A TV é o principal veículo de comunicação do país, presente em praticamente 100% do território e dos domicílios brasileiros, porque acertou no modelo: gratuita para o telespectador, financiada pela publicidade e com conteúdo adequado à audiência.
Mas nenhum meio de comunicação passou ileso às mudanças que as tecnologias digitais provocaram e vêm provocando nos últimos 15 anos. A internet, por exemplo, revolucionou a imprensa escrita, a telefonia e o consumo de música e vídeo. Mas o impacto sobre a televisão ainda é relativamente restrito.
Apostar que o modelo da TV deixará de existir em curto ou em médio prazos seria um erro. Mas também é um erro apostar que ela passará ilesa à revolução digital.
Primeiro, porque ela mesma já se digitalizou, ganhou alta definição e, sobretudo, se tornou móvel. Essa mudança não é pequena: ao ganhar mobilidade, ganha novas audiências e pode, no futuro, ganhar novos formatos.
Mas a mudança tecnológica mais importante que começa a se desenhar é a convergência da internet com os televisores. Os aparelhos deixaram de ser uma janela apenas para aquilo que a televisão tradicional distribui, pois passaram também a veicular conteúdos em rede.
Se a internet mudou o comportamento das pessoas no trabalho e nas relações pessoais, poderá mudar também o hábito das pessoas na frente do televisor. Nos próximos anos, a TV vai se transformar porque o telespectador vai mudar. Mas, para isso, é preciso que a internet se torne presente em todos os lares, como fez a televisão. E isso ainda levará um bom tempo.
(Samuel Possebon, Folha de S.Paulo , 18.09.2010. Adaptado)
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