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Comentários / UFF - Universidade Federal Fluminense - Técnico em Contabilidade - UFF - Universidade Federal Fluminense - 2009 - Prova Objetiva


O Brasil Precisa Incluir Suas Mulheres

1 A participação política feminina encontra-se
  estagnada no Brasil, raramente ultrapassando 10%
  das cadeiras disponíveis no Congresso Nacional.
  Além disso, os postos de direção das Casas quase
  nunca são exercidos por deputadas e senadoras:
  do total de vinte comissões permanentes existentes
  na Câmara dos Deputados e onze no Senado
  Federal, apenas quatro são presididas por mulheres
  (12% do total).
2 Outros dados negativos ligados à
  participação feminina são a inexistência de
  mulheres líderes de bancadas partidárias na
  legislatura atual e de presidentas ao longo de toda a
  história das duas principais casas legislativas. As
  mulheres também têm atuação limitada à discussão
  de projetos ligados ao movimento feminista e, para
  conseguirem atenção, são obrigadas a
  "masculinizar" suas imagens, adotando discursos
  agressivos, típicos de quem precisa lutar muito para
  ocupar um espaço.
3 É claro que há exceções. Nos últimos anos,
  algumas políticas conseguiram destaque na cena
  nacional. O Pará, o Rio Grande do Sul e o Rio
  Grande do Norte são governados por mulheres. Na
  última eleição presidencial, a ex-senadora Heloísa
  Helena obteve a terceira colocação, com 6% dos
  votos válidos. No Senado, a catarinense Ideli
  Salvatti é a atual líder do governo. Pensando
  adiante, há grandes chances de termos uma
  candidata à Presidência da República, com
  possibilidades de vitória.
4 A ausência de mulheres torna o sistema
  político brasileiro míope. Simplesmente não
  conseguimos processar as demandas específicas
  da maior parte da população. Por exemplo. Há
  possibilidade de tomar-se alguma decisão sobre o
  direito ao aborto sem ouvir a principal interessada, a
  mulher?
5 A atrofia da representação feminina se deve
  à estrutura de preconceitos existente na sociedade
  brasileira. Há poucas mulheres na política pela
  mesma razão que explica os salários mais baixos
  do que os recebidos pelos homens para o exercício
  das mesmas funções, os altos índices de violência
  doméstica, sexual, etc. Portanto, a presença
  feminina deve aumentar na medida em que os
  brasileiros mudarem a forma como tratam suas
  mulheres.
6 Entretanto, uma mudança cultural pode ser
  lenta demais, e as mulheres não podem esperar
  tanto. É possível utilizar a política para acelerar a
  aquisição de direitos e o fim do deficit de
  reconhecimento que as atinge. Uma sugestão
  válida é aprovar políticas afirmativas para promover
  novas parlamentares às casas legislativas. Ao invés
  de termos cotas de candidatas, por que não
  criarmos cotas de cadeiras no Parlamento? O
  Congresso Nacional pode aprovar uma lei
  reservando no mínimo 30, 40 ou 50% das vagas
  para serem ocupadas obrigatoriamente por
  mulheres.
7 O principal argumento contra a adoção de
  cotas para mulheres no Parlamento afirma que
  elegeríamos vereadoras, deputadas e senadoras
  despreparadas para a função, dado que só
  chegariam lá por conta da nova lei. No entanto, o
  aporte de novas protagonistas permitiria o
  "peneiramento" de novas líderes. Aquelas que não
  estivessem à altura da missão seriam excluídas na
  próxima eleição. É a democracia em ação!
8 Os benefícios de uma política dessa
  natureza seriam enormes. A começar pelo seu
  efeito educativo. Ao assistir mulheres tomando
  decisões, participando de debates e dando
  entrevistas para os principais jornais, milhões de
  meninas entenderiam que o mundo da política
  também pertence a elas. Daí resultaria um enorme
  ciclo virtuoso, com o aumento da
  representatividade, da competição e da qualidade
  no Brasil.
9 Nosso país se tornará grande apenas
  quando conseguir delimitar e enfrentar seus
  problemas. Isso inclui corrigir injustiças e ter
  coragem para inovar, para mudar. Esta é uma ótima
  oportunidade para mostrar ao mundo o novo Brasil
  que todos desejamos ver nascer, respeitoso e justo,
  independente do sexo. E, tratando-se de
  nascimento, ninguém melhor do que as mulheres
  para nos ensinar como é que se faz.

(BARRETO, Leonardo. Jornal do Brasil, 17/03/09, p. A6.
Com adaptações.)

Questão:

Considerando-se as relações de sentido existentes entre os parágrafos do texto, pode-se afirmar que está INCORRETA a afirmação contida em:

Resposta errada
a)

no 2.º parágrafo, acrescentam-se dados que ratificam ponto de vista apresentado e desenvolvido no 1.º parágrafo;

Resposta errada
b)

no 3.º parágrafo, apresentam-se informações que contrariam, por exceção, ponto de vista desenvolvido nos parágrafos anteriores;

Resposta errada
c)

no 5.º parágrafo, é desenvolvido argumento que comprova a tese apresentada no 4.º parágrafo;

Resposta correta
d)

no 6.º parágrafo, ocorre uma contradição argumentativa, pela incoerência de se iniciar o parágrafo com o conector “entretanto”;

Resposta errada
e)

no 7.º parágrafo, tem-se um argumento contrário ao ponto de vista apresentado no 6º parágrafo, contraditado por outro que confirma o ponto de vista dominante no texto.

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