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Comentários / Ministério das Relações Exteriores - MRE - Oficial de Chancelaria - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2009 - Prova Objetiva


O Fio e os Rastros

 

1 O ataque cético à cientificidade das narrações históricas insistiu em seu caráter subjetivo, que

2 as assimilaria às narrações ficcionais. As narrações históricas 

3 não falariam da realidade, mas sim de quem as construiu. Inútil objetar que um elemento

4 construtivo está 

5 presente em certa medida até nas chamadas ciências 

6 “duras”: mesmo estas foram objeto de uma crítica aná-

7 loga  [...]. Falemos, então, de historiografia. Que ela 

8 [tem] um componente subjetivo [...]  é sabido; mas as 

9 conclusões radicais que os céticos tiraram desse dado 

10 concreto não levaram em conta uma mudança fundamental mencionada por Bloch nas suas

11 reflexões metodológicas póstumas. “Hoje [1942-3]..., até mesmo nos 

12 testemunhos mais resolutamente voluntários”, escrevia 

13 Bloch, “aquilo que o texto nos diz já não constitui o 

14 objeto preferido de nossa atenção.” As  Mémoires  de 

15 Saint-Simon ou as vidas dos santos da alta Idade Média 

16 nos interessam (continuava Bloch) não tanto por suas 

17 referências aos dados concretos, volta e meia inventados, mas pela luz que lançam sobre a

18 mentalidade de 

19 quem escreveu esses textos. “Na nossa inevitável 

20 subordinação ao passado, nós nos emancipamos, ao 

21 menos no sentido de que, embora permanecendo condenados a conhecê-lo exclusivamente

22 com base em 

23 seus rastros, conseguimos, todavia, saber bem mais a 

24 seu respeito do que ele resolvera nos dar a conhecer”. 

25 E concluía: “Olhando bem, trata-se de uma grande revanche da inteligência sobre o mero

26 dado concreto”. 

(GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, 

fictício (Introdução). São Paulo: Companhia das Letras, 

2007, p. 9)

 

Questão:

É correta paráfrase do primeiro período do texto "O ataque cético à cientificidade das narrações históricas insistiu em seu caráter subjetivo, que as assimilaria às narrações ficcionais." o que se lê em:

Resposta errada
a)

A credulidade abalada gerou ataques ao cientificismo característico da história, e, quando se insistiu em que deveria assumir o viés subjetivo, suas semelhanças com as narrativas ficcionais avultaram.

Resposta errada
b)

O ceticismo que nutre a ciência dá às narrativas, inclusive às de cunho histórico, um matiz subjetivo, o que foi apontado pelos críticos como um fator inerente a qualquer tipo de relato.

Resposta errada
c)

O que caracteriza o relato de fatos históricos é sua natureza científica; se esse traço fosse minimizado e abrisse espaço para a subjetividade "dizem certos críticos", esse tipo de relato estaria próximo das narrativas ficcionais.

Resposta correta
d)

A acusação dos que não acreditavam no caráter científico das narrações históricas enfatizava o seu caráter subjetivo, traço que as tornaria semelhantes às narrações ficcionais.

Resposta errada
e)

O que sempre se enfatizou como determinante de um texto é o seu cunho particular, fator de subjetividade que sempre irmanou os relatos, os científicos (como os históricos) e os ficcionais (inventados pelo autor), como reconhecem até os mais severos ataques.

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