Leia o fragmento do poema a seguir para responder a questão a seguir.
BANDIDO NEGRO
(...) E o senhor que na festa descanta Pare o braço que a taça alevanta, Coroada de flores azuis. E murmure, julgando-se em sonhos: "Que demônios são estes medonhos. Que lá passam famintos e nus? Cai, orvalho de sangue do escravo, Cai, orvalho, na face do algoz. Cresce, cresce, seara vermelha, Cresce, cresce, vingança feroz. Somos nós, meu senhor, mas não tremas, Nós quebramos as nossas algemas P'ra pedir-te as esposas ou mães. Este é o filho do ancião que mataste. Este- irmão da mulher que manchaste... Oh, não tremas, senhor, são teus cães. Cai, orvalho de sangue do escravo, Cai, orvalho, na face do algoz. Cresce, cresce, seara vermelha, Cresce, cresce, vingança feroz. São teus cães, que têm frio e têm fome, Que há dez séc'los a sede consome... Quero um vasto banquete feroz... Venha o manto que os ombros nos cubra. Para vós fez-se a púrpura rubra, Fez-se o manto de sangue p'ra nós.
(...) ALVES, Castro. Os escravos. São Paulo: Galex, s/d, p.50-51.
A poesia social de Castro Alves caracteriza-se por seu discurso antiescravagista. Nesse fragmento, é CORRETO afirmar.
a)
O eu-lírico, ao chamar os escravos de cães, ressalta a lealdade e a capacidade destes em defender e proteger o senhor. |
b)
O eu-lírico denuncia os séculos de violência, miséria e exploração pelos quais passaram gerações de escravos, cujos descendentes se rebelam com sede de justiça e de vingança. |
c)
O eu-lírico, ao mostrar o senhor em meio ao luxo e surpreso com a visão fantasmagórica de homens famintos e nus, expõe a vulnerabilidade de uma sociedade contrária à escravidão. |
d)
O eu-lírico coloca escravos e senhor em situação social de enfrentamento das leis escravagistas; essa situação é representada pela quebra das algemas feita pelos próprios escravos. |
e)
O eu-lírico assume um discurso de incentivo à violência, exaltando o ódio dos escravos contra seus senhores. |
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