Banco do Brasil - Escriturário - Administrativa - CESGRANRIO - 2010 - Prova Objetiva
O Sabiá Político.
Do ano passado para cá, o setor canoro das árvores, aqui na ilha, sofreu importantes alterações. Aguinaldo, o sabiá titular e decano da mangueira, terminou por falecer, como se vinha temendo. Embora nunca se tenha aposentado, já mostrava sinais de cansaço e era cada vez mais substituído, tanto nos saraus matutinos quanto nos vespertinos, pelo sabiá-tenor Armando Carlos, então grande promessa jovem do bel canto no Recôncavo. Morreu de velho, cercado pela admiração da coletividade, pois pouco se ouviram, em toda a nossa longa história, timbre e afinação tão maviosos, além de um repertório de árias incriticável, bem como diversas canções românticas. (...) Armando Carlos também morava na mangueira e, apesar de já adivinhar que o velho Aguinaldo não estaria mais entre nós neste verão, eu não esperava grandes novidades na pauta das apresentações artísticas na mangueira. Sofri, pois, rude surpresa, quando, na sessão alvorada, pontualmente iniciada às quinze para as cinco da manhã, o canto de Armando Carlos, em pleno vigor de sua pujante mocidade, soou meio distante. Apurei os ouvidos, esfreguei as orelhas como se estivessem empoeiradas. Mas não havia engano. Passei pelo portão apreensivo quanto ao que meus sentidos me mostravam, voltei o olhar para cima, vasculhei as frondes das árvores e não precisei procurar muito. Na ponta de um galho alto, levantando a cabeça para soltar pelos ares um dó arrebatador e estufando o peito belamente ornado de tons de cobre vibrantes, Armando Carlos principiava a função. Dessa vez foram meus olhos incrédulos que tive de esfregar e, quando os abri novamente, a verdade era inescapável. E a verdade era – e ainda é – que ele tinha inequivocamente se mudado para o oitizeiro de meu vizinho Ary de Maninha, festejado e premiado orador da ilha (...). Estou acostumado à perfidez e à ingratidão humanas, mas sempre se falou bem do caráter das aves em geral e dos sabiás em particular. O sabiá costuma ser fiel à sua árvore, como Aguinaldo foi até o fim. Estaríamos então diante de mais um exemplo do comportamento herético das novas gerações? Os sabiás de hoje em dia serão degenerados? Eu teria dado algum motivo para agravo ou melindre? Ou, pior, haveria uma possível esposa de Armando Carlos sido mais uma vítima do mico canalha que também mora na mangueira? Bem, talvez se tratasse de algo passageiro; podia ser que, na minha ausência, para não ficar sem plateia, Armando Carlos tivesse temporariamente transferido sua ribalta para o oitizeiro. Mas nada disso. À medida que o tempo passava, o concerto das dez também soando distante e o mesmo para o recital do meio-dia, a ficha acabou de cair. A mangueira agora está reduzida aos sanhaços, pessoal zoadeiro, inconstante e agitado; aos cardeais, cujo coral tenta, heroica mas inutilmente, preencher a lacuna dos sabiás. (...)
RIBEIRO, João Ubaldo. O Globo, 14 fev. 2010. (Adaptado)
As “...importantes alterações.” (L. 2) a que se refere o autor são:
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a)
a morte inesperada de Aguinaldo e sua substituição por Armando Carlos. |
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b)
a qualidade inigualável do canto de Aguinaldo e a tristeza da coletividade dos pássaros. |
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c)
a escolha de Armando Carlos de não substituir Aguinaldo na mangueira e sua mudança para outra árvore. |
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d)
a decisão de Armando Carlos cantar um dó e não árias como Aguinaldo. |
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e)
o fato de Armando Carlos ter escolhido um oitizeiro e não uma mangueira, como Aguinaldo havia feito em vida. |
A reescritura da sentença “Embora nunca se tenha aposentado, já mostrava sinais de cansaço e era cada vez mais substituído,”(L. 5-6) só muda seu sentido em:
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a)
Mesmo que nunca tenha se aposentado, já mostrava sinais de cansaço e era cada vez mais substituído. |
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b)
Apesar de nunca ter se aposentado, já mostrava sinais de cansaço e era cada vez mais substituído. |
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c)
Já mostrava sinais de cansaço e era cada vez mais substituído, mas nunca se aposentou. |
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d)
Já mostrava sinais de cansaço e era cada vez mais substituído, ainda que nunca se tivesse aposentado. |
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e)
Já mostrava sinais de cansaço e era cada vez mais substituído porque nunca se aposentou. |
Analise as afirmativas a seguir, sobre os animais da ilha.
I. Os pássaros compõem uma organização de que não faz parte o mico.
II. O comportamento das aves serve de base à comparação do autor com o dos seres humanos.
III. Só o Armando Carlos se mudou de árvore; os outros sabiás permaneceram na mangueira.
Conforme o texto, é(são) correta(s) a(s) afirmativa(s):
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a)
I, apenas. |
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b)
II, apenas. |
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c)
I e II, apenas. |
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d)
II e III, apenas. |
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e)
I, II e III. |
O autor sofreu “rude surpresa,” (L. 18/19) porque não esperava que:
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a)
Armando Carlos cantasse com tanto vigor. |
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b)
a sessão alvorada se iniciasse tão cedo. |
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c)
algum sabiá ainda cantasse na mangueira. |
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d)
suas orelhas estivessem empoeiradas. |
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e)
o canto do sabiá soasse tão distante. |
A “...função.” mencionada no texto (L. 32) se refere a:
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a)
voar. |
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b)
cantar. |
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c)
encher o peito. |
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d)
empinar a cabeça. |
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e)
fazer vibrar as penas. |
A única forma verbal que pode ser substituída adequadamente pela forma à sua direita é:
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a)
“...vinha temendo.” (L. 4) - temeria. |
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b)
“...estaria mais entre nós...” (L. 16) - estava. |
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c)
“...estivessem empoeiradas.” (L. 24) - estiverem. |
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d)
“...tive de esfregar...” (L. 33/34) - tinha de esfregar |
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e)
“...tinha inequivocamente se mudado...” (L. 36/37) – se mudara |
Em “Mas não havia engano.” (L. 25), o sinal de pontuação que NÃO pode substituir o ponto (.) é:
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a)
vírgula ( , ) |
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b)
ponto e vírgula ( ; ) |
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c)
dois pontos ( : ) |
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d)
travessão ( _ ) |
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e)
reticências ( ... ) |
O sinal indicativo da crase deve ser aplicado em qual das sentenças abaixo?
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a)
Ele é um cavalheiro a moda antiga. |
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b)
Estarei na ilha a partir de amanhã. |
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c)
O sabiá é admirado devido a seu belo canto. |
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d)
Daqui a uma hora se iniciará o recital. |
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e)
O pomar fica próximo a uma horta. |
Que sentença reescreve “...pouco se ouviram... timbre e afinação tão maviosos,” (L. 11-12) mantendo o mesmo valor da palavra “pouco” e assegurando a correção gramatical?
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a)
Poucas pessoas ouviram timbre e afinação tão maviosos. |
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b)
Timbre e afinação tão maviosos pouco foram ouvidos. |
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c)
Foi ouvido pouco timbre e afinação tão maviosos. |
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d)
Poucos ouviram timbre e afinação tão maviosos. |
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e)
Poucos timbre e afinação tão maviosos se ouviram. |
Em redações oficiais, é certo:
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a)
identificar o autor da correspondência com seu nome e cargo abaixo da assinatura. |
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b)
escolher a forma de tratamento “Vossa Senhoria”, se o destinatário for mulher. |
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c)
fechar o texto com “respeitosamente”, para pessoas do mesmo nível hierárquico. |
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d)
usar a expressão “Digníssimo Senhor” para o destinatário em posição hierárquica superior. |
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e)
usar o pronome “vosso”, no caso de ter sido escolhida a forma de tratamento “Vossa Excelência”. |