A população mundial torna-se urbana, os camponeses tornam-se cidadãos. Na América latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo, e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em todas as partes, mas por experiência própria sabem que atende nos grandes centros urbanos. As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os esperadores olham a vida passar e morrem bocejando; nas cidades, a vida acontece e chama. Amontoados em cortiços, a primeira coisa que os recém chegados descobrem é que o trabalho falta e os braços sobram, que nada é de graça e que os artigos de luxo mais caros são o ar e o silêncio.
(Eduardo Galeano, O império do consumo).
No final do texto o autor diz que "os braços sobram". O termo, portanto, expressa :
a)
um caráter metonímico, o qual sintetiza a ideia de que são trabalhadores e não, especificamente, braços. |
b)
a ideia de comparação, ou seja, não são os trabalhadores, mas os braços. |
c)
um paradoxo, já que o termo “braços” não pode substituir o sentido de trabalhadores. |
d)
a ausência de termo adequado para substituir a palavra “trabalhadores”. Traduz, inclusive, uma forma de catacrese. |
e)
o exagero que dá sentido à noção de massa de desempregados. |
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