A região da Chapada Diamantina, Bahia, pode ficar sem onças-pintadas em um prazo de nove anos e meio. Já para a área de Bom Jesus da Lapa, o prognóstico é ainda pior: a extinção da espécie pode ocorrer em aproximadamente três anos. Para evitar um destino trágico, é preciso proteger mais áreas e tentar conectar, por meio de corredores ecológicos − ligação entre áreas de uso menos intensivo para garantir a sobrevivência da espécie −, os grupos que hoje estão isolados.
Os dados são do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), órgão ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. O Cenap avalia que a onçapitada está criticamente ameaçada na Caatinga. A estimativa é de que existam no bioma 356 animais, divididos em cinco áreas. Desse total, apenas cerca da metade está em idade reprodutiva (descontam-se os animais mais jovens e os muito velhos). Dessa forma, o número restante, 178, deixa a espécie em situação crítica − um dos critérios para a classificação é haver menos de 250 animais.
Uma analista ambiental afirma que a situação na Mata Atlântica é também extremamente grave. Uma estimativa preliminar, baseada em informações de diversos pesquisadores, indica a existência de 170 indivíduos maduros no bioma. Ela conta que é muito difícil encontrar vestígios do animal e mais raro ainda vê-lo.
Os estudos confirmam que a população de onçaspintadas vem caindo a cada ano. Entre as ameaças, tanto na Caatinga quanto na Mata Atlântica, estão a alteração e a perda de hábitat, provocadas pelo desmatamento e a falta de alimento. Na Caatinga, parte da população se alimenta de tatus e porcos-do-mato e acaba havendo competição por essas presas. Também faltam matas contínuas para garantir a sobrevivência da onça-pintada. Outro conflito é que, ao matar rebanhos, elas podem incomodar fazendeiros e serem perseguidas.
Para o Ibama, a espécie é considerada vulnerável, porque sua situação é melhor em outros biomas e regiões. O quadro é mais tranquilo no Pantanal e na Amazônia. É por isso que o presidente do Instituto Onça-pintada defende ações regionalizadas. "Cada bioma tem um problema diferente". A onça, explica, é uma espécie guarda-chuva. Ao fazer um esforço para sua preservação, várias outras espécies que estão no mesmo ecossistema se beneficiam. Ele acredita ser melhor investir na Amazônia onde, por haver grandes áreas de floresta intocadas, as populações de onças-pintadas conseguiram se manter, para garantir a sobrevivência do animal. Por isso, é importante evitar a degradação e o desmatamento.
(Afra Balazina. O Estado de S. Paulo, Vida&, A26, 24
de janeiro de 2010, com adaptações)
Considere as afirmativas sobre o emprego de sinais de pontuação no texto:
I. O segmento isolado por travessões no 1.º parágrafo tem função explicativa, em relação à expressão que o antecede.
II. Os parênteses que isolam segmentos no 2.º parágrafo indicam, respectivamente, a sigla de um órgão federal e uma observação que complementa o sentido do que vem sendo desenvolvido.
III. As aspas na frase contida no 5.º parágrafo indicam tratar-se de afirmativa de uma autoridade no assunto apresentado no texto.
Está correto o que se afirma em:
a)
I, II e III. |
b)
II e III, apenas. |
c)
I e II, apenas. |
d)
III, apenas. |
e)
I, apenas. |
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