1 Idioma ajuda a criar marcas de identidade A língua é patrimônio de uma coletividade, seja ela a 4 língua oficial de um Estado constituído, seja ela a língua materna de uma comunidade minoritária de imigrantes em um país estrangeiro, seja ela a língua nativa conservada por um 7 grupo em uma região que fala maioritariamente uma língua imposta por um povo dominador, e assim por diante. De qualquer modo, a língua constitui marca identitária da comunidade que a 10 usa, e, em princípio, os parâmetros que a identificam permitem identificar indivíduos como pertencentes à comunidade. Entretanto nenhuma língua compõe um bloco de 13 formas e construções cristalizadas usadas sempre do mesmo modo por todos os falantes, isto é, nenhuma língua é cristalizada sem variações, imutável. Aliás, imaginar uma língua 16 que assim fosse é imaginar algo completamente inservível, e mais que isso, impossível. Uma língua cumpre suas funções em uma comunidade 19 exatamente porque: ela é moldável, para satisfação dos propósitos da fala; ela é variável, para oferta às escolhas dos falantes; ela é dinâmica, para servir às necessidades de expressão nas 22 diferentes situações, nos diferentes lugares, nos diferentes momentos. Só assim ela revela as identidades individuais que se constroem no espaço simbólico que ela própria identifica e 25 marca, no conjunto. É justamente por uma movimentação contínua que fica garantido à língua manter-se sempre com equilíbrio interno, 28 sempre amarrada em um sistema, sempre disponível para qualquer interação de seus usuários, por mais "rústicos", "incultos", "pouco escolarizados" que sejam, e sempre eficiente 31 como língua da comunidade. Significa isso que se esteja negando a existência de padrões? Não, pelo contrário. Nessa variabilidade e nesse 34 dinamismo naturalmente se formam "padrões" de uso, que, por sua vez, identificam grupos, e, numa apuração mais fina, 36 identificam os próprios indivíduos.
NEVES, Maria Helena de Moura. Idioma ajuda a criar marcas de identidade. Revista
Língua Portuguesa, n.º 59, ano 5, p. 45, setembro de 2010 (com adaptações).
Assinale a alternativa correta.
a)
Serão preservadas as relações argumentativas do texto, bem como sua correção gramatical, caso se inicie o segundo parágrafo por Não obstante, em lugar de “Entretanto” (linha 12). |
b)
Mantém-se o paralelismo sintático ao substituir o vocábulo “seja”, em sua segunda ocorrência no texto, pela conjunção ou. |
c)
No trecho “os parâmetros que a identificam” (linha 10), o pronome relativo “que” remete a “parâmetros” e, por isso, admite a substituição pelo pronome os quais; entretanto, nesse contexto, essa substituição provocaria ambiguidade. |
d)
No período “Uma língua cumpre suas funções em uma comunidade exatamente porque: ela é moldável,” (linhas 18 e 19), pode-se substituir o termo destacado, fazendo-se as devidas adaptações, por conquanto ou uma vez que, pois pertencem ao mesmo campo semântico. |
e)
A expressão “em princípio” (linha 10) equivale a a princípio, pois ambas apresentam o mesmo significado: inicialmente, primeiramente. |
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