Para responder à(s) questão(ões) seguinte(s), considere o texto abaixo.
Embora as maiores instituições humanas se alienem, ou enxovalhem, resta-nos sempre uma, tão nova nos lábios de Gladstone como nos de Péricles: a instituição divina da palavra, capaz só por só de reconquistar todas as outras, quando associada à misteriosa onipotência da verdade. Tiraram-lhe a majestade da tribuna, pela qual os parlamentos governam. Mas ficou-lhe a imprensa, que se impõe aos governos, domina os parlamentos, e instrui os povos. Considerada como órgão desta função, avulta incomparável, no mundo moderno, a sua grandeza. E é assim que a consideramos, que o seu prestígio nos fascina, que a sua beleza nos deslumbra, que a sua missão nos atrai, que as temeridades, os sacrifícios, os perigos da sua comunhão nos acenam, ainda hoje, com uma sedução diversa, mas às vezes não menos viva que a de vinte e sete anos atrás, quando o jornalismo arrebatou pela primeira vez no seu torvelinho a nossa mocidade.
Cada país, cada raça, cada estado social, cada época tem a sua imprensa, e, na mesma época, o Proteu reveste, para cada ambição, para cada parcialidade, para cada tendência, para cada apostolado, a sua forma, atenuada, ou típica, vivaz, ou decadente, confessa, ou dissimulada. As grandes nações coevas poderiam caracterizar-se cada qual pelo caráter do seu jornalismo. Mas através das variedades que o diversificam, das especialidades, que o enriquecem, das excentricidades que o desnaturam, a origem do seu valor, do seu poderio, da sua resistência indestrutível está na transparência luminosa da sua ação sobre a sociedade, na sua correspondência com os sofrimentos populares, na sua solidariedade com as reivindicações do direito, na irreconciliabilidade da sua existência com a da ignorância, a da mentira, a da torpeza.
Obs.: Proteu − um deus do mar, capaz de se metamorfosear em todas as formas que desejasse, fossem animais ou quaisquer outros elementos, como água ou fogo.
Ortografia atualizada segundo as normas vigentes.
(Rui Barbosa. Campanhas jornalísticas. 4. ed. São Paulo: Edigraf, 1972. p. 138-139)
Está correto o que se afirma em:
a)
Como meio de propagação de ideias, a imprensa livre recupera o prestígio da palavra falada, ainda que eventualmente se mostre parcial ao dissimular a verdade dos fatos, no interesse de manutenção da ordem social. |
b)
Do mundo antigo ao moderno, a palavra falada, ora substituída pela imprensa, bastou para que governantes se sobrepusessem aos interesses e aos desígnios das respectivas sociedades. |
c) Somente o respeito à verdadeira palavra, associado
intrinsecamente aos governantes, de modo geral,
garante-lhes tanto a soberania sobre seus governados,
quanto a ordem necessária ao convívio social.
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d) O jornalismo, herdeiro das tradições originárias do
hábito de ouvir os discursos de governantes de
todas as épocas, tem perdido prestígio, atualmente,
em razão de nem sempre manter-se imparcial em
relação aos fatos noticiados.
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e) A imprensa, tendo sucedido aos discursos e à
palavra falada, tem máxima importância atualmente
em sua atuação na sociedade, desde que se mantenha
nos estritos limites éticos da verdade.
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