“[...] Que não habitar uma casa possa significar uma experiência existencial é, no entanto, apenas a exceção que confirma a regra da contemporânea injustiça social a cuja base racional e afetiva tantos entregam as forças. [...]” (l. 34 a 37), “[...]o fracasso, como um dia afirmou J. L. Borges, pode ser o único modo de viver em um mundo marcado pela melancolia e pelo sem sentido em termos políticos, estéticos e metafísicos. O cenário social contemporâneo é o espaço e o tempo dessa possibilidade de fracasso que diz respeito à potencialidade mais profunda de nossos tempos.[...]” (l. 39 a 45) e “[...] Mesmo sob o status de morador de rua, o mendigo da nossa esquina é a prova do fracasso de todos os sistemas. [...]” (l. 80 a 81). (Fragmentos retirados do texto I).
Com base no texto IV e nos fragmentos retirados do texto I, os autores utilizam-se de recursos retóricos e persuasivos, os quais intensificam e justificam a perspectiva argumentativa dos dois textos. Dentre as alternativas seguintes, assinale a alternativa INCORRETA em relação aos textos.
a)
Nos dois textos, observa-se o enorme fracasso da sociedade contemporânea no tocante às potencialidades existenciais do ser humano em se constituir, sem destruir o outro. |
b)
O texto IV – um texto predominantemente não verbal – apresenta, como recurso retórico e persuasivo, a reificação do ser humano, tratado ao mesmo nível que o animal, ambos, homem e animal, abandonados à mesma sorte e à mesma situação de exclusão e invisibilidade diante da sociedade transeunte. |
c)
A situação de degradação humana é tão forte no texto IV, pela força da imagem, quanto o é nos fragmentos que foram retirados do texto I, o que acentua o forte argumento de perda do sentido político, estético e metafísico e do fracasso do ser humano da sociedade contemporânea. |
d)
A injustiça social é latente, sobretudo, porque não há contra-argumentos que possam ser apresentados para considerar justa a situação retratada na imagem do texto IV, nem tampouco justo o cenário de hipocrisia da sociedade contemporânea, que considera como “casa” a rua onde habitam as pessoas que não têm uma moradia, o que se pode ver nos fragmentos do texto I. |
e)
O status de "morador de rua", ironicamente, insere o morador de rua numa pretensa “democracia” inclusiva dos excluídos na ordem da propriedade privada – no caso a da casa – mas que, no entanto, representa a prova do fracasso de todos os sistemas. |
Copyright © Tecnolegis - 2010 - 2024 - Todos os direitos reservados.