O Brasil é hoje um dos líderes mundiais do comércio agrícola, ocupando a primeira posição nos embarques de açú- car e de carne bovina e a segunda, nas vendas de soja e de carnes de aves. Já era o maior exportador mundial de café, mas até há uns 20 anos a maior parte de sua produção agropecuária era menos competitiva que a das principais potências produtoras. Esse quadro mudou, graças a um persistente esforço de modernização do setor. Um levantamento da Organização Mundial do Comércio (OMC) conta uma parte dessa história, mostrando o aumento da presença brasileira nas exportações globais ente 1999 e 2007. Uma história mais completa incluiria também um detalhe ignorado pelos brasileiros mais jovens: o suprimento do mercado interno tornou-se muito melhor quando o país se transformou numa potência exportadora e as crises de abastecimento deixaram de ocorrer. Essa coincidência não ocorreu por acaso.
A prosperidade mundial e o ingresso de centenas de milhões de pessoas no mercado de consumo, em grandes economias emergentes, favoreceram a expansão do comércio de produtos agropecuários nas duas últimas décadas. Mas, apesar das condições favoráveis criadas pela demanda em rá- pida expansão, houve uma dura concorrência entre os grandes produtores. A competição foi distorcida pelos subsídios e pelos mecanismos de proteção adotados no mundo rico e, em menor proporção, em algumas economias emergentes.
A transformação do Brasil num dos líderes mundiais de exportação agropecuária foi possibilitada por uma combinação de ações políticas e empresariais. Um dos fatores mais importantes foi o trabalho das instituições de pesquisa, amplamente reforçado a partir da criação da Embrapa, nos anos 70. A ocupação do cerrado por agricultores provenientes de outras áreas – principalmente do Sul – intensificou-se nessa mesma época. Nos anos 80, rotulados por economistas como "década perdida", a agropecuária exibiu dinamismo e modernizou-se, gra- ças ao investimento em novas tecnologias e à adoção de melhores práticas de produção. O avanço tecnológico foi particularmente notável, nessa época, na criação de gado de corte e na produção de aves. Isso explica, em boa parte, o sucesso comercial dos dois setores nos anos seguintes. Com o abandono do controle de preços, a transformação da agropecuária acelerou-se nos anos 90 e o Brasil pôde firmar sua posição como grande exportador.
A magnitude da transformação fica evidente quando se observam os ganhos de produtividade. As colheitas cresceram muito mais do que a área ocupada pelas lavouras. Aumentou a produção de carne bovina, indicando uma pecuária muito mais eficiente. No setor de aves, o volume produzido expandiu-se consideravelmente. Isso permitiu não só um grande avanço no mercado externo, mas também um enorme aumento do consumo por habitante no mercado interno. Proteínas animais tornaram-se muito baratas, refletindo-se nas condições de vida de milhões de brasileiros.
(O Estado de S. Paulo, Notas & Informações, A3, 29 de novembro de 2009, com adaptações)
A ocupação do cerrado por agricultores provenientes de outras áreas ... (3.º parágrafo)
O mesmo tipo de regência assinalado acima SÓ NÃO se configura no segmento grifado em:
a)
graças ao investimento em novas tecnologias. |
b)
nas condições de vida de milhões de brasileiros. |
c)
o ingresso de centenas de milhões de pessoas. |
d)
a expansão do comércio. |
e)
por uma combinação de ações políticas e empresariais. |
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