01 A corte chegou ao Brasil empobrecida, destituída e 02 necessitada de tudo. Já estava falida quando deixara 03 Lisboa, mas a situação se agravou ainda mais no Rio 04 de Janeiro. Deve-se lembrar que entre 10.000 e 15.000 05 portugueses atravessaram o Atlântico junto com D. 06 João. Para se ter uma ideia do que isso significava, 07 basta se levar em conta que, ao mudar a sede 08 do governo dos Estados Unidos da Filadélfia para a 09 recém-construída Washington, em 1800, o presidente 10 John Adams transferiu para a nova capital cerca de 11 1.000 funcionários. Ou seja, a corte portuguesa no 12 Brasil era entre 10 e 15 vezes mais gorda do que a 13 máquina burocrática americana nessa época. E todos 14 dependiam do erário real ou esperavam do príncipe 15 regente algum benefício em troca do “sacrifício” da 16 viagem. “Um enxame de aventureiros, necessitados 17 e sem princípios, acompanhou a família real”, notou o 18 historiador John Armitage. “Os novos hóspedes pouco se 19 interessavam pela propriedade do Brasil. Consideravam 20 temporária a sua ausência de Portugal e propunham-se 21 mais a enriquecer-se à custa do Estado do que a 22 administrar a justiça ou a beneficiar o público”. 23 Onde achar dinheiro para socorrer tanta gente? A 24 primeira solução foi obter um empréstimo da Inglaterra, 25 no valor de 600.000 libras esterlinas. Esse dinheiro, usado 26 em 1809 para cobrir as despesas da viagem e os 27 primeiros gastos da corte no Rio de Janeiro, seria um 28 pedaço da dívida de 2 milhões de libras esterlinas que 29 o Brasil herdaria de Portugal depois da independência. 30 Outra providência, igualmente insustentável no longo 31 prazo, foi criar um banco estatal para emitir a moeda. 32 A breve e triste história do primeiro Banco do Brasil, 33 criado pelo príncipe regente sete meses depois de 34 chegar ao Rio de Janeiro, é um exemplo do compadrio 35 que se estabeleceu entre a monarquia e uma casta de 36 privilegiados negociantes, fazendeiros e traficantes de 37 escravos a partir de 1808.
Adaptado de: “O ataque ao cofre”, capítulo do livro “1808 – Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte
corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”, de Laurentino Gomes.
Considere as seguintes afirmações sobre pontuação.
I - Poderíamos inserir vírgulas depois de que (l. 04) e portugueses (l. 05), sem incorrer em erro de pontuação.
II - Poderíamos retirar as vírgulas depois de que (l. 07) e de 1800 (l. 09), sem incorrer em erro de pontuação.
III - Poderíamos substituir o ponto final depois de época (l. 13) por uma vírgula (e alterar o E maiúsculo (l. 13) por um e minúsculo), sem incorrer em erro de pontuação.
Quais estão corretas?
a)
Apenas I. |
b)
Apenas II. |
c)
Apenas III. |
d)
Apenas I e II. |
e)
Apenas II e III. |
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