Numa dessas anotações que certamente contribuíram para lhe dar a reputação de grande fotógrafo da existência humana em sua época, Stendhal observou que a Igreja Católica aprendeu bem depressa que o seu pior inimigo eram os livros. Não os reis, as guerras religiosas ou a competição com outras religiões; isso tudo podia atrapalhar, claro, mas o que realmente criava problemas sérios eram os livros. Neles as pessoas ficavam sabendo coisas que não sabiam, porque os padres não lhes contavam, e descobriam que podiam pensar por conta própria, em vez de aceitar que os padres pensassem por elas. Abria-se para os indivíduos, nesse mesmo movimento, a possibilidade de discordar. Para quem manda, não pode haver coisa pior − como ficou comprovado no caso da Igreja, que foi perdendo sua força material sobre países e povos, e no caso de todas as ditaduras, de ontem, de hoje e de amanhã. Stendhal estava falando, na sua França de 200 anos atrás, de algo que viria a evoluir, crescer e acabar recebendo o nome de "opinião pública". Os livros ou, mais exatamente, a possibilidade de reproduzir de forma ilimitada palavras e ideias foram a sua pedra fundamental.
(J.R.Guzzo. Veja, 3 de agosto de 2011, p. 142)
Stendhal − escritor francês (1783-1842) que valorizava o perfil psicológico das personagens.
Os livros ou, mais exatamente, a possibilidade de reproduzir de forma ilimitada palavras e ideias foram a sua pedra fundamental. (final do texto)
A expressão mais exatamente assinala, no contexto,
a)
ressalva quanto à influência atribuída aos livros. |
b)
redução de uma informação já apresentada. |
c)
repetição que restringe uma opinião anterior. |
d)
explicação importante para a clareza da exposição. |
e)
especificação relativa à divulgação do conhecimento. |
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