1 Especialistas concordam que é papel do
2 ensino fundamental e médio - e não apenas da
3 universidade - cooperar de alguma forma com o processo de
4 formação dos futuros profissionais. Isso não implica ensinar
4 jovens estudantes a mexer com planilhas de cálculos ou a
6 empreender um novo negócio. Requer, sim, dar-lhes recursos
7 para lidar com a realidade e, por exemplo, com a competição
8 que um dia virá. Então, a dúvida que permanece é: nossas
9 escolas de fato cumprem essa tarefa?
10 Carlos Alberto Ramos, professor do Departamento de
11 Economia da Universidade de Brasília, aponta falhas nessa
12 missão. Ele identifica um abismo na transição entre o sistema
13 escolar e o mercado de trabalho. "Nosso modelo educacional
14 é muito segmentado, e os conhecimentos de línguas e
15 matemática, por exemplo, são muito diferentes dos valores
16 compreendidos durante a vida profissional", defende.
17 O despreparo dos jovens, portanto, é patente. "Desde
18 cedo, é preciso ensinar as crianças a pensar e a se adequar a
19 novas realidades", diz Ramos. "Elas contam, inclusive, com
20 uma vantagem para isso: são mais flexíveis a mudanças e estão
21 sempre abertas a novas tecnologias". Infelizmente, conclui o
22 especialista, não é isso o que acontece nas escolas.
23 O mais curioso é que, a despeito de qualquer
24 discussão sobre o dever das escolas, ajudar no
25 desenvolvimento do aluno com vistas à sua colocação no
26 mercado de trabalho é um fundamento no país, estabelecido
27 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, conjunto
28 de normas que dá o norte ao sistema educacional brasileiro.
29 Portanto, tal tarefa cabe a todos os níveis do ensino básico, dos
30 cinco aos 17 anos.
31 Para Claudio de Moura Castro, especialista em
32 educação, as escolas de ensino infantil e fundamental oferecem
33 aos estudantes, geralmente, a proposta correta para a
34 capacitação para a vida profissional. Isso significa: ensinar a
35 ler, escrever e falar adequadamente já durante a alfabetização
36 infantil. O problema, segundo o especialista, aparece no ensino
37 médio. "Nesse nível, as escolas são desmotivadoras,
38 oferecendo conteúdos específicos para que os alunos estejam
39 preparados para o vestibular", afirma. "Mas, na verdade, não
40 preparam o estudante para nada".
41 Moura Castro aponta três habilidades fundamentais
42 aos profissionais de hoje e do futuro. Elas são decorrentes da
43 boa leitura, da boa escrita e da capacidade de comunicar-se
44 bem. "Todos os profissionais precisam saber resolver
45 problemas, falar em público e trabalhar em equipe", sentencia.
46 "É nesse momento de aprendizado que se dissolve a fronteira
47 entre o que é acadêmico - ensinado na escola - e o que é
48 profissional e prático para o mercado de trabalho."
Marina Dias. Bom profissional se faz na escola, 4/9/2009.
Internet: <veja.abril.com.br> (com adaptações).
Com relação ao vocabulário empregado no texto e à grafia de palavras desse texto, assinale a opção correta.
a)
O termo "patente" (L.17) significa, no texto, questionável. |
b)
Na linha 18, o acento que distingue a forma verbal 'é' da conjunção 'e' estabelece diferença morfológica, gráfica e fonética, tal como ocorre com pôr e por. |
c)
A forma verbal "empreender" (L.6) poderia ser substituída por realizar, preservando-se a ideia original do texto e sua correção gramatical. |
d)
Os vocábulos "negócio", 'matemática' e 'acadêmico' recebem acento gráfico com base na mesma regra de acentuação. |
e)
No texto, os vocábulos "abismo" (L.12) e "norte" (L.28) estão empregados em sentido literal. |
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