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Comentários / DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2010 - Conhecimentos Específicos (56 a 60) (Genérica)


Cultura de massa e cultura popular

O poder econômico expansivo dos meios de comunicação parece ter abolido, em vários momentos e lugares, as manifestações da cultura popular, reduzindo-as à função de folclore para turismo. Tal é a penetração de certos programas de rádio e TV junto às classes pobres, tal é a aparência de modernização que cobre a vida do povo em todo o território brasileiro, que, à primeira vista, parece não ter sobrado mais nenhum espaço próprio para os modos de ser, pensar e falar, em suma, viver, tradicionais e populares. A cultura de massa entra na casa do caboclo e do trabalhador da periferia, ocupando-lhe as horas de lazer em que poderia desenvolver alguma forma criativa de autoexpressão; eis o seu primeiro tento. Em outro plano, a cultura de massa aproveita-se dos aspectos diferenciados da vida popular e os explora sob a categoria de reportagem popularesca e de turismo. O vampirismo é assim duplo e crescente; destrói-se por dentro o tempo próprio da cultura popular e exibe-se, para consumo do telespectador, o que restou desse tempo, no artesanato, nas festas, nos ritos. Poderíamos, aqui, configurar com mais clareza uma relação de aparelhos econômicos industriais e comerciais que exploram, e a cultura popular, que é explorada. Não se pode, de resto, fugir à luta fundamental: é o capital à procura de matéria-prima e de mão de obra para manipular, elaborar e vender. A macumba na televisão, a escola de samba no Carnaval estipendiado para o turista, são exemplos de conhecimento geral. No entanto, a dialética é uma verdade mais séria do que supõe a nossa vã filosofia. A exploração, o uso abusivo que a cultura de massa faz das manifestações populares não foi ainda capaz de interromper para sempre o dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se reproduz quase organicamente em microescalas, no interior da rede familiar e comunitária, apoiada pela socialização do parentesco, do vicinato e dos grupos religiosos.

(Alfredo Bosi. Dialética da colonização. S. Paulo: Companhia das Letras, 1992, pp. 328-29)

Questão:

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

Resposta correta
a)

O autor considera que os vínculos estabelecidos nas relações entre grupos sociais, firmadas pelo parentesco ou pelo sentimento comunitário, ainda resistem à força dos meios de comunicação de massa.

Resposta errada
b)

Entende o autor de que, não obstante hajam fortes pressões dos meios de comunicação de massa sobre elas, as relações autenticamente populares podem resistir à tão pesada influência.

Resposta errada
c)

Graças a aqueles laços estabelecidos em relações de parentesco ou mesmo comunitárias, entre grupos sociais mais estritos, a cultura popular ainda oferece sua firme capacidade de resistência.

Resposta errada
d)

Relações de parentesco e laços comunitários, não obstante a força que caracterizam os meios de comunicação de massa, ainda lhes resistem, preservando-se essa forma de cultura popular.

Resposta errada
e)

A cultura popular, ingratamente pressionada pela cultura de massa, manifesta-se ainda sob a forma de pequenos grupos cujos valores autênticos persiste o sentimento comunitário.

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