1 Esta é uma história da Bossa Nova e dos rapazes e moças que a fizeram, quando eles tinham entre quinze e trinta anos. É também um livro que se pretende o mais factual e objetivo possível. Evidente 5 que, tendo sido escrito por alguém que vem ouvindo Bossa Nova desde que ela ganhou este nome (e que nunca se conformou quando o Brasil começou a trocá-la por exotismos), uma certa dose de paixão acabou se intrometendo na receita - sem interferir, espero, pró ou 10 contra, na descrição da trajetória de qualquer perso- nagem. Os seres humanos, assim como os LPs, têm lados A e B, e houve um esforço máximo para que ambos fossem mostrados. Para compor essa história, as informações foram 15 buscadas em primeira mão, entre os protagonistas, coadjuvantes ou figurantes de cada evento aqui descrito, citados na lista de agradecimentos. Toda informação importante foi checada e rechecada com mais de uma fonte. A natureza de certas informações torna 20 impossível que sejam especificadas como "entrevista realizada no dia X, na cidade Y, com Fulano de Tal", porque isto seria a quebra de um preceito ético de proteção à fonte. No caso de fontes que não se furtaram a ser identificadas, estas são mencionadas no corpo do 25 texto. As histórias aqui incluídas levaram em conta apenas a importância que tiveram no desenvolvimento ou na carreira deste ou daquele artista ou da Bossa Nova em conjunto.
(Ruy Castro, "Introdução e agradecimentos". Chega de saudade: a história e as histórias da Bossa Nova. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 15)
O autor do texto:
a)
define o foco da pesquisa que deu origem ao livro: a reação de pessoas entre quinze e trinta anos diante do desenvolvimento da Bossa Nova. |
b)
assume ter pretendido escrever uma história apaixonada sobre a Bossa Nova, o que o leva a pedir a indulgência do leitor quanto às inadequações decorrentes dessa intenção. |
c)
advoga para seu relato a condição de história, por cumprir o protocolo científico: absoluta fidelidade na descrição dos fatos, dados definitivos e cabal objetividade. |
d)
emprega simultaneamente história e histórias, o que libera a obra do compromisso com o constatável, como o ratifica o uso das palavras típicas da ficção personagem, protagonistas, coadjuvantes e figurantes. |
e)
explicita a perspectiva adotada na produção da obra referindo-se a si próprio predominantemente em terceira pessoa, sem deixar, entretanto, em dado momento, de assumir diretamente sua voz. |
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