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Comentários / UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina - Advogado - FEPESE - 2010 - Prova Objetiva


A Plenos Pulmões

Antes de cair em desuso, ser varrido para a pilha dos hábitos ideologicamente caretas ou não encontrar eco no vale-tudo em que se transformou o ambiente escolar nacional, hino e bandeira formavam uma dupla invencível. Para quem era estudante nas priscas eras em que colégios desfilavam na parada do 7 de setembro, como não lembrar da ansiedade de véspera? Adormecia-se com o uniforme mil vezes repassado e tinindo no cabide. No dia da parada, desfilar cantando a plenos pulmões e ardor juvenil era uma gostosura. A um passo do heroico.

Pena que, por causa do excesso de rebusques nos vocábulos e tortuosas construções gramaticais, a letra do nosso grande canto nacional não facilite o arroubo patriótico. Embora o autor dos versos, o poeta Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927), tenha feito onze alterações mesmo depois de considerar a obra pronta, em 1909, o hino não se tornou menos barroco. Daí o entusiasmo, para não dizer alívio, quando em estádios, ginásios, passeatas e demais eventos nos quais ele faz sua aparição chega o momento do refrão: Terra adorada/Entre outras mil/És tu, Brasil/Ó pátria amada. Ufa.

Ainda assim, toda segunda-feira, no colégio municipal Camilo Castelo Branco, no Rio de Janeiro, no inglório horário de sete e dez da manhã, parte dos 606 alunos de 10 a 14 anos forma fila para assistir ao hasteamento do nosso lábaro. E então, nas adjacências do colégio, se houve o hino ecoar.

Contudo, mesmo o diretor da escola acha o hino longo demais. A coordenadora pedagógica faz um diagnóstico mais clínico. “Tirando o Kaká, nem os jogadores de futebol sabem a letra toda. Muito menos o que ela quer dizer. Aqui no colégio trabalhamos o texto nas aulas de português e no Centro de Estudos do Aluno, pois ninguém sabe onde fica o Ipiranga nem o que significa plácidas.” Que dirá fúlgidas, garrida e lábaro, usado sem piedade no parágrafo anterior.

Muitas nações como, por exemplo, a Alemanha e a Rússia, por diversas razões históricas, viram seus hinos tornarem-se incomodamente obsoletos e diferentes versões destes hinos tiveram que ser compostas para que se tornassem politicamente corretos. A Espanha mantém um hino sem letra desde a morte do ditador Francisco Franco, 34 anos atrás. Diante de tantos acidentes patrióticos mundo afora, o nosso impávido colosso que ergue da justiça a clava forte merece ser louvado. E cantado a plenos pulmões, mesmo que não se saiba o que significa clava.

Texto adaptado de: A PLENOS PULMÕES. Piauí_34: p. 7, ano 3, jul. 2009.

Questão:

Identifique as afirmativas abaixo como verdadeiras ( V ) ou falsas ( F ), de acordo com o texto.

( ) Desde que Joaquim Osório Duque Estrada considerou pronta sua obra, canta-se regularmente o Hino Nacional nas escolas brasileiras.

( ) Quando o texto afirma que o ambiente escolar nacional transformou-se num "vale-tudo", entende-se que são bem aceitos hábitos patrióticos como a homenagem diária ao hino e à bandeira.

( ) Quem costuma cantar o hino em eventos esportivos ou políticos sente-se mais confiante no momento do refrão, que é um trecho menos rebuscado.

( ) Ao contrário de outras canções patrióticas e apesar de seu vocabulário erudito e de suas construções gramaticais herméticas, o Hino Nacional do Brasil mantém-se inalterado desde sua criação, em 1909.

Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.

Resposta errada
a)

V - F - V - V

Resposta errada
b)

V - F - F - F

Resposta errada
c)

F - V - V - F

Resposta errada
d)

F - V - F - V

Resposta correta
e)

F - F - V - F

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