Ingres é o mais contraditório dos pintores. Defendia valores eternos, imutáveis e, num certo sentido, retrógrados. Mas, de maneira involuntária, perverteu os princípios clássicos que proclamava e foi essencial para artistas da modernidade, como Picasso ou Matisse. Quando houve, em 1911, uma exposição de Ingres em Paris, Degas prestou-lhe uma homenagem única: já velho e cego, foi, ainda assim, para pelo menos passar a mão sobre a superfície das telas do grande mestre.
Ingres concedia tanta intensidade formal ao estampado de um vestido, a um leque ou a um vaso, quanto aos braços, às espáduas, aos rostos. Nessa ausência de hierarquia, nesse universo de eternidades estáticas e objetivadas, instala-se o descompasso, o bizarro, o desconforto para o olhar. Não há pintor tão enigmático quanto esse mestre, que se queria conservador, claro e clássico.
(Adaptado de Jorge Coli. Ponto de Fuga, Um estranho mestre.
São Paulo, Perspectiva, 2004, p. 189)
... se queria conservador, claro e clássico. (2.º parágrafo)
Com a afirmativa acima, o autor:
a)
explica a razão por que nas obras de Ingres há excesso de intensidade formal, tendendo para o bizarro. |
b)
reitera a observação feita anteriormente de que Ingres era adepto de valores eternos, imutáveis, que, no entanto, não se refletiam em suas obras. |
c)
ironiza preceitos difundidos por escolas de Belas Artes do passado, que tolhiam a criatividade de artistas que cultivavam um relativo desconforto para o olhar. |
d)
indica as principais qualidades formais da obra de Ingres, que, opondo-se aos modernistas, criava em suas obras um universo de eternidades estáticas. |
e)
esclarece o fato de Ingres ter sido apenas tardiamente consagrado e reconhecido como grande mestre por artistas como Picasso e Matisse. |
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