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Comentários / Ministério da Justiça - Administrador - CESPE - UnB - 2013 - Prova Objetiva - Administrador


Geografias do dissenso: sobre conflitos, justiça ambiental e cartografia social no Brasil

		1 			Marilena Chaui, filósofa brasileira, afirma que, para
				a classe dominante brasileira (os “liberais”), democracia é o
				regime da lei e da ordem. Para a filósofa, no entanto, a
		4 		democracia é “o único regime político no qual os conflitos são
				considerados o princípio mesmo de seu funcionamento”:
				impedir a expressão dos conflitos sociais seria destruir a
		7 		democracia. O filósofo francês Jacques Rancière critica a ideia
				de democracia que tem estruturado nossa vida social — regida
				por uma ordem policial, segundo ele —, devido ao fato de ela
		10 		se distanciar do que seria sua razão de ser: a instituição da
				política. Estamos acomodados por acreditar que a política é
				isso que está aí: variadas formas de acordo social a partir das
		13 		disputas entre interesses, resolvidas por um conjunto de ações
				e normas institucionais. Essa ideia empobrecida do que seja a
				política está, para o autor, mais próxima da ideia de polícia, já
		16 		que diz respeito ao controle e à vigilância dos comportamentos
				humanos e à sua distribuição nas diferentes porções do
				território, cumprindo funções consideradas mais ou menos
		19 		adequadas à ordem vigente. Estamos geralmente tão
				hipnotizados pela “necessidade de um compromisso para se
				alcançar o bem comum” e pela opinião de que “as instituições
		22 		sociais já estão fazendo todo o possível para isso”, que não
				conseguimos perceber nossa contribuição na legitimação dessa
				política policial que administra alguns corpos e torna invisíveis
		25 		outros.
					O conceito de política trabalhado pelo autor traz como
				princípio a igualdade. Uma igualdade que não está lá como
		28 		sonho a ser alcançado um dia, mas que é uma potencialidade
				que “só ganha realidade se é atualizada no aqui e agora”. E
				essa atualização se dá por ações que irão construir a
		31 		possibilidade de os “não contados” serem levados em conta,
				serem considerados nesse princípio básico e radical de
				igualdade. Para além dos movimentos sociais, existem os
		34 		ainda-sem-nome e ainda-sem-movimento. Diz o autor que a
				política é a reivindicação da parte daqueles que não têm parte;
				política se faz reivindicando “o que não é nosso” pelo sistema
		37 		de direitos dominantes, criando, assim, um campo de
				contestação. Em uma sociedade em que os que não têm parte
				são a maior parte, é preciso fazer política.
				
				Marco Antonio Sampaio Malagodi. Geografias do dissenso: sobre conflitos, justiça ambiental
				e cartografia social no Brasil. In: Espaço e economia: Revista Brasileira de Geografia
				Econômica. jan./2012. Internet:  <http://espacoeconomia.revues.org/136> (com adaptações).

Questão:

Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), acerca das estruturas linguísticas do texto.

No trecho “devido ao fato (...) da política” (l.9-11), mantendo-se as ideias e a correção do texto, a expressão nominal “a instituição da política” poderia ser transformada em oração, desde que o sinal de dois-pontos que a antecede fosse substituído por vírgula, da seguinte forma: por ela se distanciar do que seria sua razão de ser, que é a instituição da política.

Resposta correta
Certa.
Resposta errada
Errada.

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