Leia o texto.
Um homem que dorme mantém em círculo em torno
de si o fio das horas, a ordem dos anos e dos mundos.
Ao acordar consulta-os instintivamente e neles verifica
em um segundo o ponto da terra em que se acha, o tempo
que decorreu até despertar; essa ordenação, porém,
pode se confundir e romper. Se acaso pela madrugada,
após uma insônia, vem o sono surpreendê-lo durante a
leitura, em uma posição muito diversa daquela em que
dorme habitualmente, basta seu braço erguido para deter
e fazer recuar o sol, e, no primeiro minuto em que desperte,
já não saberá da hora, e ficará pensando que acabou
apenas de deitar-se.
(Marcel Proust. No caminho de Swann. Trad. Mario Quintana. 17 ed.
São Paulo: Globo, 1995, p. 11 [Em busca do tempo perdido, v. 1])
Em consonância com o restante do texto, no trecho – Um
homem que dorme mantém em círculo em torno de si o
fio das horas, a ordem dos anos e dos mundos. –, empregam-se
termos com sentido figurado, atingindo, entre
outros efeitos, o de
a) atribuir conotação negativa à representação do sono.
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b) conferir características espaciais à noção de tempo.
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c) descrever o sono como um ato meramente biológico.
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d) sugerir que o insone dificilmente perde a noção do tempo.
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e) enfatizar a estaticidade do corpo de alguém que está dormindo.
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