Dificilmente alguém discordaria de que a sociedade da informação é o principal traço característico do debate público sobre desenvolvimento, seja em nível local ou global, neste alvorecer do século 5 XXI. Das propostas políticas oriundas dos países industrializados e das discussões acadêmicas, a expressão “sociedade de informação” transformou-se rapidamente em jargão nos meios de comunicação, alcançando, de forma conceitualmente imprecisa, o 10 universo vocabular do cidadão. A expressão “sociedade da informação” passou a ser utilizada como substituta para o conceito complexo de “sociedade pós-industrial”, como forma de transmitir o conteúdo específico do “novo paradigma 15 técnico-econômico”. A realidade que os conceitos das ciências sociais procuram expressar refere-se às transformações técnicas, organizacionais e administrativas que têm como “fator-chave” não mais os insumos baratos de energia — como na sociedade 20 industrial — mas os insumos baratos de informação propiciados pelos avanços tecnológicos na microeletrônica e nas telecomunicações. Nesta sociedade pós-industrial, ou “informacional”, as transformações em direção à sociedade 25 da informação, em estágio avançado nos países industrializados, constituem uma tendência dominante mesmo para economias menos industrializadas e definem um novo paradigma, o da tecnologia da informação, que expressa a essência da presente 30 transformação tecnológica em suas relações com a economia e a sociedade. Esse novo paradigma tem as seguintes características fundamentais: a informação é sua matéria-prima (no passado, o objetivo dominante era utilizar informação para agir sobre as 35 tecnologias); os efeitos das novas tecnologias têm alta penetrabilidade (a informação é parte integrante de toda atividade humana, individual ou coletiva e, portanto, todas essas atividades tendem a ser afetadas diretamente pela nova tecnologia); a tecnologia 40 favorece processos reversíveis devido a sua flexibilidade; trajetórias de desenvolvimento tecnológico em diversas áreas do saber tornam-se interligadas e transformam-se as categorias segundo as quais pensamos todos os processos (microeletrônica, telecomunicações, 45 optoeletrônica, por exemplo). O foco sobre a tecnologia pode alimentar a visão ingênua de determinismo tecnológico segundo o qual as transformações em direção à sociedade da informação resultam da tecnologia, seguem uma lógica 50 técnica e, portanto, neutra e estão fora da interferência de fatores sociais e políticos. Nada mais equivocado: processos sociais e transformação tecnológica resultam de uma interação complexa em que fatores sociais preexistentes como a criatividade, o espírito 55 empreendedor, as condições da pesquisa científica afetam o avanço tecnológico e suas aplicações sociais. No campo educacional dos países em desenvolvimento, decisões sobre investimentos para a incorporação 60 da informática e da telemática implicam também riscos e desafios. Será essencial identificar o papel que essas novas tecnologias podem desempenhar no processo de desenvolvimento educacional e, isso posto, resolver como utilizá-las de forma a facilitar 65 uma efetiva aceleração do processo em direção à educação para todos, ao longo da vida, com qualidade e garantia de diversidade. As novas tecnologias de informação e comunicação tornam-se, hoje, parte de um vasto instrumental historicamente mobilizado 70 para a educação e a aprendizagem. Cabe a cada sociedade decidir que composição do conjunto de tecnologias educacionais mobilizar para atingir suas metas de desenvolvimento. A Unesco tem atuado de forma sistemática no 75 sentido de apoiar as iniciativas dos Estados Membros na definição de políticas de integração das novas tecnologias aos seus objetivos de desenvolvimento. No Programa Informação para Todos, as ações desse organismo internacional estão concentradas em 80 duas áreas principais: conteúdo para a sociedade da informação e “infoestrutura” para esta sociedade em evolução, por meio da cooperação para treinamento, apoio ao estabelecimento de políticas de informação e promoção de conexões em rede. 85 No espírito da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que constitui a base dos direitos à informação na sociedade da informação, e levando em consideração os valores e a visão delineados anteriormente, o novo Programa Informação para Todos 90 deverá prover uma plataforma para a discussão global sobre acesso à informação, participação de todos na sociedade da informação global e as consequências éticas, legais e societárias do uso das tecnologias de informação e comunicação. Deverá prover 95 também a estrutura para colaboração internacional e parcerias nessas áreas e apoiar o desenvolvimento de ferramentas comuns, métodos e estratégias para a construção de uma sociedade de informação global e justa.
WERTHEIN, J. Ciência da Informação. Brasília, v. 29, n. 2, p. 71- 77, maio/ago. 2000. Disponível em:
< http://revista.ibict.br/ciinf/index. php/ciinf/article/view/254>. Acesso em: 10 maio 2015. Adaptado.
As palavras são empregadas no sentido denotativo, literal, em estado de dicionário ou no sentido conotativo, figurado.
A palavra do texto, destacada, está empregada no sentido figurado em:
a)
"o principal traço característico do debate público sobre desenvolvimento global, seja em nível local ou global, neste alvorecer do século XXI." (l. 2-5) |
b)
"alcançando, de forma conceitualmente imprecisa, o universo vocabular do cidadão." (l. 9-10) |
c)
"em estágio avançado nos países industrializados, constituem uma tendência dominante mesmo para economias menos industrializadas" (l. 25-27) |
d)
"Esse novo paradigma tem as seguintes características fundamentais: a informação é sua matéria-prima" (l. 31-33) |
e)
"processos sociais e transformação tecnológica resultam de uma interação complexa" (l. 51-53) |
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