-se dos aspectos políticos neles implicados. Sabedora do peso das palavras, indignava-se quando
os poderosos se valiam delas com o fito de encobrir artificialmente uma violência real. Por vezes, a elipse mesma da palavra correta
pode significar a camuflagem de um fato que não se deseja nomear. Veja-se este trecho da autora, extraído de seu livro póstumo Ao
mesmo tempo:
                Palavras alteram, palavras acrescentam, palavras subtraem. Foi a insistência em evitar a palavra “genocídio”, enquanto cerca de
               800 mil tutsis estavam sendo massacrados em Ruanda pelos seus vizinhos hutus, alguns anos atrás, que indicou que o governo
               americano não tinha a menor intenção de fazer nada. Recusar-se a chamar o que ocorreu com tantos prisioneiros no Iraque, no
               Afeganistão ou na baía de Guantánamo pelo seu nome verdadeiro − “tortura” − é tão escandaloso quanto a recusa em chamar o
               genocídio de Ruanda de genocídio. A respeito dos presos no Iraque, disse o governo que foram objetos de “maus tratos” ou até de
               “humilhação” − isso foi o máximo que admitiu o secretário de Defesa Donald Rumsfeld, numa entrevista coletiva. E concluiu: “Portanto,
               não vou usar a palavra tortura”.
As palavras podem ser utilizadas com eufemismo por duas razões, pelo menos: atendendo à delicadeza de quem as
pronuncia, para não chocar desnecessariamente o interlocutor, ou encobrindo com má-fé o ato ignominioso, que se falseia para
ocultar a responsabilidade de quem o praticou. Para uma escritora crítica como Susan Sontag, essas operações não se confundem
jamais, e ela parece nos alertar para que também nós apuremos os ouvidos diante do que realmente dizem as palavras, ao
descreverem um fato.
1 -

Afirma-se, no texto, que a pensadora Susan Sontag

a)

desconfia das palavras porque sabe que elas costumam trair aquilo que alguém deseja de fato dizer.

b)

sabe que as palavras são inequívocas quanto ao sentido que trazem no dicionário e incorporam no uso político.

c)

subestima a importância das palavras, uma vez que ela julga os fatos pelo que são, e não pelo que deles se diz.

d)

superestima a importância das palavras, ao acreditar que elas devam ser utilizadas com certo eufemismo.

e)

acredita que o poder das palavras pode ser usado para toldar a natureza do fato que estão nomeando.

2 -

Atente para as seguintes observações:

I. Susan Sontag acredita que a palavra "genocídio" traduz uma violência que não se deve comparar à denotada pela palavra "tortura".

II. A violência das palavras costuma sobrepujar a violência dos fatos, razão pela qual os políticos são muito cautelosos em seu vocabulário.

III. Ao afirmar que não usaria a palavra "tortura", Donald Rumsfeld acaba por corroborar a tese expressa na primeira frase do trecho de Susan Sontag.

Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em

a)

I.

b)

II.

c)

III.

d)

I e II.

e)

II e III.

3 -

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

a)

com o fito de encobrir (1.º parágrafo) = por causa do desvelamento

b)

a elipse mesma da palavra correta (1.º parágrafo) = a própria retificação do termo justo

c)

podem ser utilizadas com eufemismo (3.º parágrafo) = deixam-se manipular pela imprudência

d)

encobrindo com má-fé o ato ignominioso (3.º parágrafo) = ocultando maliciosamente a ação vil

e)

que se falseia para ocultar a responsabilidade (3.º parágrafo) = que se incrimina a fim de omitir a autoria

Compreensão e Interpretação de Textos
4 -

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

a)

Não tivessem as palavras um peso decisivo na determinação e qualificação dos fatos, a ninguém ocorreria valer-se delas para mascarar a realidade.

b)

Quem deseja ocultar a verdade de um fato supõe que este seja sensível às palavras, razão pela qual estas são convocadas para traduzir-lhe diante de todos.

c)

O emprego discriminatório das palavras pode até trazer benefício à quem o faça, mas certamente não colabora para com a verdade dos fatos a elas submissos.

d)

O caso dos prisioneiros políticos do Iraque, do Afeganistão ou de Guantánamo, traduz bem a camuflagem com que se apresenta as palavras, quando de seu interesse.

e)

Nem por eufemismo deveria-se confundir a delicadeza das palavras com a má-fé que as habita, mormente quando utilizadas por quem lhes reconhece o peso decisivo.

Concordância Nominal e Verbal
5 -

preciso corrigir um equívoco na concordância verbal da seguinte frase:

a)

Não se utilizem as palavras para velar, mas tão somente para revelar a natureza e o significado de um fato.

b)

Ao se escolherem as palavras, atente-se para que se não lhes consintam que venham a adulterar um fato.

c)

Não há políticos que deixem de dar importância ao peso que carregam consigo determinadas palavras.

d)

Não se permitam a uma palavra poderes tais que a levem a desviar nossos olhos da verdade de um fato.

e)

Jamais se valeria um crítico honesto, em qualquer situação, dos usos maliciosos que um político faz das palavras.

Coesão e Coerência
6 -

Considere as seguintes afirmações:

I. Os sentidos das palavras estão nos dicionários.

II. Pode haver má-fé no emprego das palavras.

III. As palavras podem distorcer o sentido de um fato.

Essas afirmações estão articuladas de modo claro, coerente e correto na seguinte construção:

a)

O sentido de um fato pode ser distorcido pelas palavras cujo sentido esteja nos dicionários, quando há má-fé em seu emprego.

b)

Os sentidos das palavras estão, sim, nos dicionários, mas nada impede que a má-fé em seu emprego distorça o sentido de um fato.

c)

Haverá má-fé no emprego das palavras, cujos sentidos estão nos dicionários, tendo em vista que elas distorcem o sentido de um fato.

d)

Pode-se distorcer o sentido de um fato, haja vista que os sentidos das palavras que estão no dicionário sejam empregados de má-fé.

e)

As palavras podem distorcer o sentido de um fato, conquanto estejam nos dicionários, pois haveria má-fé em seu emprego.

Pontuação
7 -

Está inteiramente adequada a pontuação do seguinte período:

a)

Ao omitir a palavra genocídio no caso dos massacres, em Ruanda, o governo americano demonstrou que não iria intervir certamente, porque uma intervenção do ponto de vista político, não lhe interessava.

b)

Ao omitir a palavra genocídio, no caso dos massacres, em Ruanda, o governo americano demonstrou que não iria intervir, certamente, porque uma intervenção, do ponto de vista político não lhe interessava.

c)

Ao omitir a palavra genocídio, no caso dos massacres em Ruanda, o governo americano demonstrou que não iria intervir, certamente porque uma intervenção, do ponto de vista político, não lhe interessava.

d)

Ao omitir a palavra, genocídio, no caso dos massacres em Ruanda, o governo americano, demonstrou que não iria intervir, certamente, porque uma intervenção, do ponto de vista político não lhe interessava.

e)

Ao omitir, a palavra genocídio, no caso dos massacres, em Ruanda o governo americano demonstrou, que não iria intervir, certamente porque uma intervenção do ponto de vista político não lhe interessava.

Regência Nominal e Verbal
8 -

Na frase Susan Sontag refletiu e escreveu sobre inúmeros temas culturais, o termo sobre atende adequadamente a regência dos verbos refletir e escrever. Também está adequada a regência verbal em:

a)

O secretário não desmentiu nem se retratou do seu pronunciamento sobre as torturas em Guantánamo.

b)

A escritora jamais cogitou ou se dispôs a escrever ensaios que não fossem marcados por uma preocupação política.

c)

Nenhum governante admite e se responsabiliza pelos efeitos políticos de sua insensibilidade diante de uma tragédia social.

d)

Poucas pessoas se incomodam ou se preocupam com a apuração do real sentido das palavras que usualmente empregam.

e)

Certos eufemismos propagam e redundam em certos mascaramentos de sentido cujo efeito político é nefasto.

Redação Oficial
9 -

Uma carta de protesto contra a declaração infeliz de um secretário de Estado pode iniciar-se corretamente com a seguinte frase:

a)

Vimos à presença de Vossa Excelência para que se digne a retificar sua infeliz declaração acerca dos episódios de Guantánamo.

b)

Viemos a presença de Vossa Senhoria para solicitar que ratifiqueis vossa infeliz declaração sobre o ocorrido em Guantánamo.

c)

Vimos solicitar a Sua Magnificência que vos digneis a retificar seu pronunciamento sobre o ocorrido em Guantánamo.

d)

Viemos empenhar a Sua Excelência nossos protestos por vossa declaração acerca das ocorrências em Guantánamo.

e)

Vimos apresentar-vos, ilustríssimo secretário, nossos protestos pelo pronunciamento que concedestes acerca dos fatos de Guantánamo.

Compreensão e Interpretação de Textos
10 -

Ao escolher as palavras, um escritor responsável investiga o sentido das palavras, busca as palavras num bom dicionário, pondera as eventuais ambiguidades das palavras, confere às palavras a mesma importância que se dá a um gesto essencial.

Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:

a)

investiga-as o sentido - busca-as - pondera-lhes as eventuais ambiguidades - confere-as

b)

investiga-lhes o sentido - busca-lhes - pondera-as eventuais ambiguidades - confere-lhes

c)

lhes investiga seu sentido - busca-as - lhes pondera as eventuais ambiguidades - confere-as

d)

as investiga o sentido - busca-lhes - pondera suas eventuais ambiguidades - lhes confere

e)

investiga seu sentido - busca-as - pondera suas eventuais ambiguidades - confere-lhes

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