De que forma o conhecimento da cultura renascentista pode auxiliar no entendimento do presente?
A história da cultura renascentista ilustra com clareza o processo de construção cultural do homem moderno e da sociedade contemporânea.Nela se manifestam, já muito dinâmicos e predominantes, os germes do individualismo, do racionalismo e da ambição ilimitada, típicos de comportamentos mais imperativos e representativos do nosso tempo. Ela consagra a vitória da razão abstrata, que é a instância suprema de toda a cultura moderna, versada no rigor das matemáticas que passarão a reger os sistemas de controle do tempo e do espaço. Será essa mesma razão abstrata que estará presente na própria constituição da chamada identidade nacional. Ela é a nova versão do poder dominante e será consubstanciada no Estado Moderno, entidade controladora e disciplinadora por excelência, que impõe à sociedade um padrão único, monolítico e intransigente. Isso, contraditoriamente, fará brotar um anseio de liberdade e autonomia do espírito, certamente o mais belo legado do Renascimento à atualidade.
Como explicar a pujança do Renascimento, surgido em continuidade à miséria, à opressão e ao obscurantismo do período medieval?
O Renascimento assinala o florescimento de um longo processo de produção, circulação e acumulação de recursos econômicos, desencadeado desde a Baixa Idade Média. São os excedentes dessa atividade crescente em progressão maciça que serão utilizados para financiar, manter e estimular uma ativação econômica. Surge assim a sociedade dos mercadores, organizada por princípios como a liberdade de iniciativas, a cobiça e a potencialidade do homem, compreendido como senhor da natureza, destinado a dominá-la e a submetê-la à sua vontade. O Renascimento, portanto, é a emanação da riqueza e seus maiores compromissos serão para com ela.
(Adaptado de: SEVCENKO, Nicolau. O renascimento. São Paulo: Atual; Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1982. p. 2 e 3)
Assinala-se no texto
a)
a primazia do poder controlador do Estado Moderno sobre o pensamento abstrato na Baixa Idade Média, contra a qual o homem renascentista se mobilizou. |
b)
a oposição entre o caráter disciplinador do Estado Moderno e o anseio de liberdade e autonomia do espírito. |
c)
a legitimação do individualismo, elemento fundador da cultura moderna, cuja consequência foi a constituição de uma identidade nacional. |
d)
um juízo de valor em relação à ambição ilimitada do homem renascentista, a qual dificultou o avanço das ciências exatas. |
e)
o egocentrismo e a cobiça do homem renascentista, cujos resíduos negativos podem ser percebidos nos dias atuais. |
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