Nas universidades brasileiras, mesmo de bom nível, as bibliotecas ainda não receberam a atenção devida. A biblioteca deveria ser equivalente ao laboratório como centro da universidade, formando ambos sua dupla fonte de energia. De fato, preferimos muitas vezes gastar mais com os prédios do que com os livros. E preferimos também fazer uma política de pessoal sem cuidar de uma política paralela de equipamento.
Não podemos, é claro, seguir o exemplo de certos paí- ses do primeiro mundo, nos quais geralmente uma instituição de ensino superior só começa a funcionar depois de plenamente equipada. O nosso ritmo é diverso, as nossas possibilidades são outras, e há que deixar margem à capacidade brasileira de improvisar, que tem os seus lados positivos. Mas podemos e devemos estabelecer na estratégia universitária uma proporção mais justa entre a política de instalação, a política de pessoal e a política de equipamento.
Quanto à biblioteca, os dois aspectos básicos são a constituição de acervo adequado e a presença de pessoal competente. É constrangedor ver as nossas instituições de ensino superior começarem o trabalho sem os livros necessários; e, quando estes são conseguidos, vê-las sem meios de aproveitá-los corretamente, ampliar o acervo e manter um ritmo normal de atualização. Igualmente penoso é ver a desqualificação relativa da função de bibliotecário, que apesar das melhorias ainda não teve o reconhecimento, a formação e a remuneração que merece. Nas nossas bibliotecas não é frequente a figura do bibliotecário-bibliógrafo, isto é, aquele capaz de dominar textualmente a bibliografia de um dado setor e trabalhar sobre ele com um tipo de competência equivalente à dos professores, podendo inclusive publicar a respeito trabalhos de especialista. Neste sentido, é preciso repensar a relação entre docentes e bibliotecários, dando a estes um relevo que poucas vezes lhes é atribuído.
(Antonio Candido, Recortes)
Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
a)
Esses três parágrafos constituíram a introdução de um discurso do autor, proferido quando da inauguração da biblioteca de uma instituição universitária. |
b)
Antonio Candido, iminente intelectual brasileiro, valeu-se dessa introdução para abrir um discurso que inaugurava uma biblioteca. |
c)
O autor tem razão quando constata de que a maioria das nossas bibliotecas deixa a desejar do que se espera de um funcionamento ideal. |
d)
Um acervo e um ritmo normal de atualização são indispensáveis enquanto requisitos para que uma boa biblioteca possa a vir preenchê-los. |
e)
Docentes e bibliotecários podem e devem trabalhar em estreita concomitância, quando se deseja que ambos enobreçam a mesma função. |
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