Texto 2
1 Para o Brasil o homem da África foi trazido
principalmente como mão de obra: a mão de obra
capaz de substituir o indígena, pois este não estava
afeito ao trabalho sedentário e de rotina da lavoura.
(...)
2 Foi particularmente o escravo que influiu na
organização econômica e social do Brasil,
constituindo a escravidão uma daquelas três forças
? as outras duas, a monocultura e o latifúndio ? que
caracterizam o processo de exploração da nova
terra portuguesa; e que fixaram igualmente a
paisagem social da vida de família ou coletiva no
Brasil. Esta distinção já a fazia Joaquim Nabuco,
em 1881, antecipando-se assim aos modernos
estudos de interpretação antropológica ou
sociológica sobre o negro: ?o mau elemento da
população não foi a raça negra, mas essa raça
reduzida ao cativeiro", escreveu ele em ?O
Abolicionismo".
3 Essa situação de escravo, portanto, marca
como traço fundamental e indispensável de ser
assinalada a presença do negro africano no Brasil;
a influência não foi do negro em si, mas do escravo
e da escravidão, já observou Gilberto Freyre.
Como escravo, e por causa da escravidão, o negro
africano teve sua vida perturbada; dela afastado
bruscamente, misturou-se com outros grupos
culturais. Esta circunstância contribuiu para que os
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valores culturais de que era portador fossem
prejudicados em sua completa autenticidade ao se
integrar no Brasil.
4 Não puderam os escravos negros manter
íntegra sua cultura, nem utilizar preferentemente
suas técnicas em relação ao novo meio. Não foi
possível aos negros revelarem e aplicarem todo o
seu conjunto cultural: ou porque, ao contato com
outros grupos negros, receberam ou perderam
certos elementos culturais, ou porque, como
escravos, tiveram sua cultura deturpada. Daí os
sincretismos e os processos transculturativos.
5 Talvez este fato tenha concorrido para fazer
com que no novo meio nem sempre fosse o negro
um conformado; um joão-bobo que aceitasse
pacificamente o que lhe era imposto. Foi, ao
contrário, e por vezes através de processos
bastante expressivos ? e o caso dos Palmares é
típico ?, um rebelado.
(JÚNIOR, M. Diégues. Etnias e culturas no Brasil. 4 ed.: Rio,
Paralelo, INL, 1972, p. 85-6.)
A argumentação desenvolvida no texto está orientada no sentido de conduzir o leitor a concluir que:
a) os negros não puderam, no novo meio, revelar e aplicar todo o seu conjunto cultural, menos ainda utilizar suas técnicas.
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b) o negro foi, por vezes, através de processos até bastante expressivos, como no caso dos Palmares, um rebelado.
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c) foram o escravo e a escravidão, não o negro em si, que influíram na organização social e econômica do Brasil.
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d) por ser escravo, e em decorrência da escravidão, o negro africano teve, no princípio, sua vida um tanto perturbada.
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e) o negro foi trazido para o Brasil como mão de obra para substituir o indígena, que não estava afeito à rotina da lavoura.
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