1 Observando-se o Brasil de hoje, o que salta à vista é um organismo em franca e ativa transformação e que
não se sedimentou ainda em linhas definidas; que não tomou forma. É verdade que em alguns setores aquela
transformação já é profunda e é diante de elementos própria e positivamente novos que nos encontramos. Mas isto,
4 apesar de tudo, é excepcional. Na maior parte dos exemplos, e no conjunto, em todo caso, atrás daquelas
transformações que às vezes podem iludir, sente-se a presença de uma realidade já muito antiga que até nos admira
de achar aí e que não é senão aquele passado colonial. (...) Se vamos à essência de nossa formação, veremos que
7 na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes;
depois algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo, objetivo
exterior, voltado para fora do país e sem atenção às considerações que não fossem o interesse daquele comércio,
10 que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras. (...) Este início se gravará profunda e totalmente nas
feições e na vida do país. (...) Para o economista, reconhecer o terreno nessa complexidade tremenda, destacar e
isolar formas, classificá-las convenientemente, descobrir suas relações e entrosá-las num sistema geral em que se
13 configurem os problemas reais da economia brasileira, fazer ciência em suma, tudo isso se torna extremamente
difícil, e mesmo impraticável sem uma perspectiva de conjunto e que não é outra senão a história.
Caio Prado Júnior. Caio Prado Júnior: história. São Paulo: Ática, 1982, p. 78, 94, 95 e 182 (com adaptações).
Julgue o(s) item(ns) a seguir, acerca das idéias e estruturas linguísticas do texto do historiador, economista e filósofo Caio Prado Júnior apresentado acima.
Segundo o autor, uma análise científica do Brasil atual, que não perca de vista a realidade brasileira, deve eliminar voluntariamente as complicações que desfiguram a formação do país e separar, classificar e isolar cada um dos elementos formadores da nacionalidade, para, assim, chegar a uma concepção histórica e linear do modo de ser brasileiro.
Certa. |
Errada. |
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