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Comentários / Prefeitura de Orleans - SC (Prefeitura Municipal de Orleans) - Técnico em Enfermagem - Unibave (Centro Universitário Barriga Verde) - 2017


Texto II

Leia o texto a seguir e responda às

questões de 1 a 10:

A ética coletiva e o jeitinho brasileiro

Ricardo Semler, homem de negócios bem

sucedido, em seu best-seller 'Virando a Própria

Mesa', alega que "é impossível ser industrial

neste país sem ser corrupto", tantos e tamanhos

são os esquemas que envolvem essa atividade

que não resta alternativa senão fazer parte deles

ou perecer.

De certa forma, embora a exorbitante

carga tributária a que estão submetidas as

empresas brasileiras não deixe dúvidas do

quanto a afirmativa se aproxima da realidade, é

fato também que todo o restante da sociedade se

utiliza dessa mesma lógica para justificar suas

ações despidas de qualquer sentido de ética. E

isso se generalizou de tal forma que não

podemos mais falar sequer de ações pontuais,

mas de uma cultura que se instalou e passou a

fazer parte do cotidiano das pessoas que sequer

conseguem fazer a distinção entre certo e errado,

entre ético e não ético no convívio social.

A corrupção é mera consequência desse

padrão moral no qual somos iniciados desde a

mais tenra idade. A desonestidade, o engano e a

falta de caráter é algo intrínseco e altamente

difundido na maioria das atividades que se

desenvolvem neste país. Daí porque me

posiciono como um ferrenho combatente do tal

"jeitinho brasileiro".

Se fizermos uma pesquisa nas ruas, será

bem provável que muitos digam ser da mesma

opinião, mas na prática do dia-a-dia as mesmas

pessoas que fazem tal afirmativa cometem atos

que vão desde conseguir um lugar na frente de

uma fila ou calar-se ao receber um benefício

indevido da previdência, até se manter na folha

de pagamento de empresa pública na qual nunca

desenvolveu qualquer atividade. E todos se

acham plenamente justificados na crença de que

"estou pegando de volta um pouco do muito que

o governo me tira!". Não resta dúvida de que

esse tipo de pensamento aplaca muitas

consciências a partir do momento em que

reconhecemos que o governo fica longe de

cumprir a sua parte.

Só que isso não se pode constituir em

fator decisivo para a perda generalizada de

referenciais e de renúncia absoluta ao sentido de

valores pelas pessoas. Vou mais longe quando

se trata de avaliar essa prática quando utilizada

com conotação de malandragem.

Se ainda existe a vontade de enganar, a

real intenção de ser malandro, ainda há

esperança de que o processo seja revertido, pois

a pessoa sabe que está cometendo um ilícito,

tem o conhecimento de que está utilizando um

recurso desleal ou desonesto. O mais grave ? e

é o que já está amplamente difundido na cultura

deste país ? é quando os indivíduos perdem a

noção de que tais atitudes se constituem em

ações desonestas.

Eu tenho muito mais medo dos indivíduos

aéticos do que dos antiéticos, porque estes

últimos têm consciência plena de que estão

cometendo um ato ilícito, e isso faz o divisor de

águas. Quando se perde a noção entre o lícito e

o ilícito, como acontece no Brasil, e a população

acha muito comum cometer o pequeno "delito

nosso de cada dia", aí sim, tem-se o maior

indicador de que a moral pública sofreu uma

derrocada significativa, e não se sabe mais se

isso poderá ser revertido um dia.

O contexto está degenerado de tal forma,

com seu esquema de valores tão deturpado, que

tudo passa a ser válido, desde que o final seja

considerado "uma boa causa".

Li certa vez um artigo que classifica

a corrupção em vários níveis e mostra que ela já

começa dentro de casa, quando se usa até a

carteira de estudante de um irmão para pagar

"meia" no cinema. E o comportamento tolerante,

a complacência usual das pessoas com a

corrupção do cotidiano é que se configura

inaceitável.

O país do "jeitinho" é a mais verdadeira

das nossas realidades! Afinal, o negócio é levar

vantagem em tudo, certo? Enquanto não nos

cobrarmos, cada um de si mesmo, ? até que isto

se torne uma prática comum ? uma postura ética

de tolerância zero, nada vai mudar.

Fonte: BOLDSTEIN, Luiz Roberto. Disponível em:www.diferencialbr.com.br>.

Questão:

No trecho: “E isso se generalizou de tal forma que não podemos mais falar sequer de ações pontuais, mas de uma cultura que se instalou e passou a fazer parte do cotidiano das pessoas que sequer conseguem fazer a distinção entre certo e errado, entre ético e não ético no convívio social.”, a cultura da qual o autor trata refere-se ao:

Resposta correta
a) “Jeitinho brasileiro”/corrupção.
Resposta errada
b) “Jeitinho brasileiro”/ser correto.
Resposta errada
c) Ser correto.
Resposta errada
d) Ser ético.
Resposta errada
e) Não saber o que fazer.

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