1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é um documento histórico, uma carta de intenções e também uma 4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade deixou de fazer. Hoje, a sexagenária declaração ainda é muito boa, mas tem lacunas, resultantes de sua temporalidade, e 7 precisa ser acrescida, complementada, aperfeiçoada, além de ser cumprida — é óbvio —, afirmando novos valores, que atendam a novas demandas e necessidades. 10 A declaração não previu que o desenvolvimento capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e 13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar, agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos 16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é admissível que grupos privados transnacionais — não mais do 19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do 22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares. A declaração, marcadamente humanista e sociopolítica, não 25 imaginou o neoliberalismo deste fim de século, com sua “deshistoricização” do tempo, com sua despolitização da vida, com seu messianismo consumista, com a entronização da economia 28 de mercado como uma “fatalidade” natural, irreversível, fora da qual não há possibilidades, com um laissez faire que significa exclusão. Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.). Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).
No que se refere às ideias, à organização, bem como aos aspectos gramaticais do texto, julgue o(s) item(ns):
Mantendo-se os sinais de pontuação empregados no trecho, a estrutura sintática "com um preâmbulo de sete 'considerandos' e com trinta artigos" (L.1-2) pode ser substituída, sem prejuízo da correção gramatical, por contendo um preâmbulo com sete "considerandos" e trinta artigos.
Certa. |
Errada. |
No trecho "não mais do que três centenas" (L.18-19), o emprego de palavra de negação e da expressão "três centenas", em vez de trezentos grupos, atenua o tom de denúncia que predomina no período em que o trecho está inserido.
Certa. |
Errada. |
De acordo com a argumentação do texto, os 'considerandos' (L.2) representariam - no que se refere a "tudo o que (...) a humanidade deixou de fazer" (L.4-5) - um preâmbulo explicativo e, assim, justificariam o fato de a declaração ser considerada também "uma denúncia" (L.3-4).
Certa. |
Errada. |
O trecho "vão do setor produtivo industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas comunicações" (L.19-21) pode, sem prejuízo para a correção gramatical e a interpretação do texto, ser reescrito da seguinte maneira: incluem setores desde o produtivo industrial até o financeiro e transitam pelos da publicidade e das comunicações.
Certa. |
Errada. |
De acordo com o texto, a inclusão do "direito das nações de regulamentarem os investimentos externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que fragiliza e subordina economias nacionais" (L.15-17) na declaração a corrigiria quanto ao lapso temporal.
Certa. |
Errada. |
É coerente com a argumentação do texto relacionar "novas demandas" (L.9) a enfraquecimento dos países, em decorrência da transnacionalização do capital.
Certa. |
Errada. |
A expressão "messianismo consumista" (L.27) modifica o termo "despolitização da vida" (L.26).
Certa. |
Errada. |
Preservam-se a correção gramatical e o sentido original do texto ao se substituir "sem controle" (L.12) por aleatoriamente.
Certa. |
Errada. |
A correção gramatical do texto seria mantida caso o trecho "Não é admissível" (L.17-18) fosse substituído por Não se admitem.
Certa. |
Errada. |
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