1 Humes observou certa vez que a civilização
2 humana como um todo subsiste porque “uma geração
3 não abandona de vez o palco e outra triunfa, como
4 acontece com as larvas e as borboletas”. Em algumas
5 guinadas da história, porém, em alguns picos críticos,
6 pode caber a uma geração um destino parecido com o
7 das larvas e borboletas. Pois o declínio do velho e o
8 nascimento do novo não são necessariamente
9 ininterruptos; entre as gerações, entre os que, por uma
10 razão ou outra, ainda pertencem ao velho e os que
11 pressentem a catástrofe nos próprios ossos ou já
12 cresceram com ela [...] está rompida a continuidade e
13 surge um “espaço vazio”, espécie de terra de ninguém
14 histórica, que só pode ser descrita em termos de “não
15 mais e ainda não”. Na Europa, essa absoluta quebra de
16 continuidade ocorreu durante e após a Primeira Guerra
17 Mundial. É essa ruptura que dá um fundo de verdade a
18 todo o falatório dos intelectuais, geralmente na boca dos
19 “reacionários”, sobre o declínio necessário da civilização
20 ocidental ou a famosa geração perdida, tornando-se,
21 portanto, muito mais atraente do que a banalidade do
22 pensamento “liberal”, que nos apresenta a alternativa de
23 avançar ou recuar, a qual parece tão desprovida de
24 sentido justamente porque ainda pressupõe uma linha
25 de continuidade sem interrupções.
(ARENDT, Hannah. “Não mais e ainda não”. In Compreender: formação, exílio e totalitarismo. Ensaios (1930-
1954). São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2008, p. 187)
O segmento que, no contexto, exprime uma consequência é:
a)
(linhas 12 e 13) e surge um "espaço vazio". |
b)
(linhas 24 e 25) ainda pressupõe uma linha de continuidade sem interrupções. |
c)
(linhas 23 e 24) a qual parece tão desprovida de sentido. |
d)
(linhas 15 e 16) essa absoluta quebra de continuidade ocorreu. |
e)
(linhas 14 e 15) só pode ser descrita em termos de "não mais e ainda não". |
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